Lula promete mercado consumidor a empresários e diz que Alckmin será 'vice de verdade'

Petista afirmou que não sabe como comércio imagina futuro com 30 milhões de pessoas passando fome

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Brasília

Em um aceno a empresários do comércio e do turismo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (12) que pretende garantir um mercado consumidor mais pujante para impulsionar o setor em um eventual novo governo.

O petista também colocou o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) em posição de protagonismo e disse que ele "não será um vice de brinquedo, será um vice de verdade". O pré-candidato a vice na chapa de Lula é um importante interlocutor dos empresários do segmento.

Lula e Alckmin participaram de um evento da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), em Brasília, com cerca de 200 empresários e receberam um documento com as propostas da entidade para o setor.

O encontro foi fechado, mas o áudio do ex-presidente Lula foi disponibilizado por sua assessoria de imprensa depois.

O ex-presidente Lula em ato público em Brasília no centro de convenções - Gabriela Biló - 12.jul.2022/Folhapress

Em seu discurso, o petista ressaltou diversas vezes que o crescimento da economia depende de os brasileiros terem renda para consumir bens, serviços e até mesmo viajar.

"Eu não sei como os empresários do comércio imaginam o seu futuro sabendo que nós temos 30 milhões de pessoas que não têm o que comer. Sabendo que você tem 105 milhões de pessoas com algum problema de insegurança alimentar. Sabendo que as pessoas estão desempregadas, e os que estão empregados [estão] ganhando menos do que ganhavam há dez anos", disse Lula.

"O que eu posso garantir para quem vive de comércio, para quem vive de turismo, para quem vive de crédito, é mercado", acrescentou.

O ex-presidente não detalhou quais medidas serão adotadas para assegurar maior poder de compra para a população. Mas ele recorreu a situações recentes, como pessoas recolhendo restos de comida ou se alimentando de carcaças de frango, para dizer que um cenário como esse dificulta a retomada do turismo e do comércio.

Lula disse que quem assumir a Presidência em 1º de janeiro terá sob seu comando "um país infinitamente pior" do que em 1º de janeiro de 2003, quando ele recebeu a faixa presidencial de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

O petista também buscou se colocar como uma figura afeita ao diálogo e disposto a negociar com os diferentes setores da economia.

A Folha também teve acesso a um trecho da fala de Alckmin. Ele afirmou que é preciso diálogo e desenvolvimento, e que vê em Lula as habilidades necessárias para isso.

"Quero dar o meu testemunho. Fui governador três vezes com o presidente Lula [na Presidência], sempre de oposição. Nunca tivemos um conflito, pelo contrário: cooperação, cooperação, que deve ser a marca da federação brasileira", afirmou.

"Nós tivemos nos oito anos do presidente Lula uma média de mais de 4% de crescimento do PIB, sendo, no último ano, 2010, 7,5% de crescimento da economia brasileira, sem inflação e com reformas importantes."

"Ele [Lula] disse que a visão dele é de democracia, de entendimento, de negociação, e, obviamente, é isso que nós queremos", afirmou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.

No mês passado, o documento da CNC foi entregue ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) e à senadora Simone Tebet (MDB), pré-candidata do MDB à Presidência da República. O encontro com Bolsonaro também foi fechado para a imprensa.

A agenda da Confederação é baseada em oito temas considerados estratégicos: legislação trabalhista, sindical, tributária, empresarial, regulação, turismo, educação e bem-estar social.

Na saída do evento, Tadros disse também que percebeu em Lula uma disposição em "atender às demandas tanto do capital quanto do trabalho", em uma referência a acenos tanto a empresários quanto trabalhadores.

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