Lira diz que estados não têm crise e dão aumento irresponsável para funcionalismo

Segundo presidente da Câmara, deputados votam ainda nesta terça o projeto que limita ICMS

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Brasília

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta terça-feira (14) que os estados não estão tendo crise e acusou os governos estaduais de terem um problema abusivo de arrecadação e darem aumento ao funcionalismo "de maneira até irresponsável".

Em entrevista à CNN Brasil, ele disse que os deputados votam ainda nesta terça o projeto que limita em 17%-18% o ICMS (imposto estadual) sobre energia, combustíveis, transporte e telecomunicações. O texto foi aprovado na segunda-feira (13) pelos senadores. Como teve mudanças, volta para a Câmara.

Lira negou que o Congresso tenha intenção de diminuir a arrecadação de estados. Segundo ele, o objetivo é que "as arrecadações não cresçam exponencialmente como elas vinham fazendo em cima da população, num processo inflacionário que não é desencadeado apenas no Brasil."

Presidente da Câmara, Arthur Lira, ao lado do presidente Jair Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro (PL) participa de cerimônia do Dia do Exército ao lado do presidente da Câmara, Arthur Lira - Gabriela Bilo /Folhapress

"Nós saíremos de uma previsão de alta de arrecadação nesses itens que estão sendo regulados de R$ 116 bilhões a mais do que em 2021 para possivelmente R$ 70 bilhões, R$ 80 bilhões em 2022", disse. "Mas é de alta de arrecadação comparado ainda com 2021, o que rechaça qualquer hipótese a princípio de perda de recursos em educação e saúde."

Lira comentava especificamente uma mudança em relação ao texto aprovado na Câmara. Os senadores incluíram dispositivo que obriga a União a compensar estados com os valores da arrecadação que seria destinada para o Fundeb e para os mínimos constitucionais destinados para saúde e educação.

Ele reforçou que não haverá queda de receita para os estados, mas sim uma diminuição crescente de arrecadação em cima de combustíveis, energia e comunicações que será compensada pelo aquecimento da economia, aumento do consumo e menor sonegação, além de pelo crescimento da arrecadação.

Lira criticou estados e Petrobras e disse que não há por que, em momento de crise, ambos "estarem arrecadando horrores nas costas de quem hoje não pode ter o mínimo."

"A essencialidade atinge de modo frontal o problema abusivo de arrecadação dos estados, que não estão tendo crise. Estão dando aumento ao seu funcionalismo de maneira até irresponsável, aumentando índice de responsabilidade fiscal de trinta e poucos para 48%, 50%. E fazendo uma política, na contramão da crise, de muito populismo em seus estados", disse.

O presidente da Câmara negou que o estabelecimento de um estado de calamidade seja a solução para a crise de preços de combustíveis e energia enfrentada pelo país.

"O estado de calamidade traz efeitos danosos também para a economia, ele é impeditivo. A saída que nós estamos apontando para o momento é a melhor saída, é diminuição de impostos", disse. "Em alguns casos, zerar os impostos, tanto federais como estaduais. Nos casos dos estaduais, o governo federal bancará a diferença da essencialidade, que é 17%, 18%, como modal. Qualquer coisa além disso vai depender do momento, da gravidade, da extensão dessas medidas e do desenrolar."

O projeto aprovado no Senado na segunda e que deve ser votado nesta terça na Câmara considera como itens essenciais os combustíveis, energia, telecomunicações e transportes e estabelece que as alíquotas do ICMS sobre esses itens não podem ser superiores a 17% ou 18%.

A proposta impacta duramente os estados. Alguns deles, como o Rio de Janeiro, têm alíquota de 34% para esses bens e serviços e serão obrigados a reduzir pela metade.

O projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados no fim de maio, sob forte protestos de governadores, que buscavam reverter os principais pontos durante a tramitação no Senado —Casa legislativa mais próxima aos estados.

A proposta aprovada pelos deputados incluía uma compensação a estados em caso de perda de arrecadação. Estava previsto um gatilho que seria acionado para determinar a compensação quando a perda de arrecadação fosse superior a 5%.

O relator no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), mudou o texto para determinar que o gatilho será acionado quando houver variação superior a 5% apenas na arrecadação com combustíveis, energia, telecomunicações e transportes.

O senador acolheu outra emenda determinando que a variação da inflação também será considerada para determinar a porcentagem de queda na arrecadação. A alteração beneficia os estados.

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