Sheryl Sandberg, número 2 do Facebook, deixa a empresa

Chefe de operações da Meta diz que 'é hora de escrever o próximo capítulo' de sua vida

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Mike Isaac
San Francisco | The New York Times

Sheryl Sandberg, diretora de operações (COO) da Meta, dona do Facebook, e braço direito de longa data de Mark Zuckerberg, disse na quarta-feira (1°) que está deixando a empresa, após 14 anos, enquanto a empresa enfrenta questionamentos sobre suas redes sociais e está em transição para o chamado metaverso.

A executiva afirmou que a saída deve ocorrer no segundo semestre e que planeja continuar atuando no conselho de administração da companhia. Além do Facebook, a Meta também é proprietária do Instagram, do WhatsApp e outros aplicativos.

Sandberg afirmou que entrar no Facebook foi a "honra e o privilégio de uma vida", e que, inicialmente, esperava exercer a função de diretora na empresa por apenas cinco anos.

Sheryl Sandberg em depoimento no Senado em 2018 - Jim Watson - 5.set.2018/AFP

Sandberg disse que, com o trabalho na companhia, não conseguia tempo para se dedicar a outros objetivos, e que agora deseja se concentrar em filantropia e em sua fundação, a Lean In. Ela também disse que vai se casar com o produtor de televisão Tom Bernthal durante o verão do hemisfério norte.

"Eu acredito nesta companhia", disse Sandberg. "Fizemos tudo certo? Absolutamente não. Aprendemos, ouvimos, crescemos e investimentos onde precisamos? Sim, e esta equipe continuará a fazê-los".

Zuckerberg nomeou Javier Olivan, um executivo de produtos de longa data, como o próximo diretor de operações da Meta. Olivan supervisionou grande parte do crescimento do Facebook na última década e gerenciou o WhatsApp, o Instagram, o Messenger e o Facebook.

Sandberg está encerrando seu mandato na Meta longe do auge de reputação que atingiu na década passada. Como braço direito de Zuckerberg, Sandberg ajudou a construir os negócios do Facebook nos primeiros anos da empresa e era considerada a "adulta na sala". O setor de publicidade do Facebook floresceu sob sua gestão, e Sandberg usou a fama corporativa para falar sobre outras questões, como o que as mulheres poderiam alcançar em ambientes de trabalho.

Mas depois das eleições presidenciais de 2016, o Facebook ficou sob intenso escrutínio por como foi mal utilizado para fomentar a polarização e espalhar desinformação. Sandberg foi responsável pela equipe de política e segurança da empresa durante aquela eleição. A rede social também foi perseguida por questões de privacidade após um escândalo envolvendo a Cambridge Analytica, uma empresa de perfis de eleitores que usou indevidamente dados do Facebook.

Sandberg, que era um das executivas mais notáveis do Facebook, não conseguiu se recuperar desses tropeços. Nos últimos anos, Zuckerberg assumiu um perfil público mais alto e um papel maior na supervisão de diferentes partes da empresa, muitas das quais estavam sob a alçada exclusiva de Sandberg.

Sua saída também ocorre num momento em que o Facebook está em uma nova direção. No ano passado, Zuckerberg renomeou a empresa para Meta e anunciou que a empresa se tornaria um fornecedor-chave do metaverso, um mundo online imersivo. Mas como a empresa vem gastando pesadamente em produtos do metaverso, seu setor de publicidade tropeçou, em parte por causa das mudanças de privacidade feitas pela Apple que prejudicaram os anúncios direcionados.

Em fevereiro, o valor de mercado da Meta caiu mais de US$ 230 bilhões, sua maior perda em um dia depois que a companhia divulgou resultados financeiros piores que o esperado.

Sandberg disse que a Meta teve problemas de curto prazo, mas enfrentaria a tempestade como fez nos desafios anteriores. "Quando abrimos o capital, não tínhamos anúncios para celular", disse Sandberg, citando a rápida transição da empresa de desktops para smartphones na década passada. "Já fizemos isso antes."

Sandberg já havia flertado com a saída do Facebook no passado. Em 2016, ela disse a colegas que, se Hillary Clinton, a candidata presidencial democrata, ganhasse a Casa Branca, provavelmente assumiria um emprego em Washington, disseram três pessoas que conversaram com ela sobre a mudança na época.

Em 2018, após revelações sobre a Cambridge Analytica e a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016 nos EUA, ela novamente disse a colegas que estava pensando em sair, mas não queria deixar a companhia num momento de crise.

Em um post no Facebook nesta quarta, Zuckerberg elogiou Sandberg.

"É incomum que uma parceria de negócios como a nossa dure tanto tempo", escreveu ele. "Sheryl arquitetou nosso setor de anúncios, contratou ótimas pessoas, forjou nossa cultura de gestão e me ensinou como administrar uma empresa."​

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