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Inflação ofusca alívio sobre Covid na China e Bolsa cai de novo

Pessimismo do consumidor nos EUA apaga ganhos com reabertura em Xangai

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São Paulo

A recuperação esboçada pelo mercado doméstico de ações foi atrapalhada nesta terça-feira (28) após dados pessimistas sobre o consumo nos Estados Unidos terem apagado os ganhos obtidos pela manhã, quando a redução nas restrições contra a Covid na China ainda animava investidores. A inflação e a alta dos juros são responsáveis pelo sentimento negativo dos consumidores americanos.

Na Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa fechou em queda de 0,17%, a 100.591 pontos, voltando a frequentar uma região de baixa após as altas nas duas sessões anteriores. Dos 19 pregões realizados neste mês até o momento, em 13 ocorreram quedas do índice de referência da Bolsa. O tombo acumulado em junho chegou a 9,66% nesta terça.

O dólar comercial subiu 0,61%, cotado a R$ 5,2670 na venda.

Em Nova York, o índice de referência S&P 500 caiu 2,01%. O Dow Jones, indicador focado em empresas de grande valor, perdeu 1,56%. O índice do setor de tecnologia Nasdaq mergulhou 2,98%.

Bandeira da China diante de edifício em Pequim
Bandeira da China diante de edifício em Pequim - Thomas Peter - 29.abr.2020/Reuters

Até o fim desta manhã, porém, os mercados globais de ações apresentavam ganhos proporcionados pela decisão da China de relaxar regras de quarentena contra a Covid em Xangai. Investidores consideravam que a mudança na postura de Pequim melhoraria a oferta de bens e insumos, resultando em algum alívio à inflação global.

A virada para o negativo ocorreu após novos dados do Conference Board mostrarem que o otimismo dos consumidores americanos esfriou em junho, pelo segundo mês consecutivo, conforme crescem as preocupações com a alta da inflação e o aumento das taxas de juros no país.

Investidores demonstram preocupação quando consumidores passam a esperar a manutenção de um processo inflacionário. No caso específico do momento econômico dos Estados Unidos, isso poderia levar o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) a aumentar ainda mais os juros para evitar comportamentos que realimentem a alta de preços.

"Esta é uma má notícia que traz outra má notícia. Se você tem expectativas de inflação subindo na medida em que estão agora, isso significa que o Fed será muito mais agressivo em esmagar a inflação", disse Mike Mullaney, diretor de pesquisa global da Boston Partners, ao The Wall Street Journal.

Nos mercados que fecharam mais cedo, o dia foi de ganhos. Na Europa, o indicador que acompanha as 50 principais empresas da zona do euro subiu 0,29%.

Na Ásia, a Bolsa de Tóquio subiu 0,66%. Hong Kong avançou 0,85%. O índice chinês para empresas listadas em Xangai e Shenzhen fechou positivo em 1,04%.

No final desta tarde, o preço do petróleo bruto sustentava alta de 2,65%, com o barril do Brent cotado a US$ 118,14 (R$ 616,37).

Na véspera, o Partido Comunista da China anunciou vitória contra a Covid em Xangai e proporcionou uma injeção de ânimo ao mercado.

O chefe do Partido Comunista em Xangai, Li Qiang, disse que as autoridades venceram a guerra para defender Xangai contra a Covid.

Investidores não devem acreditar, entretanto, que o governo de Pequim deixará de priorizar o controle das infecções, alerta Larissa Wachholz, sócia da Vallya, assessoria financeira especializada no mercado chinês.

Wachholz ressalta que os efeitos do alívio das restrições na China sobre a inflação mundial não estão claros. Ela afirma que o país asiático já vinha regularizando o seu fluxo de exportações e, apesar disso, não houve desaceleração da alta dos preços nos Estados Unidos e na Europa.

"Um ditado chinês, que diz para atravessar o rio sentindo as pedras, continua muito útil neste momento", diz.

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