Descrição de chapéu Folhainvest juros Selic

Veja rendimento da poupança, Tesouro e CDB com a alta da Selic

Debêntures, LCIs e LCAs oferecem melhores retornos; gestores analisam aplicações

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São Paulo

A renda fixa mantém retornos acima da inflação, na maior parte dos casos, após o aumento da taxa básica de juros (Selic) nesta quarta-feira (15), para 13,25% ao ano, pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central do Brasil.

Prédio do Banco Central, em Brasília
Prédio do Banco Central, em Brasília - Leonardo Sá - 7.nov.2021/Agência Senado

Caderneta de poupança e os CDBs oferecidos por grandes bancos, porém, são as exceções que oferecem rendimento negativo (abaixo da inflação), segundo levantamento do buscador financeiro Yubb. Confira o rendimento percentual médio ao ano (em %):

Aplicação Rendimento bruto Rendimento com desconto do IR Rendimento após IR e inflação
Poupança 6,17 6,17 -2,5
Tesouro Selic 13,15 10,52 1,5
CDB em banco médio 15,12 12,1 2,95
CDB em banco grande 9,86 7,89 -0,92
LC 15,78 12,62 3,43
LCA* 12,89 12,89 3,67
LCI* 13,28 13,28 4,03
RDB 15,25 12,2 3,04
Debênture incentivada* 14,99 14,99 5,6

* Isentos de IR

As debêntures incentivadas oferecem o melhor rendimento real estimado, seguidas por LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio). Nos três casos, as aplicações são favorecidas pela isenção do IR (Imposto de Renda) sobre os rendimentos.

Para projeções de rendimento líquido, o Yubb utilizou a alíquota de 20% de IR, que é aplicada a prazos de vencimento entre 181 e 360 dias. Já a estimativa de inflação para 2022, de 8,89%, foi baseada na nota emitida pelo Banco Central em 6 de junho.

Segundo Christiano Clemente, diretor de investimentos do Santander Private Banking, com o novo aumento da taxa Selic promovido pelo BC, mas também com a inflação ainda rodando em níveis elevados, a principal recomendação que tem sido passada aos clientes investidores é dar uma preferência maior neste momento aos títulos de renda fixa indexados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

"Como a inflação está muito alta não só no Brasil como no mundo todo, se tratando de um fenômeno global, os ativos indexados à inflação são os que mais temos dado atenção nas carteiras sugeridas", afirma Clemente, acrescentando que o ideal é que os investidores busquem vencimentos de curto e médio prazo, entre três e cinco anos aproximadamente –quanto mais longo for o prazo de vencimento do papel, a tendência é que maior seja o retorno oferecido, mas também com uma expectativa de volatilidade mais alta.

Entre as principais opções de títulos indexados à inflação no mercado estão os papéis Tesouro IPCA, emitidos pelo governo e que podem ser acessados por meio da plataforma online Tesouro Direto.

Nesta quarta, os títulos Tesouro IPCA com vencimento em 2026 ofereciam uma taxa de retorno real, ou seja, acima da inflação no período, de 5,5%, com investimento mínimo a partir de R$ 31,80. Já os papéis indexados à inflação para 2055 ofereciam uma taxa real de retorno de 5,87%, com aportes a partir de R$ 40,78.

O diretor de investimentos da área de private banking do Santander diz ainda que, além dos títulos públicos, há boas opções de títulos de crédito privado indexados à inflação.

Nesse caso, ele dá destaque especialmente para os títulos emitidos por empresas que contam com a isenção fiscal, caso dos CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio), bem como as LCIs, as LCAs e as LIGs (Letras Imobiliárias Garantidas).

"O risco de crédito privado tem de ser analisado empresa por empresa, para entender se aquele risco faz sentido frente à geração de caixa da companhia", afirma Clemente. Ele avalia que os grandes bancos têm feito emissões de papéis isentos de IR em que o crédito oferecido é compatível com o retorno.

Já Fernando Siqueira, especialista responsável pela área de pesquisas da Guide Investimentos, diz que vê nos papéis prefixados com prazos entre quatro e cinco anos a melhor oportunidade a ser capturada hoje pelos investidores na renda fixa.

No Tesouro Direto, os papéis prefixados de risco soberano ofereciam nesta quarta uma taxa de retorno nominal de 12,99%, entre aqueles com prazo de vencimento em 2025.

Siqueira afirma que muito provavelmente estamos nos encaminhando para o fim do ciclo de alta dos juros pelo BC. E, caso o investidor contrate uma taxa anual de retorno ao redor de 13% para os próximos anos, a tendência, diz o especialista, é que ele carregue na carteira papéis prefixados que vão oferecer uma taxa de retorno acima do que deve ser o patamar médio da Selic um pouco mais à frente. No boletim Focus, os economistas projetam a taxa básica de juros em 9,25% ao final de 2023.

Investimento em Bolsa é visto com uma dose maior cautela

Em relação ao investimento em Bolsa, Clemente, do Santander, diz que, embora considere que as ações de uma forma geral têm sido negociadas a preços baratos, tem mantido por enquanto uma visão mais neutra quanto à alocação na classe da renda variável.

"Isso não significa dizer que a gente ache que a Bolsa vai cair", afirma. Em todo caso, ele aponta os setores financeiro e de energia entre aqueles que tendem a apresentar um desempenho mais resiliente que a média dos pares, em um cenário que promete volatilidade à frente com a alta de juros nos mercados desenvolvidos e as eleições no Brasil.

Na carteira recomendada para o mês de junho da Santander Corretora, grandes bancos como Itaú e BTG Pactual dividem espaço com nomes variados do setor de commodities –CPFL, Suzano, JBS, Vale e Petrobras são alguns deles.

Com uma visão semelhante, Siqueira, da Guide, entende que vale a pena o investidor manter alguma alocação em Bolsa, mas sendo necessário ter uma visão de longo prazo e estômago para aguentar a volatilidade que ainda deve acometer o mercado de ações nos próximos meses.

"Em um horizonte de 12 a 24 meses, acho muito difícil a Bolsa estar abaixo dos 100 mil pontos, mas não sei se será um investimento que vai conseguir bater a renda fixa", afirma o responsável pela área de pesquisas da corretora.

Siqueira também considera que as ações brasileiras estão sendo negociadas a preços em conta, tendo em vista os resultados apresentados pelas empresas listadas em Bolsa nos últimos balanços trimestrais.

No entanto, ele acrescenta que, ainda que o ciclo de alta dos juros no Brasil esteja perto de acabar, nos Estados Unidos e na Europa, esse é um processo que parece estar apenas começando. E a alta dos juros nos mercados desenvolvidos, diz o especialista, tende a causar dias de intensa volatilidade para os mercados acionários em escala global.

De todo modo, para o investidor interessado em manter alguma alocação do portfólio em Bolsa neste momento, a recomendação de Siqueira tem sido de concentrar os esforços nos papéis conhecidos como "small caps", de menor capitalização de mercado.

Ele explica que essa é uma categoria em que a maior parte das ações é formada por empresas cujo foco central está mais voltado para o mercado doméstico, menos suscetíveis, portanto, ao risco de desaceleração da economia global.

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