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Dólar salta 1,41% e real tem pior desempenho entre emergentes

Brasil vai na contramão do mercado, que decide buscar lucros em outros países

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São Paulo

A Bolsa de Valores e, principalmente, a moeda brasileira caminharam na contramão do mercado nesta quinta-feira (11), dia em que investidores decidiram buscar oportunidades em outros países emergentes, considerados mais baratos.

O dólar fechou em forte alta de 1,41%, a R$ 5,16. A queda ocorre um dia após a taxa de câmbio ter recuado ao menor patamar desde a primeira quinzena de junho.

Já o índice Ibovespa, referência para as ações negociadas na Bolsa, cedeu 0,47%, a 109.717 pontos. A baixa do mercado acionário doméstico ocorre após sete altas consecutivas.

Notas de dólar americano
Notas de dólar americano - Dado Ruvic - 8.fev.2021/Reuters

Para especialistas do mercado financeiro, o desempenho negativo das finanças domésticas não tem relação significativa com o risco de maior polarização do cenário político devido a uma possível reação de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) aos atos pró-democracia desta quinta.

Após um período de ganhos da moeda brasileira impulsionados pela maior taxa de juro real do planeta e de recuperação da Bolsa, investidores decidiram se desfazer de ativos valorizados. Houve o que o mercado chama de realização de lucros.

"A queda de hoje [a do real e a do Ibovespa] é um movimento normal, movido muito mais por realização de lucros", disse Fabrício Gonçalvez, presidente da Box Asset Management.

Em uma classificação diária que compara cerca de duas dezenas de moedas de países emergentes, o real teve disparado o pior desempenho frente ao dólar. Caiu 1,21%. A lira turca, penúltima colocada, recuou 0,44%. O rublo russo foi a divisa mais valorizada. Subiu 1,23%, segundo dados da Bloomberg.

Investidores se sentiram encorajados a buscar posições mais arriscadas e com maior potencial de lucro após a desaceleração da inflação nos Estados Unidos ter sinalizado que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) poderá reduzir o ritmo de elevação da sua taxa de juros.

Para Enrico Cozzolino, sócio e chefe de análise da Levante Investimentos, após divulgação da inflação americana de julho e a decisão do Banco Central do Brasil de estabilizar a taxa de juros, "os riscos estão mais conhecidos".

Com a Bolsa chegando aos 110 mil pontos, esses investidores avaliam que o preço dos ativos chegou a um patamar coerente com os fundamentos do mercado brasileiro. "Os mesmos motivos que impulsionaram a alta também geram a cautela", comentou.

Na quarta-feira (10), a taxa de câmbio no Brasil recuou e o mercado de ações tomou fôlego com a divulgação da taxa de inflação nos Estados Unidos menor do que a esperada.

O índice de preços ao consumidor americano permaneceu inalterado em julho, após avançar 1,3% em junho, segundo o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos. Projeções da agência Reuters indicavam alta de 0,2% do índice no mês passado. O acumulado em 12 meses caiu de 9,1%, em junho para 8,5%, no mês passado.

O dado, que confirma a desaceleração da inflação, fez o mercado voltar a esperar que o Fed aplique uma alta de 0,50 ponto percentual na sua taxa de juros no próximo mês.

Antes, parte do mercado considerava que o Fed poderia repetir em setembro o agressivo aumento de 0,75 ponto percentual da sua taxa de juros, assim como fez nas duas últimas reuniões de política monetária.

Juros mais baixos nos Estados Unidos tendem a forçar investidores a abandonar a segurança dos títulos do Tesouro americano para buscar ganhos em mercados mais arriscados, o que inclui a renda fixa e as bolsas de países de economia emergente.

Enquanto a maior parte das bolsas de países emergentes subiu nesta quinta-feira —Argentina, Chile e México avançaram 1% ou mais, por exemplo—, os principais mercados de ações mundiais negociaram sem uma direção definida.

Em Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,08%, enquanto os indicadores S&P 500 e Nasdaq caíram 0,07% e 0,58%, respectivamente.

O indicador de referência para as ações das principais empresas da Europa subiu 0,21%.

O desempenho fraco das bolsas mais importantes também atrapalhou o resultado das ações brasileiras, segundo Rafael Pacheco, economista da Guide Investimentos.

"Vimos uma reversão das Bolsas lá fora também, só que elas caíram menos. Após reagirem positivamente aos dados de inflação mais fracos, houve a percepção de que a euforia do mercado foi muito longe", comentou Pacheco.

BB dispara 4,43% e evita queda maior do Ibovespa

Na Bolsa brasileira, os Banco do Brasil subiu 4,43% e, ao lado da alta de 3,48% da Vale, evitou uma queda mais forte do Ibovespa.

O BB reportou lucro líquido ajustado de R$ 7,8 bilhões no segundo trimestre de 2022, o que equivale a um crescimento de 54,8% na comparação com o mesmo período do ano passado e de 18% em relação ao trimestre imediatamente anterior.

"O Banco do Brasil definitivamente resolveu provar que não vai ser a eleição presidencial que vai atrapalhar sua trajetória de melhora de lucro", comentaram analistas da Genial Investimentos em relatório sobre o resultado do banco.

"O BB finalmente chega no topo do ranking depois de um bom tempo rodando com uma rentabilidade bem aquém dos seus pares privados", avaliou a Genial.

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