Bolsonaro transforma posse na Caixa em palanque, ataca STF e ignora assédio

Presidente não cita acusações contra Guimarães e afirma que atual gestão será continuidade da anterior

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) transformou nesta terça-feira (5) a posse da nova presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, em palanque político e ignorou as acusações de assédio contra o ex-comandante do banco estatal, Pedro Guimarães. Segundo Bolsonaro, a nova gestão será uma continuidade da anterior.

No discurso, o mandatário também voltou a atacar o STF (Supremo Tribunal Federal) e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e a levantar suspeitas, sem provas, sobre as urnas eletrônicas.

Apesar de a posse ter ocorrido em solenidade fechada, o chefe do Executivo transmitiu parte da cerimônia nas redes sociais e ignorou o período de defeso eleitoral, que impõe diversas restrições ao governo, como o veto à exaltação de realizações do Executivo.

Daniella Marques durante a posse como nova presidente da Caixa, em Brasília - Gabriela Biló/Folhapress

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, também estiveram no evento.

Ambos exaltaram o desempenho de Bolsonaro à frente do governo federal e elogiaram a escolha por Marques para substituir Guimarães.

Lira afirmou que o banco ganha uma "excelente executiva" com a chegada de Marques.

"Uma executiva que vem com selo para corrigir distorções que são... Impossíveis de qualquer brasileiro admitir em pleno século 21. Se elas aconteceram, se resolvam da maneira mais rápida e mais severa possível", disse.

O mandatário também elogiou a nova presidente da estatal e disse que ela prosseguirá com o trabalho do antecessor.

"Não começa uma nova era aqui na Caixa, a Caixa continua. Tem agora uma presidente, que é competente, que mostrou lá atrás o seu valor, que lutou, que se empenhou. É difícil a gente ver mulher na economia, mas a Dani, o espaço da mulher é em qualquer lugar, não precisa colocar cota para mulher, ela vai pelos seus próprios méritos", declarou.

Nesta terça (4), na primeira vez em que falou sobre o caso do ex-dirigente da Caixa e as acusações de assédio sexual, Bolsonaro se limitou a dizer que o executivo foi afastado, mas depois corrigiu e falou que Guimarães foi quem pediu o afastamento.

"Foi afastado o presidente da Caixa, tá respondido? Ou melhor, ele pediu afastamento, tá?", disse em conversa com apoiadores.

O presidente e Guimarães eram próximos. O executivo chegou a pleitear a vaga de vice na chapa de reeleição do mandatário neste ano. Deixou o cargo dizendo ser vítima de perseguição.

Bolsonaro aproveitou para mencionar a filha Laura, que estava na plateia e cuja aparição pública em eventos do governo é rara. No palco, ao lado do presidente, estava a primeira-dama Michelle.

Bolsonaro diz que espera aprovação de PEC nesta semana

O chefe do Executivo afirmou que há um casamento "quase que perfeito" com o Legislativo e disse que espera que seja promulgada ainda nesta semana a PEC que autoriza bilhões para caminhoneiros, taxistas e Auxílio Brasil em ano eleitoral.

"90% do que eu faço depende do Parlamento e o Parlamento colabora, como vem colaborando agora nessa PEC, que foi aprovada pelo Senado e está na Câmara. Deve ser votada nesta semana e, se Deus quiser, promulgada nesta semana ainda", disse.

O presidente retomou os ataques à cúpula do Judiciário. Ele criticou a possibilidade de o Supremo refutar a tese do marco temporal das terras indígenas, que visa estabelecer que os indígenas que não estavam em suas terras na data da promulgação da Constituição de 1988 não teriam direito de reivindicar a demarcação da área.

Edson Fachin, por exemplo, já votou nesse sentido –o julgamento foi interrompido por pedido de vista (quando um ministro pede mais tempo para analisar o caso) de Alexandre de Moraes.

O mandatário também voltou a levantar suspeitas, sem provas, sobre o sistema eletrônico de votação. Além disso, criticou a cassação do mandato de Fernando Francischini, determinada pelo TSE por ter afirmado que as urnas foram fraudadas em 2018 a favor de Fernando Haddad (PT), que era seu adversário no pleito.

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