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Lula sugere recriar ministério para micro e pequenas empresas

Fala ocorreu em reunião com empresários nesta terça (17)

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São Paulo

O ex-presidente e candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sugeriu a recriação de um ministério para pequenas empresas caso tenha sucesso nas eleições de outubro.

A fala foi feita no seu segundo dia de campanha, em uma reunião com empresários.

"Antes de deixar a Presidência, eu propus criar um ministério da micro e pequena empresa. Eu tinha consciência de que não era possível tratar o problema da Volkswagen junto com o problema do mecânico que existia do lado da Volkswagen", afirmou.

Mais ao final do discurso, Lula disse que, caso vença as eleições, seu governo criaria algumas pastas, entra elas a de micro e pequenas empresas.

Entre 2013 e 2015, a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, ligada à Presidência da República, funcionou com status de ministério.

Encontro de Lula com empresários de pequenos e médios negócios - Marlene Bergamo/Folhapress

O evento, em um hotel no centro de São Paulo, não contou com a presença formal de associações da categoria, mas com empreendedores simpáticos à candidatura de Lula.

Convidados passaram por detector de metais em um esquema de segurança que tem sido reforçado desde a pré-campanha.

Falaram empresários do setor de cultura, gastronomia e construção civil, entre outros. Dificuldades na pandemia e inflação deram o tom dos discursos.

A ideia do ministério parte do raciocínio, repetido por diversos dos empreendedores que discursaram, que negócios menores não devem ter o mesmo tratamento dispensado a grandes empresas.

"A gente várias vezes tentou fazer negociação separada na Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo], porque eram 16 grupos empresarias, e a Fiesp nunca deixou. Exatamente porque ela sempre queria aproveitar os menores, nivelar por baixo as nossas possibilidades de conquista", afirmou Lula. "Sempre utilizava como desculpa os mais fracos para tentar não negociar o máximo conosco."

O candidato defendeu reserva parcial de mercado nacional em compras governamentais, negociação de dívidas dos empresários durante a pandemia e linhas de crédito para pequenos empreendedores.

Seria preciso "enquadrar" o Banco do Brasil, segundo Lula.

"O Banco do Brasil parece bonzinho se tiver orientação governamental, porque se não tiver, a burocracia dele pensa como banco privado. É preciso que a gente enquadre o Banco do Brasil e nós vamos voltar com o objetivo de fazer os bancos públicos virarem bancos públicos", afirmou.

"Nós não queremos que os bancos públicos tenham nenhum prejuízo, mas nós não queremos que eles queiram ter os mesmos lucros do banco privado. Eles têm que prestar uma função social nesse país."

Empresários em evento com Lula preferem revisar, não revogar reforma trabalhista

O petista deve intensificar conversas com o empresariado ao longo do período eleitoral, grupo que oferece mais resistência.

"Lula não tem apoio majoritário no setor dos empresários —nem no setor dos pequenos empresários", afirma Tita Dias, sócia do restaurante paulistano Canto Madalena.

Filiada ao PT, ela atribui parte da culpa ao próprio partido, por não colocar o empresariado em suas falas. A oposição à reforma trabalhista, diz ela, também pode ter espantado o grupo.

A revogação da reforma trabalhista chegou a ser debatida na campanha de Lula, que posteriormente recuou.

"É preciso melhorar a reforma trabalhista", opina Dias. "Como petista e empresária, eu acho que houve mudanças importantes na reforma."

Outros empresários do evento, como Ignácio Zurita, da Avita Construções, concordam.

"Uma revogação pura e simples não é o mais inteligente", afirma. "Há pontos positivos nela, mas outros foram exagerados contra os trabalhadores", afirmou.

Ele diz que no meio empresarial, porém, a discussão é polêmica.

Em junho, a coordenação do plano de governo de Lula decidiu excluir das diretrizes programáticas a proposta de revogação da reforma.

Hoje há 18,6 milhões de pequenas e microempresas, que correspondem a mais de 90% de todos os CNPJs do Brasil. Os MEI (Microempreendedores Individuais) são quase 60% do total.

A última categoria foi criada em 2008, no segundo mandato de Lula. A medida foi relembrada nos discursos do evento desta terça, assim como a criação do Simples Nacional.

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