Cerveja mais cara, startup de telemedicina capta R$ 200 mi e o que importa no mercado

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A cerveja não escapou da inflação no Brasil, o terceiro maior consumidor mundial do produto, e seu preço avançou 11,1% entre junho de 2021 e maio de 2022, segundo uma pesquisa da Nielsen obtida pela Folha.

Para tentar evitar um freio expressivo no consumo da bebida, o setor prevê um repasse menor dos custos para os bares, enquanto nos supermercados o brasileiro deve deixar de lado as marcas premium.

O que explica: cevada e malte ficaram mais caras no contexto da guerra na Ucrânia, enquanto por aqui o custo do frete aumentou junto com a alta dos preços do diesel.​

Nos bares, há uma negociação com a indústria para o repasse ser menor diante do retorno da circulação após as restrições da pandemia, diz Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, a associação de bares e restaurantes.

  • A ideia é priorizar as embalagens de vidro retornáveis, usadas nesses locais. Como podem ser reutilizadas, acabam custando e poluindo menos que as latas de alumínio.

Nos supermercados, a expectativa é pelo aumento da venda de cervejas mainstream, de preço médio, numa reversão da tendência observada na pandemia, quando o brasileiro aumentou o consumo das cervejas mais caras dentro de casa.

Em números: enquanto o aumento anunciado pelas cervejarias é esperado para o período de agosto a outubro, a tendência de menor repasse para os bares já aparece nos dados do IPCA.

  • No acumulado de 12 meses encerrados em maio, houve variação de 5,22% no preço da cerveja nos bares, enquanto nos domicílios a alta foi de 9,38%.
  • A estratégia faz sentido para a indústria também porque os bares e restaurantes responderam por 59% das vendas em volume no ano passado, segundo dados da empresa de pesquisas Euromonitor.

Agridoce

Ano de Copa do Mundo costuma gerar expectativa de alta no consumo para o varejo em um época de vendas mornas para o setor.

Em 2022, porém, o mundial de seleções disputado no Qatar começa só em novembro –não em junho, como nas outras edições– e pode encavalar com outras compras de fim do ano.

Essa é a preocupação de Roberto Fulcherberguer, presidente da Via (dona das redes Casas Bahia e Ponto), na estreia da Entrevistas com o Empresariado, nova série da Folha.

Por que é diferente: a Copa que tradicionalmente impulsiona a demanda por televisores vai dividir a atenção e a carteira dos brasileiros com as vendas de Black Friday e Natal.

  • Isso enquanto o consumidor vê seu poder de compra corroído pela inflação e o crédito encarecido pela alta de juros.
Roberto Fulcherberguer, CEO da Via
Roberto Fulcherberguer, CEO da Via - Danilo Verpa/Folhapress

Pressão dos custos: a Via diz que o preço mais alto do frete devido ao diesel mais caro a atinge com menos força.

  • Fulcherberguer afirma que o impacto é menor porque metade das entregas da companhia é feita a partir de suas unidades físicas –classificadas pelo termo "last mile", a última etapa antes do produto chegar ao consumidor.

Mais sobre inflação no varejo:

Em 12 meses até maio os preços de vestuário acumularam alta de 16,08%, conforme o IPCA. É a maior inflação do setor desde julho de 1995, quando o país vivia os impactos da transição para o Plano Real.


Startup da Semana: Conexa Saúde

O quadro "Startup da Semana" traz às segundas o raio-x de uma startup que recebeu aporte recentemente.

A startup: fundada em 2017, a Conexa Saúde é uma plataforma de saúde digital voltada para o atendimento por telemedicina.

Em números: a healthtech (startup de saúde) anunciou ter recebido um aporte de R$ 200 milhões em uma rodada Série C (entenda aqui as etapas de investimento em startups). Essa foi a maior captação registrada na América Latina na semana passada.

Os investidores: o aporte foi liderado pelo Goldman Sachs e também teve participação de General Atlantic, Igah Ventures e Endeavor.

Que problema resolve: a plataforma conecta médicos, instituições e pacientes por meio da telemedicina. Tem também um produto desenhado para as empresas com serviços de saúde digital para os funcionários.

Por que é destaque: além do expressivo valor captado em época de vacas magras para startups, o investimento mostra o interesse para o mercado de telemedicina no país, que deve somar 30 milhões de consultas neste ano.

Mais sobre a startup: o CEO Guilherme Weigert disse em entrevista ao site Brazil Journal que a startup "está muito perto de começar a gerar caixa", o que deve acontecer em nove meses.

Principais clientes: seus serviços são utilizados por operadoras, como Unimed, Bradesco Saúde, NotreDame Intermédica, e por grandes empresas que oferecem o benefício aos funcionários, caso de Vale, Magazine Luiza, BRF, Mercado Livre, entre outras.


A semana em resumo

Foram 15 rodadas de captação feitas na América Latina, com US$ 157 milhões (R$ 834 milhões) em investimentos, o triplo da semana anterior. O Brasil liderou o número de aportes (11) e o volume captado pelas startups (US$ 119 milhões ou R$ 632 milhões).

Os dados são fornecidos pela plataforma Sling Hub.


Cresce procura por ativos isentos de IR

Com a promessa de um retorno real (acima da inflação) em torno de 6% ao ano e sem incidência de IR (Imposto de Renda), títulos emitidos por bancos e grandes empresas têm sido mais procurados pelos investidores brasileiros.

Nessa classe estão LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), LCAs (Letras de Crédito Agrícola), LIGs (Letras Imobiliárias Garantidas), CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) e debêntures incentivadas de infraestrutura.

Sopa de letrinhas: cada título tem características distintas que devem ser levadas em conta pelo investidor.

  • As LCIs e LCAs têm cobertura do FGC, que garante o retorno do valor aportado de até R$ 250 mil por CPF e conglomerado financeiro, em caso de alguma bronca com a instituição na hora de honrar com o pagamento.
  • As menos conhecidas LIGs têm garantia da própria instituição que emitiu os títulos e de uma carteira de financiamentos imobiliários, que fica separada do patrimônio do banco.
  • Para os CRIs, CRAs e debêntures incentivadas, esses tipos de garantia não existem. Nesse caso, os investidores têm que analisar com uma lupa ainda maior a saúde financeira das empresas emissoras da dívida e as características do título.

Em números: todos os títulos citados apresentaram alta no volume de emissões de janeiro a maio deste ano em relação ao mesmo intervalo de 2021. O levantamento foi feito pela B3 a pedido da Folha.

  • Destaque para as LCAs, que somaram R$ 115,3 bilhões ante R$ 52,4 bi no ano passado e para as debêntures incentivadas de infraestrutura, que passaram de R$ 136,4 bi para R$ 192,5 bi.

Mais sobre investimentos:

  • O novo Plano Safra aumentou de 50% para 70% a possibilidade de uso dos recursos das LCAs e deve criar bons caminhos para investidores que buscam aproveitar o atual momento favorável, escreve o colunista Marcos de Vasconcellos.
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