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Ebanx demite 20% do quadro em mais um corte entre startups

Desaceleração de investimentos em tecnologia impulsiona demissões em unicórnios

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São Paulo

A fintech curitibana Ebanx é a mais recente startup a fazer demissões em massa este ano.

Nesta terça-feira (21), 340 pessoas foram avisadas que seriam desligadas —parte imediatamente, parte nos próximos seis meses. O corte equivale a 20% dos mais de 1.700 funcionários do grupo no Brasil.

A empresa, que presta serviços de pagamentos internacionais para companhias atuantes na América Latina, chegou ao valor de mercado de US$ 1 bilhão em 2019. Entre seus clientes estão Shein, Uber e Airbnb.

Em nota, a empresa disse que vai descontinuar projetos e revisar a sua operação. Os funcionários demitidos receberão valores adicionais, extensão do plano de saúde e computador de trabalho, afirma o grupo.

Logo da Ebanx - Wikimedia Commons

O setor de startups e tecnologia desacelera desde o início de 2022, após um ano de grandes investimentos. Em 2021, foram US$ 9,4 bilhões (em dezembro, cerca de R$ 53 bilhões) injetados na inovação brasileira, quase 2,6 vezes o que foi captado pelas empresas desse segmento em 2020 —US$ 3,5 bilhões.

O Ebanx afirmou que a decisão de revisar a operação foi tomada com base nesse cenário, "impactado de forma profunda e veloz pelo ambiente macroeconômico".

Em março, o presidente-executivo e fundador do Ebanx, João Del Valle, anunciou um adiamento de captação de recursos para o segundo semestre devido à volatilidade que impactou a avaliação das empresas e o humor dos investidores. A empresa anunciou também que não faria uma planejada oferta pública de ações (IPO) nos Estados Unidos no início do ano.

Em abril, QuintoAndar, Loft e Facily demitiram mais de 400 pessoas em uma semana. Assim como o Ebanx, são unicórnios —apelido das startups que valem mais de US$ 1 bilhão.

Em reposta à inflação, bancos centrais têm aumentado as taxas de juros —caso do BC brasileiro e americano, por exemplo.

Em março, após um longo período de juros zerados para estimular uma economia que quase parou com a crise sanitária, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) elevou a taxa em 0,25 ponto percentual.

Na última quarta-feira (15), o órgão promoveu o maior aumento de juros desde 1994​: 0,75 ponto percentual. O país enfrenta a maior inflação em quatro décadas.

Taxas de juros mais altas tornam mais rentáveis aplicações menos arriscadas que startups —empresas em fase de crescimento acelerado que em muitos casos queimam caixa para superar as concorrentes.

A retração de serviços que cresceram na pandemia, como as compras online, também pesa no cálculo dos investidores. O setor havia sido beneficiado pela digitalização forçada que o isolamento social promoveu.

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