Nova presidente da Caixa quer acelerar pagamento de Auxílio Brasil de R$ 600

Daniella Marques justificou silêncio de Bolsonaro sobre assédios: "Não tem conclusão neste caso"

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Brasília

A nova presidente da Caixa, Daniella Marques, disse nesta terça-feira (5) que o banco e o Ministério da Cidadania já estão em tratativas para acelerar a operacionalização dos pagamentos de benefícios em caso de aprovação da PEC (proposta de emenda à Constituição) pelo Congresso Nacional.

A PEC dos benefícios institui um estado de emergência para permitir ao presidente Jair Bolsonaro (PL) furar o teto de gastos e lançar mão de uma série de bondades em ano eleitoral.

A lista inclui ampliação temporária de R$ 200 no Auxílio Brasil, pagamento em dobro do Auxílio Gás, um vale de R$ 1.000 para caminhoneiros autônomos e um auxílio para taxistas. As medidas valeriam até o fim do ano.

Após tomar posse, a nova presidente da Caixa, Daniella Marques, concede entrevista coletiva na sede do banco - Gabriela Biló/Folhapress

A proposta já foi aprovada no Senado e agora aguarda aval da Câmara dos Deputados para ser promulgada.

Marques disse que se reuniu com o ministro da Cidadania, Ronaldo Vieira Bento, na segunda-feira (4) para traçar um plano de ação para viabilizar os pagamentos rapidamente.

A PEC prevê que todos os benefícios podem ser pagos a partir de julho, à exceção do adicional do Auxílio Brasil, que seria implementado a partir de 1º de agosto.

"A gente já está adiantando as minutas contratuais entre o Ministério da Cidadania e a Caixa para que, se realmente for aprovada e promulgada essa PEC, a gente faça chegar o auxílio para os brasileiros que mais precisam o mais rápido possível", disse Marques.

"Isso depende um pouco ainda da duração do processo legislativo, então não posso afirmar se será no mês de julho ou na próxima janela, mas como é uma camada adicional, a gente consegue operacionalizar provavelmente tudo rápido", afirmou.

A sinalização foi dada em entrevista coletiva após a cerimônia de posse realizada na sede do banco, em Brasília.

Marques foi indicada ao posto após seu antecessor, Pedro Guimarães, ser alvo de denúncias de assédio sexual divulgadas no portal Metrópoles na terça-feira (28).

Uma semana após a revelação de denúncias, a nova chefe do banco justificou o silêncio de Bolsonaro sobre o episódio "porque não tem conclusão neste caso".

"O presidente Jair Bolsonaro tomou a atitude necessária para proteger a imagem da Caixa, afastar envolvidos", disse Marques. "Não tem manifestação ainda nenhuma porque não tem conclusão neste caso."

Bolsonaro participou da cerimônia de posse, que era fechada à imprensa, mas foi transmitida pelas redes sociais. Em seu discurso, ignorou as acusações de assédio contra Guimarães e transformou a ocasião em palanque político.

Na segunda-feira (4), ao falar pela primeira vez sobre as denúncias, o chefe do Executivo foi sucinto. "Foi afastado o presidente da Caixa, tá respondido? Ou melhor, ele pediu afastamento, tá?", disse.

Na avaliação de Marques, a prioridade agora precisa ser a criação de um ambiente seguro para as denunciantes, mas também garantir a "independência das apurações".

"Ninguém tem interesse em perseguir nem proteger ninguém. Eventualmente nesse momento a gente tem que ter rigor e seriedade de obviamente, se aconteceu, as punições cabíveis serão aplicadas", disse.

Ela não deu um prazo para a conclusão das investigações. Na quinta-feira (30), o conselho de administração da Caixa determinou a contratação de uma auditoria externa para apurar os fatos e rastrear demais envolvidos no acobertamento dos episódios de assédio.

A nova presidente anunciou a criação de um canal direto de denúncias, chamado "Diálogo Seguro Caixa". "Vai ser um canal de diálogo exclusivo para mulheres nos próximos 30 dias, diretamente comigo", afirmou. Segundo ela, as 35 mil funcionárias mulheres do banco poderão usar a ferramenta.

Marques disse ainda que provavelmente vai afastar todos os 26 consultores estratégicos ligados à presidência do banco e que foram indicados por Guimarães, não porque todos eles estejam envolvidos nos episódios, mas por um "estilo de gestão".

A nova presidente também não quis revelar se conversou com Guimarães desde sua renúncia, para uma transição do cargo. Ela disse que prefere "preservar o ex-presidente", assim como sua família e a família das possíveis vítimas.

Marques afirmou ainda que desconhece ilegalidades envolvendo obras na mansão em que Guimarães mora em Brasília (DF) e que foram custeadas pela Caixa, como revelou a Folha. As intervenções foram feitas em julho de 2020 por quatro funcionários de uma empresa que mantém contratos com o banco público para realização de serviços de manutenção em seus prédios e agências.

O advogado de Guimarães, o criminalista José Luis Oliveira Lima, confirmou a realização das melhorias e disse que elas foram autorizadas pelo setor de segurança após supostas ameaças recebidas pelo ex-presidente do banco. ​

"O ex-presidente sofria ameaças", disse a nova presidente. "Não é do meu conhecimento que tenha havido nenhuma ilegalidade, mas se houver a gente está comprometido em apurar", afirmou.

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