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'Na boca do povo e na mão de Deus', diz ex-funcionária multada após dancinha no TikTok

Ex-vendedora de joalheria postou vídeo com testemunhas de processo na Justiça do Trabalho

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São Paulo

​​A jovem Esmeralda Mello, 21 anos, multada pela Justiça do Trabalho após postar dancinha no TikTok ao lado de testemunhas de uma ação contra a empresa na qual trabalhava, diz que está fazendo do "limão uma limonada" após a repercussão do caso.

Em novo vídeo no qual responde a seus seguidores, Esmeralda utiliza bordão atribuído à advogada Deolane Bezerra —"na boca do povo e na mão de Deus"— para dizer como está se sentindo. A resposta é dada em comentário que diz que ela não está se fazendo de vítima.

"Vou fazer o quê? Sentar e chorar? Como diz a Deolane: 'na boca do povo e na mão de Deus. A mãe tá estourada. Esquece", afirma.

Na última semana, a jovem foi assunto de diversas notícias após a divulgação do caso pelo TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região), em São Paulo. No vídeo em que debocha da empresa, postado em novembro de 2021, a legenda diz "eu e minhas amigas indo processar a empresa tóxica".

A Justiça entendeu que houve litigância de má-fé devido à proximidade da ex-funcionária com as testemunhas. A postagem tem mais de 100 mil visualizações. Outro vídeo, publicado há três dias, em que ela brinca com a 'fama repentina', tem mais de 1 milhão de visualizações.

À Folha Esmeralda afirma que está extraindo o máximo de possibilidades da situação. "Eu estou fazendo do limão uma limonada, estou extraindo o máximo de possibilidades disso. Estou de cabeça erguida, a vida continua."

Ela fala ainda que não tinha noção de que o caso ganharia tanta repercussão e se defende. Afirma que não era amiga das testemunhas e que só escreveu isso na legenda porque é um termo muito comum no TikTok. "Usar a palavra amiga é um termo comum na internet."

Esmeralda trabalhou em uma joalheria na zona da sul da capital paulista por cerca de um ano, entre o final de 2020 e o segundo semestre de 2021. Após ser demitida, ela processou a empresa alegando que passou um período sem ser registrada e solicitando o registro em carteira, além de pedir danos morais pelo tratamento recebido no emprego.

Segundo o advogado da jovem, Jeferson Willms, a ex-vendedora ganhou parte da ação, mas foi condenada a pagar 2% de multa ao Judiciário por causa do vídeo no TikTok e teve o depoimento das testemunhas cancelado. Não terá, no entanto, a indenização trabalhista que esperava.

A empresa também foi condenada no processo, afirma Willms, por ter feito comentário desabonador à Justiça do Trabalho e ofendido advogados. A multa é de pouco mais de R$ 400, pois tem como base o valor da causa de cerca de R$ 22 mil, e deverá ser paga por Esmeralda e suas amigas.

De acordo com o advogado Maurício Pepe De Lion, do Feslberg Advogados, cada vez mais as redes sociais, com postagens como vídeos e fotografias, vêm sendo usadas como provas trabalhistas. Além disso, o caso da jovem envolveria uma prática que é condenável na Justiça, de indicar amigos íntimos como testemunhas em processo.

"A legislação hoje em vigor proíbe que amigos íntimos e inimigos prestem depoimentos como testemunhas. Ficou demonstrado que havia intimidade entre elas, o que colocava em risco a principal função do juiz, que é a de obter a verdade real", afirma.

Pepe De Lion orienta empregados e empregadores a se portarem nas redes sociais, não apenas por causa de processos em curso, mas para evitá-los. "Todo mundo tem que ter postura. Essa regra vale para ambos os lados", diz.

A ação de Esmeralda chegou totalmente ao final. Agora, a única coisa que resta a ela é tentar negociar o pagamento dos valores. Em geral, segundo seu advogado, são geradas guias no processo e a jovem terá de quitá-las conforme o que for acordado.

A ex-vendedora segue no mercado de trabalho, mas não mais na área de vendas em joalheria. Formada apenas no ensino médio, diz que pretende transformar a situação em algo bom para ela. "A gente perde aqui e ganha lá."

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