A Americanas anunciou nesta sexta-feira (19) a primeira troca no comando da companhia de varejo em duas décadas, escolhendo o ex-presidente do Santander Brasil Sergio Rial para liderar o grupo a partir do início do próximo ano.
Rial vai substituir Miguel Gutierrez, que está na Americanas há quase 30 anos, afirmou a Americanas em comunicado ao mercado.
Além de ser presidente do conselho de administração do Santander Brasil, Rial também ocupa a mesma posição na rede de postos de combustíveis Vibra, acumulando ainda a vice-presidência do conselho de administração da BRF, donas das marcas Sadia e Perdigão.
Segundo a varejista, a escolha de Rial é o resultado de um "processo de meses" de trabalhos para a sucessão de Gutierrez. A empresa afirmou que o processo "permitiu uma avaliação criteriosa de vários profissionais capacitados".
Na opinião do consultor Eugênio Foganholo, a troca não faz muito sentido dentro das necessidades da Americanas no momento.
"A empresa precisa de alguém que tenha forte conhecimento de varejo, pois a 'guerra' dos marketplaces está apenas começando e vai se acirrar ainda mais no futuro próximo", diz ele. "É um segmento que tem sofrido grandes e relevantes transformações."
Foganholo reconhece o talento de Rial para as finanças. "Mas há muito tempo a Americanas precisa de gente com sangue de varejo, de uma renovação profunda nos postos de comando."
A sucessão ocorre em um momento em que a companhia consolidou lojas físicas com sua operação de vendas online, além da fintech Ame e outras iniciativas focadas na criação de um ecossistema omnicanal.
Em julho, a varejista viu crescimento consistente de vendas em suas lojas físicas, enquanto as operações digitais com estoque próprio mantiveram demanda tímida, disse um diretor da empresa.
O mercado nacional, porém, tem visto o crescimento acelerado de grupos internacionais de varejo, incluindo AliExpress e Shopee, que anunciou nesta semana que a receita do segundo trimestre cresceu 270% na comparação anual.
A Americanas fechou o segundo trimestre deste ano com 1.018 lojas tradicionais e 788 Americanas Express. No período, registrou prejuízo de líquido de R$ 97,9 milhões, perda 15,6% maior do que um ano antes, impactada fortemente pelo resultado financeiro.
"Acreditamos que este movimento de sucessão reforçará a estratégia da companhia de crescimento com rentabilidade", afirmou a Americanas.
(Com Reuters)
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