Fracassa leilão para venda de fundo 'secreto' de Eike Batista

Recursos seriam usados para pagar credores da mineradora MMX

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Rio de Janeiro

Fracassou nesta terça-feira (16) a terceira tentativa de venda de títulos de um fundo secreto de Eike Batista, que seriam usados para ressarcir credores da mineradora MMX Sudeste, base do antigo império econômico do empresário e hoje em processo de falência.

O leilão pedia R$ 1,25 bilhão pelos papéis, valor considerado exagerado pela Abradin (Associação Brasileira de Investidores), que descobriu os ativos escondidos sob uma teia de veículos de investimentos do empresário.

Com o fracasso do leilão, o administrador da massa falida da MMX, Bernardo Bicalho, pode optar por negociar os títulos diretamente com investidores. Na primeira tentativa de venda, em 2021, a Argenta Securities havia oferecido R$ 612 milhões pelos papéis.

O empresário Eike Batista - Danilo Verpa - 25.mai.2012/Folhapress

A oferta, porém, foi suspensa pela Justiça de Minas Gerais após pressão de Eike, que pretendia usar os recursos para pagar sua delação premiada. Um segundo leilão foi realizado em junho, mas também não teve interessados.

O presidente da Abradin, Aurélio Valporto, avalia que as idas e vindas prejudicaram a venda dos ativos. "O procedimento confuso acabou por afugentar investidores estrangeiros", diz.

A massa falida da MMX tenta vender debêntures que foram adquiridas por Eike como parte do pagamento feito pela Anglo American pela compra do complexo Minas-Rio, que inclui uma mina e um mineroduto ligando Minas Gerais ao litoral do Rio de Janeiro.

Pertenciam a uma empresa chamada NB4, que é o último elo de uma estrutura de investimentos de três camadas e, por isso, eram desconhecidas tanto pelos minoritários quanto pelos administradores das massas falidas das empresas do grupo.

Sua descoberta gerou uma disputa judicial entre os administradores. O síndico de outra falência do grupo, da MMX Mineração e Metálicos, pediu à Justiça informações sobre as debêntures, com o objetivo de incluí-las na massa falida que administra.

As duas empresas eram parte do braço de mineração do grupo X. A MMX Mineração e Metálicos atuava como holding, tendo abaixo de si a MMX Corumbá e a MMX Sudeste. A recuperação judicial da Mineração e Metálicos ocorria no Rio de Janeiro, e a da Sudeste, em Belo Horizonte.

O fracasso do leilão libera o administrador da massa falida da MMX Sudeste a voltar a negociar com a Argenta, offshore sediada nas Ilhas Virgens Britânicas que pertenceria à família de Jair Coelho, empresário morto em 2001, conhecido como "Rei das Quentinhas" por controlar o fornecimento de alimentação ao órgãos públicos no estado.

A reportagem entrou em contato com o administrador judicial da MMX Sudeste, mas ainda não obteve resposta. A defesa de Eike ainda não foi encontrada.

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