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BC eleva projeção de crescimento do PIB para 1,7% em 2022

Diretor adianta dados do relatório trimestral de inflação, que será divulgado na próxima semana

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Brasília

O Banco Central revisou sua projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para este ano e espera agora uma alta de 1,7%. A última estimativa, divulgada em março, era de 1%.

O prognóstico foi divulgado nesta quinta-feira (23) em uma apresentação preliminar do relatório trimestral de inflação, que teve a divulgação adiada para o dia 30 devido à greve dos servidores do BC.

Segundo o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, o consumo das famílias foi o principal fator para a revisão para cima do PIB, seguido em menor grau pelo impacto de exportações.

Ele disse também que a revisão está sobretudo relacionada ao resultado positivo observado no primeiro trimestre do ano e dos dados preliminares do segundo trimestre do que a uma mudança prospectiva de crescimento.

Sede do Banco Central, em Brasília - Adriano Machado - 29.out.2019/Reuters

"Grande parte do aperto monetário ainda vai se fazer presente tanto na inflação quanto no crescimento, a gente espera uma desaceleração da atividade nos próximos trimestres", ponderou.

Quanto à inflação, conforme divulgado no comunicado da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), as estimativas do BC para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) são de 8,8% e 4% para 2022 e 2023, respectivamente.​

No acumulado de 12 meses até agosto, a autoridade monetária prevê que o IPCA fique em 11,31%. Nas projeções de curto prazo, considera altas de 0,81% em junho, de 0,84% em julho e de 0,33% em agosto. No trimestre, estima avanço de 1,99%.

Segundo informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 9 de junho, o IPCA atingiu 11,73% no acumulado de 12 meses até maio.

O cenário do BC contempla um arrefecimento gradual da inflação, mas ainda com pressão de preços de bens industriais e serviços. Projeta recuo da inflação de alimentos nos próximos meses com ajuda da sazonalidade favorável.

As estimativas do BC ainda não incorporam o impacto das medidas tributárias sobre preços de combustíveis, energia elétrica e telecomunicações que estão em tramitação.

Questionado sobre os esforços do governo para reduzir os preços dos combustíveis, por meio de redução de impostos ou pelo auxílio a caminhoneiros, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade monetária não comenta sobre medidas fiscais.

"O Banco Central não faz política fiscal, não faz previsão de política fiscal nem comenta sobre especulações ou medidas que ainda não foram concluídas", disse.

"É importante para a gente esperar que as medidas sejam concluídas, aí fazemos uma interpretação do que essa medida significa no fiscal, o que pode significar no prêmio de risco e, diante desse cenário, qual é o nosso campo de atuação e qual ajuste que temos de fazer face à nova realidade", continuou.

Na ata do Copom, divulgada na última terça-feira (21), o BC explicitou sua estratégia para levar a inflação para "o redor" da meta em 2023. O valor fixado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para próximo ano é de 3,25% —com 1,5 ponto percentual de tolerância para cima e para baixo.

Segundo Campos Neto, o elevado grau de incerteza do cenário atual levou o Copom a mudar sua comunicação. O presidente do BC também enfatizou que a autoridade monetária persegue uma inflação abaixo da estimativa de 4% para o próximo ano, sem especificar o valor exato.

"Ao redor é menos que 4%. A gente fala de uma taxa mais alta por um horizonte maior na mesma estratégia do ‘ao redor’ da meta. Entendemos que isso é o suficiente para atingir convergência", afirmou.

"O volume de choques e o grau de incerteza é tão grande, e ainda tivemos medidas de curto prazo que geram mais incerteza, que a gente entendeu que era a forma mais transparente de fazer esse comunicado", acrescentou.

Campos Neto disse também que o BC continua focado integralmente na meta de inflação do ano que vem e que 2024 ainda não está no horizonte relevante da política monetária, o que ocorrerá a partir do próximo encontro do Copom, em agosto.

Uma parcela do mercado havia interpretado a antecipação do dado de 2024 como uma sinalização de que a autoridade monetária faria uma convergência mais gradual à meta de inflação.

De acordo com ele, o colegiado do BC antecipou a divulgação das projeções para a inflação de 2024 (2,7%) por transparência. "A gente entende que tem uma incerteza muito acima da usual, são muitos choques que se propagaram na mesma direção. Foi muito mais um tema de transparência e comunicação de estratégia do que de pensar em mudar na forma de atuação", disse.

Na apresentação prévia do relatório de inflação, o diretor de Política Econômica afirmou ainda que o Copom revisou a taxa de juros real neutra, subindo de 3,5% para 4%. Isso significa que, neste patamar, a taxa não estimula nem desestimula a atividade econômica.

"O impacto de subida da taxa de juros neutra é modesto no curto prazo e aumenta ao longo do tempo. É taxa neutra de juros que o BC usa nos seus modelos de projeção de inflação", comentou Guillen.

Além do PIB, o BC também revisou para cima a projeção de crescimento do saldo de crédito do sistema financeiro, passando de 8,9% para 11,9%.

O dado, de acordo com a autarquia, reflete inflação mais alta, atividade econômica mais forte, mudanças no consignado e incorporação de novas concessões no âmbito de Pronampe e Peac.

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