Crise na Argentina, corrida por internet via satélite e o que importa no mercado

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Argentina em crise

A diferença entre o dólar paralelo e o oficial na Argentina chegou a mais de 150% —nível visto pela última vez durante a hiperinflação no país em 1989-1990, segundo a corretora Portfolio Personal Inversiones.

Boa parte dos produtos locais é reajustada pelo dólar "blue". O índice de preços no país chegou a 64% no acumulado de 12 meses em junho e deve superar os 90% até o final do ano, segundo o Morgan Stanley.


O que pressiona o dólar paralelo:

  • Dívida: desde calote em 2020, o país está praticamente excluído do mercado internacional de dívidas. Isso dificulta bastante o financiamento, que fica vinculado à inflação e às taxas de juros locais, cada vez mais altas.
  • Moeda sem credibilidade: como as pessoas não confiam no peso, quem recebe nessa moeda corre para converter a divisa, e quem exporta em dólar não pensa em repatriar os recursos.
  • Poupança baixa: as reservas líquidas da Argentina em moeda estrangeira giram em torno de apenas US$ 2,4 bilhões, o que aumenta o prêmio de risco exigido pelos investidores para emprestar dinheiro ao país.
  • Subsídios: o governo tem emitido cada vez mais moeda para dar conta de financiar a dívida e os subsídios, principalmente os relacionados aos preços da energia.

O compromisso com o FMI: um gatilho recente para a disparada do dólar paralelo foi a saída do ministro da Economia, Martín Guzmán, por divergências com a vice-presidente Cristina Kirchner.

  • Ele foi o responsável por negociar um acordo de reestruturação da dívida de US$ 44 bilhões com o órgão internacional, que tem como bases a queda do déficit fiscal em três anos e a redução da emissão de dinheiro pelo banco central.
  • A sucessora de Guzmán, Silvina Batakis, teve uma primeira conversa com Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, que classificou a ligação como "muito boa".
  • O problema é que o país está limitado pelo acordo a imprimir 765 bilhões de pesos (US$ 5,8 bilhões) durante todo o ano para financiar seu déficit, enquanto o banco central já imprimiu 630 bilhões de pesos até agora.

Big techs e a mineração ilegal

As big techs Apple, Microsoft, Google e Amazon têm entre seus fornecedores mineradoras investigadas por atividades em áreas de garimpo ilegal na Amazônia, segundo uma reportagem da agência Repórter Brasil.

Entenda: em 2020 e 2021, essas empresas compraram ouro – que é usado em componentes eletrônicos– de diversas refinadoras, entre elas a italiana Chimet e a brasileira Marsam, segundo documentos acessados pela Repórter Brasil.

  • A segunda tem uma fornecedora acusada pelo Ministério Público Federal de provocar danos ambientais por conta da aquisição de ouro ilegal.

Outro lado:

  • Depois de ter sido procurada pela agência Repórter Brasil, a Apple afirmou em nota ter removido a Marsam da lista de fornecedores. A Chimet, no entanto, permanece apta.
  • Google, Microsoft e Amazon disseram que não comentariam.
  • A CHM, fornecedora da Chimet investigada pela PF, diz que "nunca adquiriu ouro proveniente de terras indígenas". A FD’Gold, fornecedora da Marsam, não se manifestou.

A corrida pela internet via satélite

A proposta de fusão entre a operadora francesa de satélites Eutelsat e a britânica OneWeb, confirmada pelas empresas nesta segunda (25), é o mais novo sinal de expansão do mercado de internet de alta velocidade via satélites de baixa órbita.

Entenda: esse tipo de conexão tem utilidade principalmente para áreas remotas, onde a internet fibra ótica não chega, e pode ajudar a tirar do papel projetos grandiosos em alto mar ou no deserto, por exemplo.

  • Ela funciona como uma "constelação" de satélites de baixa altitude, ou seja, que ficam em órbita a até 2.000 km distantes do solo. Eles ficam viajando ao redor do planeta e geram conexão com os terminais em solo.
Satélite de baixa altitude da Eutelsat, francesa que negocia fusão com a britânica OneWeb
Satélite de baixa altitude da Eutelsat, francesa que negocia fusão com a britânica OneWeb - Yann Coatsaliou - 19.nov.2019/AFP

Quem mais está na briga:

  • Elon Musk: a SpaceX já mandou ao espaço metade dos 4.400 satélites de sua constelação Starlink. O empresário veio ao Brasil para anunciar um projeto que conectaria 19 mil escolas da zona rural, o que atenderia apenas 27,2% do necessário para o país.
  • Amazon: a big tech disse em abril ter feito a maior encomenda de foguetes da história para lançar a maioria dos seus 3.236 satélites em cinco anos.
  • Governos: a China planeja implantar nada menos que 13 mil satélites "Guowang", enquanto a União Europeia cita a "soberania" como motivo para ter sua própria constelação, a partir de 2024.

Os problemas: esses satélites de baixa órbita são mais baratos que os geoestacionários, mas acabam tendo uma vida útil menor. Isso pode acabar gerando uma grande quantidade de lixo espacial no futuro.


Beluga no Brasil

Uma das aeronaves mais celebradas pelos fãs de aviação no mundo pousou pela primeira vez no Brasil neste fim de semana. O Airbus Beluga ST esteve no domingo no aeroporto de Fortaleza e chegou nesta segunda a Campinas.

O voo, transmitido ao vivo pelas redes sociais, foi o mais visto do mundo nas plataformas de rastreamentos FlightRadar24 e Radarbox. Ele chegou a ser acompanhado por mais de 8.000 pessoas simultaneamente.

O que veio fazer: a viagem foi para trazer da França um helicóptero da Airbus que será entregue a um cliente brasileiro.

Por que o Beluga: o avião, que inicialmente era usado pela fabricante francesa para carregar peças de aeronaves, possibilita transportes de carga de grande dimensão, como helicópteros, motores e satélites, mesmo com sua capacidade de apenas 40 toneladas.

Em números: o Beluga ST que veio ao Brasil foi desenvolvido a partir do Airbus A300-600 e tem 39 metros de comprimento, 7,1 metros de largura e 6,7 metros de altura.

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