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Eletrobras resiste à queda da Bolsa após privatização

Estabilidade típica do setor também ajuda a suportar turbulência do mercado

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São Paulo

Nas semanas seguintes à conclusão do seu processo de capitalização, a Eletrobras acumulou ganhos no mercado de ações, apesar do pior momento do ano para a Bolsa de Valores brasileira.

Desde 9 de junho, dia da formação de preço das ações cuja emissão tirou o controle da companhia das mãos do governo federal, os papéis da empresa tiveram valorização de 5,13%, considerando o fechamento do mercado nesta segunda-feira (27). No mesmo intervalo, o Ibovespa afundou 5,91%.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) ao centro, cercado por ministros e outros políticos, na cerimônia de toque de campainha da privatização da Eletrobras na B3, a Bolsa de Valores brasileira, em São Paulo
O presidente Jair Bolsonaro (PL) participa do toque de campainha da privatização da Eletrobras na B3, a Bolsa de Valores brasileira, em São Paulo - Alan Santos - 14.jun.2022/AFP

Turbulências domésticas, desencadeadas pela insatisfação do presidente Jair Bolsonaro (PL) com o eventual prejuízo eleitoral do aumento aplicado pela Petrobras aos combustíveis, e o temor de recessão global, ampliado pela alta histórica dos juros nos Estados Unidos, levaram o Ibovespa a frequentar seu menor patamar em um ano e meio. A marca dos 100 mil pontos, perdida no dia 17, só voltou a ser alcançada nesta segunda.

Resistência às oscilações do mercado é uma das características do ramo elétrico e do setor de utilities, como é chamado o segmento dos serviços essenciais, no qual podem ser incluídas companhias fornecedoras de gás, água e saneamento. Por isso investidores chamam de defensivas as ações de empresas desse grupo.

"São empresas resistentes às crises porque têm uma demanda pouco elástica. Elas têm pouca relação com crescimento econômico e são previsíveis quando ao fluxo de caixa, que é muito constante", comenta o economista Paulo Henrique Duarte, da Valor investimentos.

Mesmo comparada ao seu segmento, porém, a Eletrobras tem desempenho superior. Enquanto a empresa registra ganhos na Bolsa desde a sua capitalização, o IEE (Índice de Energia Elétrica) caiu 1,23%.

"As elétricas foram melhor [do que o Ibovespa no período], e a Eletrobras foi melhor entre os pares dela", diz Duarte. "Ela mostra força [desde a privatização], isso é uma verdade, mas essa também é uma característica do setor."

No acumulado do ano, o desempenho da Eletrobras é oito vezes superior ao do setor na Bolsa. Enquanto as ações ordinárias da Eletrobras acumulam alta de 35,4%, o IEE subiu 4,4%. Já o resultado do Ibovespa em 2022 é negativo em 3,87%.

A expectativa que antecedeu a privatização é, segundo Duarte, o que explica a discrepância. "O volume de negociação atípico é normal antes de uma capitalização tão grande, depois o papel costuma voltar para margens de preços razoáveis", diz.

Os próximos passos da companhia em relação às boas práticas de governança, redução de custos e investimentos devem ditar também o ritmo de valorização da Eletrobras aos olhos do mercado, segundo Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

"Há muita coisa para fazer, mas tem um grande potencial para gatilhos operacionais, financeiros e de governança após esse passo transformacional para a companhia, que agora está em fase incipiente", diz Arbetman. "Muita coisa deve mudar na busca por eficiência e alocação de recursos."

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