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Novatas da Bolsa no vermelho
Das 85 empresas que abriram seu capital (IPO) na Bolsa brasileira desde 2015, só 11 delas (13%) tiveram retorno acima do Ibovespa.
A análise é da plataforma de dados financeiros TradeMap e compreende o período entre a abertura de capital de cada empresa e o dia 15 de julho de 2022.
Em números: entre as novatas bem sucedidas, se destacam as de aluguéis de automóveis Movida (veículos leves) e Vamos (caminhões e máquinas), com rentabilidade de 90,50% e 70,31% desde o IPO, respectivamente.
- Na outra ponta, o destaque negativo é para companhias ligadas ao consumo. As ações da C&A despencaram cerca de 85% desde o IPO, enquanto as da Enjoei afundaram 88% desde a estreia na Bolsa.
O que explica: as empresas que apresentam rentabilidade positiva desde o IPO são em sua maior parte ligadas a setores que se valorizaram diante de consequências da pandemia ou da guerra na Ucrânia.
- O primeiro caso contempla as empresas de aluguéis de automóveis, cujos preços subiram diante de um choque de oferta gerado pela crise de chips semicondutores.
- O segundo trata de empresas de combustíveis, como PetroReconcavo, Vibra e 3R Petroleum, que acompanharam a alta das cotações do petróleo.
- Na ponta de baixo, as empresas mais sensíveis à inflação, à taxa de juros e ao desempenho da economia doméstica sofrem mais em meio ao aperto monetário mais longo da série histórica.
Mais sobre investimentos:
- A carne sumiu do prato dos brasileiros, mas o cenário de exportações em alta e preços pressionados pode ser favorável para as ações de frigoríficos na Bolsa. Entenda na coluna de Marcos de Vasconcellos.
- Deflação no curto prazo afeta investimentos referenciados ao IPCA, escreve Michael Viriato, do blog De Grão em Grão.
A vez dos brechós
Diante da maior inflação do vestuário desde 1995, a procura por peças de segunda mão, dos brechós, não para de aumentar.
Nos próximos cinco anos esse mercado deve crescer de 15% a 20% por ano e superar o setor de fast fashion (de marcas como Zara, Shein e H&M) até 2030, segundo pesquisadores norte-americanos.
Em números: enquanto a inflação do setor de vestuário, medida pelo IPCA, atingiu 16,08% nos 12 meses encerrados em maio, a ACSP (Associação Comercial de São Paulo) projeta crescimento de 29,6% no volume de vendas dos brechós em 2022.
- As empresas locais também miram o tamanho do setor lá fora para projetar uma expansão aqui dentro. Nos EUA, o mercado de roupas usadas movimentou US$ 36 bilhões em 2020 (R$ 187,7 bi, na cotação atual).
- Por aqui, a projeção é de um potencial de R$ 24 bilhões para o mercado de moda seminova, segundo pesquisa do BCG (Boston Consulting Group) com quase 3.000 clientes do Enjoei.
O que explica o crescimento? Há preocupações do consumidor acerca da sustentabilidade e um apelo por peças "vintage", mas acima de tudo está o bolso: quase 40% dos entrevistados no estudo do BCG são menos antenados na moda e adoram barganhas.
Mais sobre impactos da inflação nos hábitos de consumo:
O preço é um impeditivo para a maioria dos brasileiros apoiar marca pequena, e só 32% estão dispostos a pagar mais por produto local, segundo estudo da NielsenIQ.
Amazon amplia itens para casa com robô-aspirador
A Amazon anunciou na última sexta (5) a compra da iRobot, do robô-aspirador Roomba, por US$ 1,7 bilhão (R$ 8,8 bilhões), numa expansão do portfólio da companhia de produtos para domicílios.
Em números: a proposta da Amazon de US$ 61 por ação (R$ 317,81) é 22% acima do preço de fechamento das ações da companhia na quinta (4).
- A iRobot havia anunciado na semana anterior queda anual de 30% nas vendas e prejuízo de US$ 63 milhões (R$ 328,2 milhões) no segundo trimestre, em meio à queda nos pedidos e aos problemas nas cadeias de suprimentos.
A estratégia: o robô-aspirador se soma à assistente virtual Alexa e à campainha eletrônica Ring no rol de produtos da companhia para casas automatizadas.
Bolada: a aquisição da iRobot é a quarta maior da história da Amazon. Neste ano, está atrás dos US$ 3,9 bilhões (R$ 20,3 bilhões) desembolsados no mês passado para comprar a One Medical, de serviços de saúde.
- A empresa ainda pagou US$ 13,7 bi (R$ 71,4 bi) em 2017 para comprar a Whole Foods, de alimentos orgânicos, e anunciou no ano passado a aquisição do estúdio MGM por US$ 8,45 bi (R$ 44 bi)
Startup da Semana: dr.consulta
O quadro "Startup da Semana" traz às segundas o raio-x de uma startup que recebeu aporte recentemente.
A startup: fundada em 2011, a dr.consulta é uma das pioneiras do setor de healthtech (startups de saúde).
- Tem uma rede de centros médicos com foco na atenção primária e secundária e dá seus primeiros passos no segmento de planos de saúde depois da compra de parte da cuidar.me no fim do ano passado.
Em números: a startup anunciou na última segunda (1º) um aporte de R$ 170 milhões em uma rodada série D (entenda aqui as etapas de investimento em startups). A empresa agora acumula US$ 144,5 milhões (R$ 753,7 milhões) em investimentos.
Os investidores: o aporte foi liderado pela gestora Kamaroopin e também teve participação dos fundos Madrone Capital e Lightrock.
Que problema resolve: a startup promete facilitar e democratizar o acesso à saúde no país, com agendamento online de consulta e de exames. Ela também passou a oferecer atendimento hospitalar após o negócio com a cuidar.me.
Por que é destaque: além de ter registrado a maior captação da semana anterior, a dr.consulta está inserida no movimento de renovação de planos de saúde impulsionado por startups.
- Com esse aporte, a dr.consulta se capitaliza para bater de frente nesse segmento com as startups concorrentes Sami e Alice, que anunciaram captações no fim do ano passado.
A semana em resumo
- Foram oito rodadas de captação na América Latina, com US$ 87 milhões (R$453,7 milhões) em investimentos. O Brasil concentrou três delas –as outras aconteceram no México, na Argentina e no Uruguai.
- No mês de julho, o volume captado na região (US$ 845 milhões) foi 15% superior a junho. O mês também marcou o maior número de fusões e aquisições (36) até aqui no ano.
Os dados são fornecidos pela plataforma Sling Hub.
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