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João Amoêdo

Réplica: Em defesa da verdade

Partido Novo foi pensado e estruturado para funcionar como uma instituição

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João Amoêdo

Engenheiro e administrador de empresas, foi presidente do partido Novo e candidato à Presidência da República pela legenda em 2018

Estamos a 4 meses das eleições nacionais, com resultados ainda incertos. Mas se queremos viver em um regime democrático, ver o nosso país progredir e oferecer oportunidades para todos, é fundamental contarmos com instituições fortes.

O presidente Jair Bolsonaro faz o oposto, procurando sempre que possível enfraquecer as instituições. Ele foi incapaz de entregar as mudanças que prometeu, se uniu ao fisiologismo do centrão para sobreviver politicamente e agora, com a proximidade das eleições e o seu alto índice de rejeição, questiona o sistema eleitoral e busca aprovar subsídios para tentar reverter o fracasso da sua gestão. Sua única prioridade é se manter no poder.

Com esse objetivo, o presidente não só promove ataques diretos contra instituições ou pessoas que ousam criticá-lo, como incentiva seus apoiadores a fazerem o mesmo. A mentira —e a sua repetição— é o método utilizado.

4 de outubro de 2018: João Amoêdo, candidato à presidência da república pelo Partido Novo, em evento na Uninovafapi em Teresina/PI.
João Amoêdo, então candidato à presidência da república pelo Partido Novo, em evento na Uninovafapi em Teresina - Divulgação

Em março de 2020, no início da pandemia, afirmei que a melhor solução para o Brasil seria a renúncia de Bolsonaro. No mês seguinte, passei a defender diariamente o seu impeachment. Assim, me tornei odiado e alvo de todos aqueles que, por convicção ou oportunismo, apoiam o "mito".

É nesse contexto que, ocasionalmente, surgem artigos mentirosos, mas que são facilmente desmontados pelos fatos. Normalmente costumo ignorá-los e não responder, porém, em respeito aos leitores desta Folha e aos dirigentes do Novo, que foram afrontados pelo articulista, decidi me pronunciar sobre o texto "Partido Novo entra em nova fase, menos personalista", publicado ontem neste mesmo espaço.

Uma das falsas narrativas é de que controlo o Partido Novo e atuo de forma personalista. Obviamente, nada mais falso.

O Partido Novo, desde sua concepção em 2010, foi pensado e estruturado para funcionar como uma instituição. Não acredito em nenhuma organização que possa ter sucesso sem atuar como um time, com um propósito claro e com uma cultura de princípios e valores. Foi assim que atuei na vida privada e é assim que atuo na vida publica. No Novo, quem deveria mandar no partido é o seu estatuto. Ao presidente e diretórios, cabe cumpri-lo.

Em março de 2020, mesmo com ainda três anos e meio de mandato, renunciei à presidência do Novo. Após a minha saída, o comando do partido foi assumido por Eduardo Ribeiro, que em outubro deste ano, mês das eleições, completará 2 anos e 7 meses de mandato. Será o presidente da instituição que mais tempo ocupa o cargo.

Se de fato desejasse me manter à frente do Novo, não faria sentido renunciar —especialmente se tivesse planos eleitorais. Teria muito mais visibilidade como presidente do partido do que como filiado.

Em relação à afirmação de que "dava as cartas" no partido, os fatos comprovam exatamente o contrário. Caso ela fosse verdadeira, diversas ações seriam diferentes, como:

  • O Novo teria se declarado oposição ao governo Bolsonaro já em março de 2020;
  • O partido teria trabalhado pelo impeachment do presidente a partir de abril de 2020. Isso não só seria o certo a ser feito, como pouparia os candidatos do Novo de constantemente responder a imprensa se o partido é ou não linha auxiliar do governo Bolsonaro.
  • O processo seletivo do Novo não aprovaria nenhum candidato para as eleições de 2022 que não seguisse as normas, resoluções e diretrizes partidárias, como a que estabeleceu em março de 2021 que o Novo é oposição ao governo Bolsonaro.
  • Divulgaria mensalmente a quantidade de filiados totais e a quantidade de filiados pagantes, visto que esses são os principais indicadores da qualidade da gestão do partido.
  • Vetaria a existência de um "voto de minerva" dando mais poder ao presidente, como foi proposto e implementado pelo atual gestor.

Questões estratégicas no Novo, em todas as administrações anteriores, sempre foram decididas pelo colegiado e de acordo com os ideais e o estatuto do partido.

Mas nada disso aconteceu.

A gestão do partido, inclusive com a utilização do "voto de minerva", vem sendo exercida de forma ampla e completa por Eduardo Ribeiro, que afirma frequentemente que o partido está forte e unido para as eleições de 2022. Portanto, os resultados do Novo no pleito desse ano, sejam eles positivos ou não, devem ser atribuídos aos atuais gestores partidários.

No Novo, sigo como fundador e, desde o início de 2020, apenas como filiado.

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