O mercado financeiro mundial fechou com forte viés negativo nesta quinta-feira (9) e empurrou a Bolsa de Valores brasileira para a quinta queda diária consecutiva. Já no câmbio, como é comum em dias em que investidores são pressionados pelo aumento do risco no mercado de ações, o dólar teve valorização frente ao real.
O indicador de referência da Bolsa brasileira caiu 1,18%, a 107.093 pontos. Desvalorizações de empresas dos setores de mineração, siderurgia e petrolífero puxaram o Ibovespa para baixo. O dólar comercial subiu 0,59%, cotado a R$ 4,9180 na venda.
A sessão foi recheada de informações com potencial de afetar os investimentos, o que gerou oscilações, sobretudo, nas primeiras horas de negociação.
Divulgação da inflação doméstica, privatização da Eletrobras, pronunciamento sobre juros na Europa, retomada de medidas contra a Covid na China, além da expectativa sobre preços ao consumidor nos Estados Unidos. Esse foi o cardápio digerido pelo mercado nesta quinta.
O segmento de commodities, um dos mais importantes do mercado acionário do país, foi prejudicado pela possibilidade de desaceleração da atividade econômica na China, principal consumidor desses materiais básicos. A Vale tombou 3,38%. A Petrobras perdeu 1,44%.
Medidas de contenção da Covid voltam a preocupar o mercado dias após o afrouxamento das restrições em Xangai, centro financeiro do país. O principal índice que acompanha ações de empresas dessa região fechou em queda de 1,05%.
"Autoridades chinesas voltaram a discutir fechamentos parciais de Xangai e de Pequim, seja pela própria restrição de mobilidade de infectados ou até mesmo para a execução de planos de testagem em massa", comentou Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos.
No lado positivo da balança do mercado de ações do Brasil, a Eletrobras subiu 2,14% no dia da precificação das suas ações. A empresa controlada pelo governo está em processo de privatização.
Participantes do mercado avaliam que há forte demanda por ações da companhia, cuja movimentação financeira já atinge cerca de R$ 70 bilhões, enquanto o esperado era de R$ 35 bilhões, segundo a agência Reuters.
Ações de empresas com maior potencial de crescimento e do varejo tinham desempenho positivo diante da perda de fôlego da inflação no Brasil. Esses segmentos podem ser beneficiados se a desaceleração dos preços for suficiente para frear a escalada dos juros.
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 0,47% em maio. O índice é inferior ao 1,06% de abril e ficou abaixo do 0,60% projetado por analistas consultados pela agência Bloomberg.
"A tendência sazonal a partir deste mês de maio é de acomodação da curva inflacionária", comentou Nicola Tingas, consultor da Acrefi (associação de empresas de crédito e financeiras).
"Esse quadro permite ao Banco Central buscar sua intenção de encerrar o ciclo de alta da Selic [taxa de juros], na reunião do Copom [Comitê de Política Monetária] deste mês, em 13,25%", disse Tingas.
Também nesta quinta, o Banco Central Europeu informou que adotará uma série de aumentos dos juros a partir de julho. No entanto, os comentários da presidente da instituição, Christine Lagarde, foram menos duros do que o esperado quanto ao aperto monetário para conter a inflação na região, segundo analistas ouvidos pela Reuters.
O índice de ações que acompanha as 50 principais empresas instaladas em países que têm o euro como moeda recuou 1,70%.
Nos Estados Unidos, o indicador de referência S&P 500 mergulhou 2,38%. Dow Jones e Nasdaq afundaram 1,94% e 2,75%, respectivamente
Nesta sexta-feira (10), a divulgação do CPI (índice de inflação ao consumidor) dos Estados Unidos dará pistas sobre o progresso do aperto monetário do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).
Dados que demonstrem força da inflação podem reforçar a expectativa de alta dos juros no país, favorecendo aplicações em títulos do Tesouro americano e prejudicando o mercado de ações.
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