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Governo vê PIB maior e inflação menor em 2022

Ministério da Economia projeta crescimento de 2% e reduz estimativa do IPCA para 7,2%

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Brasília

O Ministério da Economia revisou para baixo a expectativa de inflação neste ano, diminuindo de 7,9% para 7,2%, e elevou a estimativa do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2022, de 1,5% a 2%.

Para 2023, a estimativa de inflação subiu de 3,6% para 4,5%, enquanto a projeção do PIB foi mantida em alta de 2,5%.

As projeções divulgadas nesta quinta-feira (14) estão no Boletim Macrofiscal, atualizado bimestralmente pela SPE (Secretaria de Política Econômica). Os dados anteriores haviam sido anunciados pela pasta em maio e, como servem de referência para ajustar a execução orçamentária, são revisados periodicamente.

O ministro Paulo Guedes (Economia) em coletiva no Palácio do Planalto - Adriano Machado/Reuters

A projeção de inflação mais baixa em 2022 incorpora o impacto de medidas legislativas aprovadas nos preços de combustíveis, energia elétrica, transportes e telecomunicações.

No fim de junho, o Congresso fixou um teto de 17% a 18% para a cobrança de ICMS sobre esses itens tidos como "essenciais", além de ter aprovado um corte de tributos federais sobre gasolina e etanol.

Apesar da redução, a nova estimativa para a inflação para este ano ainda é superior ao dado divulgado em março, de 6,55%.

A taxa prevista de 7,2% para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) supera a meta a ser perseguida pelo BC. O valor fixado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para 2022 é de 3,5% —com 1,5 ponto percentual de tolerância para mais ou para menos.

O BC até mesmo já admite o estouro da meta de inflação pelo segundo ano consecutivo. Quando a projeção se confirmar, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, deverá escrever uma nova carta ao ministro da Economia explicando as razões para o descumprimento do objetivo. ​A inflação fechou 2021 em 10,06%.

Já a projeção de inflação para 2023 mais elevada é explicada pelo secretário de Política Econômica, Pedro Calhman, por mais de um fator.

"Tem um efeito de inércia inflacionária, na medida em que os indicadores de inflação têm vindo um pouco mais fortes do que o projetado, tem o efeito da taxa de câmbio mais elevada devido a fatores globais, e também tem um impacto pequeno do retorno das desonerações que foram feitas para esse ano", disse.

A estimativa do Ministério da Economia para o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) caiu de 8,1% para 7,41%. Esse índice é usado na correção do piso nacional do salário mínimo e de outros benefícios sociais.

Já a projeção da pasta para o IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) saltou de 11,40% para 11,51%. Esse índice tem uma abrangência maior para medir a alta dos preços, pois engloba também o setor atacadista e a construção civil.

A nova projeção do PIB, adiantada pela Folha, reflete uma melhora na perspectiva para a atividade econômica em 2022 diante de números positivos observados na produção industrial, na retomada do setor de serviços e na recuperação do mercado de trabalho.

"Os fundamentos que sustentam o crescimento continuam fortes, tanto do desempenho do emprego, do investimento quanto da taxa de confiança. Isso que fundamentou a revisão do crescimento", disse Calhman.

Com a atividade mais aquecida nos últimos meses, o mercado também mostra otimismo com o desempenho do PIB para este ano e, assim como o governo, vem revisando para cima suas estimativas.

No último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (11), a projeção mediana para a expansão do PIB subiu de 1,51% para 1,59%. Algumas instituições financeiras já estimam crescimento de 2%.

Para 2023, o mercado vê o PIB com pessimismo e prevê alta de 0,50%, enquanto o governo mantém a projeção de crescimento de 2,5%. "Nós não vemos nenhum motivo para reduzir ou para ajustar essa projeção. Estamos bastante convictos dela", disse Calhman.

Em meio à corrida presidencial, o governo Jair Bolsonaro (PL) tem aprovado medidas que sustentam a atividade econômica.

Nesta quarta (13), a Câmara dos Deputados aprovou a PEC (proposta de emenda à Constituição) que turbina benefícios sociais, elevando o piso do Auxílio Brasil a R$ 600, criando um auxílio a caminhoneiros de R$ 1.000 mensais e duplicando o valor do Auxílio Gás para cerca de R$ 120.

No início do ano, o governo já havia liberado um saque extraordinário de R$ 1.000 a trabalhadores com recursos no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

Essas medidas amenizam os efeitos do aperto monetário promovido pelo BC, que levou a taxa básica de juros (Selic) a 13,25% ao ano na última reunião, em maio, e dificultam a tarefa da autarquia de controlar a inflação.

O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta quinta que a situação fiscal do país não será prejudicada pela aprovação da PEC.

"Nós contamos com receitas extraordinárias não orçadas e contamos com arrecadação extraordinária ainda não orçada, em torno de R$ 57 bilhões, que cobrem exatamente a PEC de R$ 41 bilhões, mais a redução de impostos em torno de R$ 16 bilhões", afirmou.

Segundo Calhman, os efeitos da PEC dos bilhões não estão incluídos nas novas projeções macroeconômicas do Ministério da Economia. "Não é possível medir diretamente o impacto da PEC, mas não é um fator central, não é um fator significativo na nossa revisão", disse.​

De acordo com o secretário, a equipe econômica não vê "embasamento" para dizer que a proposta aprovada pelo Congresso elevaria a inflação neste ano.

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