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Em Congonhas, tripulantes da Gol fazem manifestação por reajuste salarial

Trabalhadores rejeitam proposta de reajuste da empresa

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Carlos Ferreira
Aeroin

Convocados pelo SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), tripulantes da Gol Linhas Aéreas fizeram uma manifestação no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, por reajuste de compensação salarial. A convocação para o ato nasceu da impossibilidade de conseguir um acordo salarial com a empresa aérea nas rodadas recentes de negociação.

Durante uma reunião na última terça-feira (26), a Gol se posicionou de forma contrária a um acordo e informou que implementaria uma compensação por meio do pagamento de verba indenizatória aquém do pleito dos pilotos e comissários.

Segundo o sindicato, o valor mensal dessa recomposição vai de aproximadamente R$ 450, para comissários, até R$ 2.300, para comandantes. A proposta do sindicato era um reajuste salarial de 8,5% e uma verba indenizatória mensal semelhante à apresentada pela empresa, porém por 12 meses, não quatro.

Avião da Gol pousa na pista do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos - Amanda Perobelli - 6.mai.2017/UOL/Folhapress

"Para muitos tripulantes parece um grande cala a boca", disse o presidente do sindicato, Henrique Hacklaender, após a reunião. "A Gol implementou um gerenciamento de crise sem nenhuma aprovação da categoria e sem mensurar se isso estaria a contento."

Além disso, a empresa informou que criaria um comitê interno de 12 tripulantes, buscando oportunidades de otimização dos custos da empresa, e que possíveis economias serão convertidas ao grupo de voo.

Por meio de seu site, o SNA afirmou que a compensação implementada pela Gol "não atende à pauta de reivindicação" da categoria. A entidade também não concorda com a criação de um fórum com tripulantes para discutir cortes de despesas.

O sindicato entendeu que a Gol não estava disposta a negociar e propôs uma medida com conflito de interesses, já que não existe segurança de que um comitê interno seria composto por meio democrático, como uma votação independente transparente, por exemplo.

Por conta disso, os tripulantes foram ao saguão do aeroporto com cartazes pedindo por remuneração justa e valorização da profissão.

Em nota, a Gol afirmou que respeita todas as manifestações e está aberta ao diálogo e que cumpre todos os pontos previstos nos Contratos de Trabalho de seus Aeronautas, da Lei e Convenção Coletiva de Trabalho.

"A remuneração de seus aeronautas é composta por salário fixo e parte variável atrelada ao número de horas de voo, estando esta última afetada durante a retomada de voos. A Gol estima que em dezembro deste ano sua operação esteja em níveis similares aos de 2019. Até lá, concederá aos seus tripulantes um valor complementar", diz a empresa.

Setor foi um dos mais afetados pela pandemia

A convocação do protesto é mais um capítulo do descontentamento dos funcionários da companhia aérea desde o início da pandemia.

O setor foi um dos mais afetados pela paralisação da economia. Segundo levantamento da CNI (Confederação Nacional de Indústrias), em maio de 2020 o país registrou 588 mil passageiros pagantes, número 93% menor em relação ao mesmo mês do ano anterior. Segundo dados da Iata (associação internacional das empresas aéreas), as companhias perderam, em média, US$ 230 milhões por dia nos primeiros seis meses da crise.

"Diante deste cenário desafiador, a companhia seguirá de portas abertas para ouvir seus colaboradores e suas demandas", diz a Gol.

As aéreas negociaram com os sindicatos redução de salários em troca de manutenção dos empregos —acordo que foi mantido até dezembro do ano passado pela Gol.

Mesmo com a volta do salário integral, Hacklaender afirma que, em relação a 2019, a remuneração dos tripulantes da Gol caiu pelo menos 20%. Isso porque metade desse valor é variável e depende da quantidade de voos, que a empresa ainda não retomou no ritmo anterior à crise do coronavírus.

"Durante a pandemia, muitas pessoas gastaram tudo o que tinham das suas reservas para tentar se manter", afirma o piloto.

Na quinta-feira (28), a Gol divulgou que teve um prejuízo líquido de R$ 2,85 bilhões no segundo trimestre, contra um lucro de R$ 658 milhões no mesmo período do ano anterior.

Com Reuters

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