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Em reviravolta, São Paulo começa a ter 5G nesta quinta

Capital paulista será a quinta cidade a ter a nova tecnologia de celular

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Brasília

As operadoras de telefonia fizeram uma força-tarefa na semana passada e conseguiram convencer a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) a liberar o sinal da telefonia de quinta geração em São Paulo nesta quinta-feira (4).

Até a sexta-feira (29), o Gaispi (Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência) mantinha a capital paulista fora da lista de cidades a terem aval para o 5G porque metade das cerca de 890 antenas não tinha ainda filtros instalados para evitar interferências de sinais.

O 5G funciona na faixa de frequência de 3,5 GHz (Gigahertz), que vinha sendo ocupada pelas empresas de satélite. Frequência é uma avenida no ar por onde as teles fazem trafegar seus sinais. Fora delas, ocorrem interferências.

Homem usa um celular fora da Anatel, em Brasília, onde aconteceu o leilão do 5G - Evaristo Sá - 4.nov.2021/AFP

Com a desocupação da faixa de 3,5 GHz, as teles têm de instalar filtros nas antenas de celular e nas antenas parabólicas, equipamentos que captavam os sinais emitidos nessa frequência e que, a partir de agora, funcionarão em outra faixa. Esse processo vem sendo chamado pelos técnicos da agência de "limpeza".

"Fizeram um mutirão na semana passada e, na sexta, vieram pedir para liberarem o sinal", disse à Folha o conselheiro da Anatel Moisés Moreira, que preside o Gaispi.

"Os técnicos da agência fizeram testes no sábado e me confirmaram a viabilidade técnica para a liberação do sinal."

Moreira convocou uma reunião extraordinária para que o grupo referende a liberação do sinal 5G em São Paulo nesta terça-feira (2).

A capital paulista será a quinta cidade a ter a nova tecnologia de celular. O serviço começou no início de julho em Brasília e, no dia 29 de julho, foi estendido para Belo Horizonte, Porto Alegre e João Pessoa.

Segundo o Moreira, a Anatel estava preparada para deliberar sobre a entrada de Goiânia (GO), Salvador (BA), Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ) na próxima semana.

São Paulo não constava dessa lista devido ao andamento das obras de limpeza da faixa.

Ainda segundo o conselheiro, a regra definida pelo edital do leilão era instalar uma antena a cada cem mil habitantes. As operadoras instalaram o dobro do mínimo exigido, o que indica um apetite das empresas pelo serviço na maior cidade do país.

"Já devem começar com 20% do total de antenas instaladas em São Paulo operando com o 5G", disse Moreira.

Apesar do interesse pelo novo serviço, as operadoras ainda patinam no início da prestação do serviço e a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) ainda não pode enquadrá-las pela qualidade.

Os entraves técnicos dão margem para que, na prática, os usuários usem um serviço que não chega ao potencial prometido pelo 5G.

Em Brasília, o serviço segue instável e com as velocidades prometidas oscilando e, muitas vezes, se equiparando às do 4G devido à falta de cobertura na capital.

Isso ocorre porque, em boa parte, existem poucos modelos de telefones que funcionam hoje com a tecnologia chamada de "standalone", a do "5G puro".

Na rede standalone, o tempo de resposta para o celular receber os dados é inferior a 1 milissegundo —tempo conhecido como latência. O "não-standalone" oferece latência maior.

Além das redes standalone e não-standalone, há as chamadas redes DSS (Compartilhamento Dinâmico de Espectro, na sigla em ingês), que simulam a velocidade do 5G —mas por antenas de 4G. A latência também é maior que a do 5G.

Muitos aparelhos precisam ter seus chips trocados para usar o 5G puro, como o iPhone. A Apple já avisou a Anatel que seus aparelhos precisam de chips 5G para funcionarem em standalone.

No entanto, há falta de chips de quinta geração no mercado. Por isso, segundo os fabricantes, as teles ainda não lançaram planos que operam realmente com o 5G —a única operadora que separou as redes com planos próprios para o 5G standalone foi a TIM.

Os aparelhos hoje exibem o sinal do 5G na tela, mas em grande parte eles funcionam na rede DSS —que simula a velocidade do 5G— ou na 5G não-standalone.

Dados preliminares em posse da Anatel indicam que, no caso da Apple, somente os modelos iPhone 13 (os mais recentes lançados pela empresa americana) permitirão o 5G puro. Eles devem ser homologados em novembro. Mesmo assim, a Apple terá de disponibilizar um software específico. Não há prazo previsto para o lançamento.

Já os modelos da Samsung e Motorola operam nas redes standalone sem necessidade de troca de chips. São eles: S21, S21Plus, S21Ultra, A52s, S21FE, A535G, A335G –todos da série Galaxy, da Samsung; Edge20, MotoG200, Edge300Pro, Edge30, MotoG82, da Motorola.

Os demais modelos da Apple, Samsung e Motorola vendidos como 5G só funcionam nas redes não-standalone.

Até a atualização dos aparelhos e a chegada dos chips 5G, a Anatel não tem como exigir o cumprimento da qualidade do serviço porque, ainda segundo relatos dos técnicos da agência, as operadoras não começaram a venda de planos exclusivos 5G (com chip novo).

Todas anunciam pacotes 5G, mas simplesmente migraram os clientes de um serviço para outro por meio das redes de quarta geração, que simulam a velocidade do 5G, ou nas redes novas não-standalone.

A Superintendência de Cumprimento de Obrigações da Anatel já está monitorando essa situação e, a partir de setembro, quando todas as capitais deverão ter as redes 5G instaladas, passará a exigir qualidade na prestação do serviço.

Segundo o presidente do Gaispi (Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência), o conselheiro da Anatel Moisés Moreira, outras capitais estão avançadas com a instalação da rede 5G.]

Pelo plano original, todas as 27 capitais deveriam ter o serviço em funcionamento em julho. No entanto, o cronograma foi adiado por dois meses devido à falta de equipamentos vindos da China, que foi obrigada a decretar lockdown com uma nova onda da pandemia.

Por isso, a agência concedeu prazo até o final de setembro para que todas as capitais tenham antenas de 5G. A meta definida é de uma antena a cada cem mil habitantes por operadora.

Os equipamentos vindos da China são filtros, fundamentais para evitar interferências na faixa de 3,5 GHz, que vinha sendo ocupada por empresas de satélite.

Apesar do contratempo, as operadoras que conseguirem comprovar a limpeza da faixa (com a instalação dos filtros) para o Gaispi podem pleitear o início da operação antes de setembro.

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