Descrição de chapéu inflação juros G20

Inflação do Brasil está entre as mais altas do mundo, mostra relatório

País fica em 4º lugar considerando as economias do G20, aponta OCDE

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São Paulo

O Brasil está perto do topo do ranking dos países que puxam a fila da inflação mundial, segundo relatório divulgado nesta terça-feira (5) pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Na lista de 19 países mais a União Europeia que compõe o G20 (grupo das 20 maiores economias do planeta), somente Turquia, Argentina e Rússia têm inflação acima da brasileira no acumulado em 12 meses até maio deste ano, embora os ocupantes do pódio ostentem taxas muito superiores à nacional.

Enquanto a alta de preços no Brasil alcançou 11,7% no período, a da Turquia disparou 73,5%. As taxas na Argentina e na Rússia atingiram 60,7% e 17,1%, respectivamente.

Consumidores passam por bancas com preços de alimentos em mercado do Rio de Janeiro
Consumidores passam por bancas com preços de alimentos em mercado do Rio de Janeiro - Ricardo Moraes - 8.abr.2022/Reuters

Considerando todo o grupo do G20, a inflação acumulada no período é de 8,8%.

No relatório ampliado da inflação dos 38 países que fazem parte da OCDE, o índice de preços ao consumidor subiu para 9,6% em maio, em comparação com 9,2% em abril. Isso representa a maior inflação nesse grupo desde agosto de 1988.

Além de incluir parte das principais potências econômicas globais, a OCDE tem entre seus membros países como Bélgica, Chile, Colômbia, Costa Rica e Dinamarca. O Brasil não está na organização.

Alimentos e energia foram reportados pela organização como setores com relevante contribuição para a escalada dos preços.

Na área coberta pela OCDE, a inflação dos alimentos atingiu 12,6% em maio, contra 11,5% de abril. No caso da energia, a disparada acumulada no custo atingiu 35,4%, também em maio, acima dos 32,9% em abril.

Economistas e analistas de mercado apontam dois grandes motivos para a disparada mundial dos preços. O primeiro está relacionado aos gargalos no escoamento de bens e insumos provocados pelas interrupções de atividades devido às políticas sanitárias de controle das infecções pelo coronavírus.

Essas paralisações foram acompanhadas de estímulos econômicos, criados com injeções de recursos no mercado financeiro através de compras de ativos e reduções de taxas de juros, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa.

Com o avanço da vacinação e a redução das restrições sanitárias, porém, a demanda cresceu além da capacidade de produção e distribuição. Isso gerou uma inflação global provocada pela baixa oferta.

A invasão da Ucrânia pela Rússia agravou os problemas na oferta, sobretudo a de grãos e, ainda mais, a de derivados do petróleo. A guerra é, portanto, regularmente apontada como o motivo secundário para a disparada nos preços.

No centro da pressão inflacionária agravada pelo conflito na Europa está o embargo de Estados Unidos e União Europeia ao petróleo da Rússia, uma das principais produtoras globais da matéria-prima.

Além disso, os russos são aliados da Opep, cartel de países produtores que já informou diversas vezes não ter a intenção de acelerar sua produção ao ritmo exigido pelo Ocidente.

Recentemente, porém, a preocupação com a inflação passou a dividir espaço com o temor de uma recessão mundial, resultando na queda do petróleo. O barril do Brent caiu quase 10% terça-feira, embora ainda acumule alta de mais de 30% neste ano.

Para tentar frear a maior inflação no país em 40 anos, o Fed (banco central dos Estados Unidos) aplicou em junho um aumento de 0,75 ponto percentual da sua taxa de juros. Essa foi a maior elevação desde 1994.

Investidores temem que o Fed e outras autoridades monetárias das principais economias exagerem na alta dos juros e que essa restrição ao crédito provoque a desaceleração da economia mundial.

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