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Valor de IPOs nos EUA e na Europa cai 90% em 2022

Seca do primeiro trimestre se estende, enquanto guerra e volatilidade na Ucrânia impedem empresas de listar ações

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Owen Walker
Londres | Financial Times

O valor das ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) nos Estados Unidos e na Europa caiu 90% este ano, com a Guerra da Ucrânia e o aumento da inflação e das taxas de juros forçando as empresas a engavetar os planos de abertura de capital.

Apenas 157 companhias arrecadaram um total de US$ 17,9 bilhões (R$ 85 bilhões) nos primeiros cinco meses de 2022, em comparação com 628 que arrecadaram US$ 192 bilhões (R$ 912 bilhões) no mesmo período do ano passado, segundo dados da Dealogic.

Globalmente, o valor dos IPOs caiu 71% –de US$ 283 bilhões para US$ 81 bilhões– no período, e o número de listagens foi de 1.237 para 596.

Logo da ViacomCBS no site da Nasdaq em tela em Nova York, nos Estados Unidos - Brendan McDermid - 5.dez.2019/Reuters

Os números sugerem que a queda das emissões no primeiro trimestre de 2022, desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, não se atenuou, com os volumes também caindo acentuadamente ano a ano no final do segundo trimestre, no fim deste mês.

Os três primeiros trimestres de 2021 foram o período mais movimentado de todos os tempos em listagens, pois as empresas correram para abrir o capital depois de suspender os planos durante a pandemia de coronavírus. Mas a volatilidade do mercado, a Guerra da Ucrânia e a ameaça de recessão global as deixaram muito menos inclinadas a fazê-lo neste ano.

"Muitas pessoas estavam ansiosas para ir, e então uma confluência de fatores atingiu a todos de uma vez", disse Martin Glass, sócio do escritório de advocacia Jenner & Block, que assessora empresas em IPOs.

"Assim que as coisas se estabilizarem, teremos um retorno da atividade, mesmo que não atinja os níveis do ano passado. As pessoas não estão abandonando o navio, estão fazendo uma pausa."

Ele acrescentou que o mercado dos EUA foi especialmente afetado por um quase colapso nas listagens de empresas para propósito especial de aquisição (Spac), empresas de fachada que entram na Bolsa para levantar dinheiro e depois encontrar um alvo para aquisição.

Nos últimos dois anos, os negócios de Spac atingiram níveis recordes, mas isso diminuiu radicalmente nos últimos seis meses, após alguns desempenhos decepcionantes, mais escrutínio dos reguladores e diminuição do apetite dos bancos para subscrevê-las.

Os negociadores disseram que, apesar da piora das condições em geral para IPOs, o aumento dos preços da energia em consequência da Guerra da Ucrânia tornou as listagens uma opção mais atraente para as empresas de petróleo e gás.

Há também vários IPOs importantes em preparação que poderão ser concluídos até o final do ano.
O grupo farmacêutico britânico GlaxoSmithKline buscou aprovação regulatória para trazer sua joint venture de produtos de saúde Haleon ao mercado este ano, na que poderá ser a maior listagem em Londres em uma década.

Em março, a seguradora americana AIG entrou com um pedido de IPO há muito esperado de seus negócios de vida e gestão de ativos, que poderá dar à unidade um valor superior a US$ 20 bilhões (R$ 95 bilhões). A Volkswagen está planejando uma flutuação parcial de 20 bilhões de euros (R$ 102 bilhões) da Porsche ainda este ano.

Mas advogados preveem que muitos IPOs planejados serão adiados para 2023, pois as condições demoram a melhorar.

"Se voltarmos das férias de verão em setembro e por algum motivo bizarro as coisas de repente melhorarem, talvez haja mais atividade", disse Inigo Esteve, sócio da White & Case, que assessora empresas em IPOs. "Mas não tenho certeza se muitas pessoas estão na expectativa de uma mudança nas condições subjacentes até então."

Ele acrescentou que espera que muitas adiem para o próximo ano, no mínimo. "Por que você lançaria agora, se pode esperar por melhores condições?"

Entre os dez IPOs mais valorizados deste ano, apenas dois foram listados em Bolsas americanas ou europeias. O grupo de private equity TPG levantou US$ 1 bilhão na Nasdaq em janeiro, enquanto a produtora norueguesa de petróleo e gás Vår Energi levantou US$ 880 milhões em Oslo.

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