'Criptoinverno' gera demissões, o lado ruim do modelo de férias ilimitadas e o que importa no mercado

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'Criptoinverno' gera demissões

A Coinbase, uma das maiores corretoras de criptoativos do mundo, anunciou nesta terça (14) que irá demitir 18% do pessoal –cerca de 1.100 funcionários– para cortar custos diante da sangria no mercado de criptomoedas.

O que explica: a decisão vem na esteira do tombo de cerca de 80% das ações da Coinbase neste ano. A queda foi ampliada depois de a empresa ter registrado um recuo de 35% na sua receita no primeiro trimestre.

  • A inflação persistente e uma esperada alta agressiva nas taxas de juros nos EUA criam um sentimento de aversão ao risco nos mercados. O movimento derruba as criptos, consideradas mais arriscadas, e afasta investidores, gerando prejuízo para todo o setor.
Representação de criptomoedas em frente ao logo da Coinbase
Representação de criptomoedas em frente ao logo da Coinbase - Dado Ruvic/Reuters

Versão brasileira: o Mercado Bitcoin, uma das maiores corretoras criptos que operam no país, anunciou no começo do mês um corte de funcionários, sem citar o número de demissões.

  • A empresa citou como razão o cenário econômico global, que penaliza sobretudo as empresas de tecnologia, e também motivou cortes em outros unicórnios (startups avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais) brasileiros.

Nos mercados: após a sangria de segunda, o bitcoin continuava em queda nesta terça, de cerca de 4%, a US$ 21,5 mil (R$ 110 mil). O setor foi atingido com maior força na véspera após a Celsius, que funciona como um banco desse mercado, congelar saques e transferências.


As armadilhas das 'férias ilimitadas'

A iniciativa de "férias ilimitadas" adotada por algumas empresas do Vale do Silício e de Wall Street pode parecer como um sonho, mas pesquisas e decisões de companhias que voltaram atrás mostram que o modelo tem problemas.

Entenda: essa novidade libera os funcionários para tirarem a quantidade de dias de férias que desejarem, desde que acordado com a chefia. A ideia é que os trabalhadores possam ter mais autonomia para gerenciar sua vida pessoal e profissional.

Os problemas: o que muitas empresas perceberam após criar o benefício é que os funcionários acabaram tirando um período menor de férias em relação ao modelo antigo, de ausência limitada. Algumas pesquisas chegaram ao mesmo diagnóstico.

  • Se os colegas estiverem tirando apenas dez dias por ano, por exemplo, pedir mais pode parecer inadequado. As pessoas ainda podem se sentir culpadas por um período maior de descanso ou até optar por trabalhar nas férias.

Há quem goste: a iniciativa é considerada positiva pelos funcionários da General Electric e foi elogiada pelo CEO da Netflix, Reed Hastings.

Outras prioridades: os dados mais recentes mostram que a flexibilidade, incluindo a possibilidade de trabalhar de casa, está no topo da lista de desejos dos trabalhadores.


O streaming está virando a TV a cabo?

Netflix deve lançar neste ano uma opção de assinatura mais barata e com anúncios, Amazon, Disney e Globoplay oferecem combos de canais por um adicional na mensalidade. O streaming no Brasil está virando a TV a cabo?

Entenda: após ter entrado no gosto dos brasileiros, as gigantes do setor apostam agora em diferentes estratégias para manter assinantes, atrair novos clientes e ampliar receitas em meio à alta da inflação.

  • Por mais que o modelo possa parecer novo para o brasileiro –Globoplay e Amazon Prime Video são as que chegam mais perto –, nos EUA a estratégia já é usada por HBO Max e Hulu, o irmão americano do Star+.
Logos dos streamings Disney +, HBO Max, Apple TV, Netflix, Hulu e Prime Video
Logos dos streamings Disney +, HBO Max, Apple TV, Netflix, Hulu e Prime Video - Dado Ruvic/Reuters

Na contramão das assinaturas barateadas, o streaming também vem testando combos que são mais caros, mas oferecem mais conteúdo, outra alternativa bem usada nos EUA.

  • A ideia também é se tornar a única plataforma do consumidor, com base na estratégia do "winner takes all" (entenda aqui).

Em números: pesquisa da plataforma de venda de mídia digital Magnite aponta que 79% dos brasileiros trocariam sua assinatura atual de streaming por uma mais barata, com anúncios. 71% gostariam de ter mais serviços à disposição, além dos que já assinam.

Mais sobre propaganda:
A publicidade brasileira avançou 29% no ano passado, com investimentos de R$ 69 bilhões, contra queda de 10% registrada em 2020.

O formato vídeo, que considera TV aberta, TV paga, cinema e vídeos online, concentrou 63% da compra de mídia em 2021. Os dados são de um levantamento feito pelo Kantar Ibope Media.


Os puxadinhos na conta de luz

Os brasileiros dividem todo mês na conta de luz o custo de "puxadinhos" que subsidiam desde a irrigação de plantações de soja até o carvão usado em térmicas.

Entenda: os encargos estão na CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), abastecida todos os meses por um valor pago pelos brasileiros na conta de luz. Segundo os especialistas do setor, eles estão lá para atender a grupos privados e a interesses políticos.

Em números: os gastos com encargos passaram de R$ 16 bilhões em 2017, para R$ 24 bilhões em 2021 e neste ano estão em R$ 32 bilhões.

Quais os puxadinhos e quanto custam:

  • Os parques de energia renováveis, negócios estabelecidos e usados por grandes indústrias do país, têm subsídio na transmissão e custam R$ 5,7 bilhões em 2022.
  • A geração distribuída, projetos solares que podem ser abatidos na tarifa de energia, são usados por grandes consumidores, por famílias de média e alta renda e têm subsídios de R$ 5 bilhões.
  • O maior gasto dentro da CDE é com combustível fóssil para manter geradores e térmicas que abastecem locais distantes, ainda não interligados ao sistema elétrico nacional. Neste ano, o custo é de R$ 12 bilhões.

Mais sobre energia:

A Câmara aprovou nesta terça o texto-base do projeto que coloca um teto na cobrança de ICMS sobre combustíveis e energia. Após a votação dos destaques, a proposta vai à sanção.

O texto aprovado pelos deputados é uma derrota ainda maior para os governadores em relação à proposta que foi analisada pelo Senado na segunda.


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