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Temor de recessão enfraquece bolsas e valoriza dólar

Após alta histórica dos juros, EUA sinalizam mais rigor contra inflação

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São Paulo

Temores de uma recessão nos Estados Unidos voltaram a balançar os mercados mundiais nesta quarta-feira (22) após o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) reforçar o ímpeto da autoridade monetária em frear a maior inflação no país em 40 anos. Jerome Powell disse que o Fed está "fortemente comprometido" em atingir rapidamente esse objetivo.

Powell afirmou que o risco de desaceleração econômica é "certamente possível" durante audiência ao comitê bancário do Senado, embora tenha ponderado quanto à possibilidade de recessão.

"Não estamos tentando provocar e não achamos que precisaremos provocar uma recessão, mas achamos que é absolutamente essencial restabelecer a estabilidade dos preços", disse.

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, durante sabatina ao comitê bancário do Senado, em Washington, nos Estados Unidos
Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, durante sabatina ao comitê bancário do Senado, em Washington, nos Estados Unidos - Elizabeth Frantz - 22.jun.2022/Reuters

​Analistas consideraram as declarações de Powell como um aviso de que o Fed poderá subir sua taxa de juros entre 0,75 e 1 ponto percentual em agosto.

Na semana passada, o Fed aumentou os juros em 0,75 ponto, na maior elevação aplicada pela autoridade desde 1994.

"O discurso do Fed mudou radicalmente. No ano passado falava em inflação transitória. Agora diz que vai fazer de tudo para controlar a inflação", comentou Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.

A Bolsa de Valores brasileira caiu 0,16%, com o Ibovespa fechando em 99.522 pontos. O mercado doméstico acompanhou a baixa da Bolsa de Nova York, cujo índice de referência, o S&P 500, cedeu 0,13%. Dow Jones e Nasdaq, dois dos principais indicadores das ações americanas, perderam 0,15% e 0,15%.

Também encerraram o dia em baixa os principais mercados de ações europeus, com Londres, Paris e Frankfurt caindo 0,88%, 0,81% e 1,11%, nessa ordem.

No câmbio do Brasil, o dólar subiu 0,46%, cotado a R$ 5,1770, em um dia em que a moeda dos Estados Unidos ganhou força contra a maior parte das divisas emergentes.

Entre as matérias-primas com maior influência no mercado de ações brasileiro —e na economia de forma geral—, o preço de referência do barril do petróleo bruto era negociado com desvalorização de 4,06% no início da noite desta quarta, cotado US$ 109,99 (R$ 566,48).

Na última sexta-feira (17), o barril do Brent já havia tombado 5,58%. No acumulado deste ano, porém, a matéria-prima ainda tem valorização de quase 40%.

Juros elevados nos Estados Unidos sinalizam ao mercado que o consumo na principal economia do planeta poderá cair severamente e espalhar a recessão pelo globo. A desaceleração reduz a necessidade de produção de energia e, consequentemente, a demanda por combustíveis derivados do petróleo.

Além das preocupações quanto à recessão, os preços do petróleo também despencavam nesta quarta devido à notícia de um plano elaborado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para reduzir os custos de combustível para os motoristas.

"Influências amplas têm ditado a direção dos preços do petróleo recentemente", disse Warren Patterson, chefe de estratégia de commodities do ING Groep NV em Cingapura, para a agência Bloomberg. "No entanto, fundamentalmente, o mercado ainda permanece construtivo", comentou.

Na Bolsa brasileira, os papéis mais negociados da Petrobras caíram 0,30% nesta sessão. Além de penalizadas pelos ataques do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) nos últimos dias, a estatal petrolífera também é abatida quando a matéria-prima produzida por ela perde valor no mercado internacional.

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