Banco Central Europeu aumenta juros pela 1ª vez em uma década

Banco subiu taxas mais do que o esperado para conter inflação desenfreada

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Balazs Koranyi Francesco Canepa
Frankfurt | Reuters

O BCE (Banco Central Europeu) aumentou as taxas de juros mais do que o esperado nesta quinta-feira (21), confirmando que as preocupações com a inflação desenfreada superam as questões envolvendo o crescimento, mesmo enquanto a economia da zona do euro se recupera do impacto da guerra da Rússia na Ucrânia.

O BCE elevou sua taxa de depósito em 0,50 ponto percentual, para zero, quebrando sua própria orientação de um movimento de 0,25 ponto e juntando-se a seus pares globais no aumento dos custos de empréstimo. Foi o primeiro aumento de juros pelo banco central da zona do euro em 11 anos.

Encerrando uma experiência de oito anos com taxas de juros negativas, o BCE também aumentou sua principal taxa de refinanciamento para 0,50% e prometeu novos aumentos possivelmente já em sua próxima reunião, em 8 de setembro.

Frente do prédio do Banco Central Europeu, em Frankfurt, Alemanha - Wolfgang Rattay/Reuters

"Mais normalização das taxas de juros será apropriada", disse o BCE. "A antecipação hoje da saída dos juros negativos permite que o Conselho faça uma transição para uma abordagem reunião a reunião em relação às decisões sobre as taxas de juros", disse o BCE.

O banco havia orientado durante semanas os mercados a esperarem um aumento de 0,25 ponto, mas fontes próximas à discussão disseram que um aumento de 0,50 ponto estava em jogo pouco antes da reunião, uma vez que indicadores apontavam para uma maior deterioração das perspectivas de inflação.

Com a inflação já se aproximando dos dois dígitos, existe o risco de ela se enraizar acima da meta de 2% do BCE, e qualquer falta de gás durante o inverno deve elevar os preços ainda mais.

Economistas consultados pela Reuters previam um aumento de apenas 0,25 ponto, mas a maioria disse que o banco deveria de fato optar por 0,50 ponto, elevando sua taxa de depósito da mínima recorde de -0,5% para zero.

O BCE também concordou em fornecer ajuda extra aos países mais endividadas do bloco monetário, aprovando um novo esquema de compra de títulos chamado TPI (Instrumento de Proteção de Transmissão), destinado a limitar o aumento de seus custos de empréstimo e limitar a fragmentação financeira.

"A escala das compras de TPI depende da gravidade dos riscos enfrentados pela transmissão da política monetária", disse o BCE. "O TPI garantirá que a postura de política monetária seja transmitida sem problemas em todos os países da zona do euro".

Quando os juros sobem, os custos dos empréstimos aumentam desproporcionalmente para países como Itália, Espanha ou Portugal, uma vez que os investidores exigem um prêmio maior para manter suas dívidas.

O aumento de 0,50 ponto pelo BCE nesta quinta-feira ainda o deixa atrasado em relação aos seus pares globais, particularmente o Federal Reserve, que elevou os juros dos Estados Unidos em 0,75 ponto no mês passado e deve adotar movimento pela mesma margem em julho.

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