99 e chinesa BYD fazem parceria para ter frota de carros elétricos em São Paulo neste ano

Empresa fará testes a partir desta semana e tem planos para alcançar 300 veículos do tipo na cidade em 2022

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Alberto Alerigi Jr.
São Paulo | Reuters

A empresa de transporte urbano por aplicativo 99 está acelerando estratégia para incentivar a adoção de veículos elétricos em sua frota no Brasil e tem planos de alcançar mais de 300 carros com essa motorização até o final do ano.

A companhia, maior rival da Uber no Brasil e controlada apela chinesa DiDi Chuxing, acertou uma parceria com a também chinesa BYD para iniciar testes a partir desta semana na cidade de São Paulo com um carro elétrico da marca desenvolvido, segundo as empresas, especificamente para o uso por motoristas de aplicativo.

A BYD é a maior fabricante de veículos elétricos do mundo em vendas unitárias e uma importante parceira da DiDi na China, que já possui mais de 1 milhão de veículos elétricos e híbridos cadastrados em sua plataforma no país asiático, disse Thiago Hipólito, diretor de inovação da 99.

"Queremos replicar isso no Brasil. O que vimos é que a adoção maciça do carro elétrico na China passou pelo motorista de aplicativo e isso gerou uma demanda natural pela infraestrutura" de suporte a esses veículos, como estações de recarga de bateria", disse Hipólito.

Pessoas visitam o estande da BYD em feira em Xangai, China - Aly Song - 19.abr.2021/Reuters

A 99, cuja unidade de inovação DriverLAB tem um orçamento de investimento neste ano de R$ 100 milhões e de 250 milhões nos próximos três anos, tem como objetivo conseguir mais motoristas para sua plataforma e o carro elétrico é justamente uma das formas da empresa buscar conseguir isso.

Segundo a companhia, que já faz testes com outros carros da sino-brasileira Caoa Chery, o veículo da BYD a ser testado em São Paulo, D1, tem autonomia para 370 quilômetros e recursos como espaço ampliado para os passageiros. Como é elétrico, pode gerar uma economia de custo aos motoristas da ordem de 80%, incluindo combustível e manutenção, disse o executivo.

A intenção, disse Hipólito, não é a 99 comprar carros elétricos das montadoras para colocar na plataforma, mas facilitar a sua implementação via aluguel pelos motoristas junto a locadoras dado o preço salgado desses modelos no país. O D1, por exemplo, tem um preço no varejo de cerca de 270 mil reais, informou a montadora.

A 99 lançou em abril um grupo chamado Aliança pela Mobilidade Sustentável, que além da BYD e da Caoa Chery, reúne as empresas de aluguel de carros Movida e Unidas, esta última adquirida pela Localiza, e também as redes de postos de combustíveis Ipiranga e Raízen, entre outras empresas.

A meta é alcançar até o final do ano mais de 300 carros elétricos, além dos atuais 180 a bateria e híbridos na plataforma, por meio da Aliança, disse o diretor de inovação.

A criação do grupo veio com crescimento acelerado das vendas de veículos elétricos e híbridos no Brasil. Em junho, 1.087 carros elétricos foram vendidos no país, quase o dobro do comercializado em maio. Os híbridos tiveram vendas de quase 3.000 unidades, segundo dados da associação de montadoras Anfavea. A participação do segmento elétrico/híbrido no total das vendas do primeiro semestre foi de 2,4% ante 1,8% em todo o ano passado.

Os números unitários de vendas são baixos em grande parte pelo alto preço dos veículos elétricos e híbridos no país e pela falta de fabricantes. Atualmente, apenas a Toyota e Caoa Chery produzem automóveis híbridos no Brasil, enquanto os elétricos são importados.

"O ponto central (da Aliança) é trazer parceiros para resolver os problemas de forma conjunta. O objetivo agora é trazer os carros da China", disse o diretor de inovação da 99 ao ser questionado se os veículos da BYD poderiam ser produzidos no Brasil como forma de baratear o custo.

PLANOS OUSADOS

Questionada sobre isso, a BYD, que já fabrica ônibus elétricos no interior de São Paulo desde 2015, afirmou em comunicado que tem "planos ousados" para o mercado brasileiro e que faz parte de seus objetivos "eventualmente também produzir automóveis no país".

"A ideia é lançar dois modelos híbridos plug-in a partir de setembro, veículos que devem trazer volume de vendas (no patamar de 10 mil a 20 mil unidades por ano) para a empresa justificar e começar a pensar em investimentos para produção local", disse a montadora chinesa.

Do lado da 99, a empresa tem um compromisso público de ter 10 mil carros elétricos cadastrados em sua plataforma até 2025. Atualmente, a empresa tem mais de 750 mil motoristas ativos mensais no Brasil para atender mais de 20 milhões de usuários.

Os impactos da pandemia e da crise econômica aceleraram estes números, disse Hipólito, e por isso o foco da 99 em reduzir o custo de operação dos motoristas, já que a inflação dos combustíveis tem atuado como freio de oferta ao espremer o ganho dos motoristas.

Nessa frente, disse Hipólito, além dos testes com carros elétricos, a 99 tem dado incentivo para a aquisição pelos motoristas de sistemas de GNV (gás natural veicular), mais barato que gasolina e etanol. A solução da motorização a GNV segundo o executivo, "é praticamente exclusiva do Brasil" e tem atraído atenção da DiDi na China.

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