Descrição de chapéu Financial Times

Saudi Aramco bate recorde de lucro com altos preços da energia

Lucro líquido subiu para US$ 48,4 bilhões no segundo trimestre, 90% mais que o ano anterior

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Samer Al-Atrush
Riad (Arábia Saudita) | Financial Times

A Saudi Aramco bateu seu recorde de lucro trimestral estabelecido em maio passado, pois o aumento dos preços da energia impulsionado pela invasão da Ucrânia pela Rússia gerou lucros inesperados para os produtores de petróleo.

Mas o executivo-chefe da empresa estatal alertou que a capacidade ociosa continuou limitada enquanto a demanda aumentava, com a expectativa de as restrições à pandemia diminuírem na China, o segundo maior consumidor de petróleo do mundo.

O lucro líquido subiu para US$ 48,4 bilhões (R$ 245,8 bilhões) no segundo trimestre, um aumento de 90% em relação ao ano anterior e o maior lucro do grupo desde sua entrada na Bolsa em 2019. Segundo a agência Bloomberg, o resultado é o maior entre as empresas listadas em Bolsa.

Logo da Saudi Aramco em instalação de petróleo na Arábia Saudita - Maxim Shemetov - 12.out.2019/Reuters

A petrolífera saudita manteve seus dividendos inalterados em US$ 18,8 bilhões (R$ 95,5 bilhões) no terceiro trimestre, enquanto trabalhava para expandir a produção de petróleo e gás. A empresa disse que tinha capacidade de produção limitada para aumentar a oferta, e que até 2025 atingiria 12,3 milhões de barris por dia.

"Embora a volatilidade do mercado global e a incerteza econômica permaneçam, os acontecimentos no primeiro semestre deste ano sustentam nossa visão de que o investimento contínuo em nossa indústria é essencial", disse Amin Nasser, executivo-chefe da Saudi Aramco.

Os países ocidentais pressionaram a Arábia Saudita, líder de fato da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), a aumentar a produção para compensar o aumento dos preços, mas o reino disse que faria isso apenas se a demanda aumentasse.

Nasser disse a repórteres neste domingo (14) que a demanda está "saudável", mas alertou que havia pouca capacidade excedente após um período de baixo investimento no setor.

"Com as restrições da Covid na China diminuindo, aumentará a demanda (...). A indústria da aviação também aumentará a demanda", disse ele.

A Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, tem capacidade de produção de 12 milhões de barris diários, número que a Saudi Aramco poderia alcançar rapidamente se instruída pelo governo, disse Nasser. As despesas de capital da empresa aumentaram 8%, para US$ 16,9 bilhões (R$ 85,8 bilhões) no primeiro semestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2021, e aumentariam gradualmente até 2025, acrescentou ele.

Os maiores produtores de petróleo listados em bolsa do mundo, incluindo ExxonMobil, Chevron e BP, registraram grandes lucros após o aumento nos preços das commodities alimentado pela guerra na Ucrânia e a recuperação na demanda pós-pandemia. A maioria deles aumentou os pagamentos aos acionistas.

Os altos lucros estão colocando uma pressão política crescente sobre as principais petrolíferas, já que os altos preços da energia ameaçam provocar uma reação pública. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse em junho que a Exxon estava ganhando "mais dinheiro do que Deus".

O petróleo Brent, referência internacional, caiu de US$ 120 o barril em junho para quase US$ 98 na sexta-feira (12). As ações da Saudi Aramco, listadas em Riad, subiram mais de 25% este ano. O governo ofereceu 1,7% das ações da petroleira em 2019.

Respondendo à pressão dos EUA e do Ocidente por um aumento na produção de petróleo, a Opep alertou para a "disponibilidade gravemente limitada de capacidade excedente" após anos de subinvestimento em toda a indústria.

Nasser disse que levaria anos para "trazer capacidade adicional sólida".

Ele acrescentou: "Estamos profundamente preocupados com a falta de investimento; mesmo agora com preços mais altos, você só vê investimento de curto prazo no mercado".

No início deste mês, a Opep e seus aliados concordaram com um dos menores aumentos de produção de petróleo da história do grupo, com a Arábia Saudita trabalhando para apaziguar seus aliados ocidentais sem usar sua capacidade ociosa.

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