Descrição de chapéu inflação juros

Economista que previu crise de 2008 projeta forte recessão para o fim de 2022

Aumento de juros e choques de oferta podem gerar crise mundial profunda, diz Nouriel Roubini

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Salvador

Em entrevista à Bloomberg nesta segunda-feira (19), o economista Nouriel Roubini, um dos poucos a prever a crise financeira de 2008, afirmou que uma recessão "longa e feia" pode atingir os Estados Unidos e o mundo no fim deste ano, e que a crise poderia persistir até 2023.

Roubini alertou, ainda, que mesmo uma retração simples poderia derrubar o S&P 500 (parâmetro para as ações negociadas em Nova York) em 30%. Ele espera, porém, uma crise ainda maior para o país, que causaria uma queda de 40% do índice.

O economista, que ganhou o apelido de "Doctor Doom" (Doutor Apocalipse) após ter previsto o estouro da bolha imobiliária de 2008, chamou atenção para os índices de endividamento de empresas e governos, afirmando que os números podem ser indicadores de uma recessão mais profunda nos Estados Unidos, especialmente num contexto de alta das taxas de juros.

O economista americano Nouriel Roubini - Eduardo Anizelli - 12.out.2015/Folhapress

"Muitas instituições zumbis, famílias zumbis, corporações, bancos, bancos paralelos e países zumbis vão morrer", afirmou Roubini à Bloomberg.

Segundo ele, atingir uma taxa de inflação de 2% nos EUA sem um pouso forçado (forte desaquecimento da economia) seria uma "missão impossível" para o Fed (Federal Reserve, o banco central americano). Hoje, a alta acumulada da inflação em 12 meses do país está em 8,3%.

O economista projeta alta de 0,75 ponto percentual nos juros americanos na reunião desta quarta (21), e mais 0,50 ponto nos encontros de novembro e dezembro. Com isso, a taxa de juros do Fed ficaria entre 4% e 4,25% até o fim do ano.

Para ele, a inflação persistente, especialmente nos salários e no setor de serviços, fará com que o Fed não tenha escolha além de subir ainda mais os juros, que devem chegar a 5%, segundo suas projeções.

Além disso, Roubini afirma que os choques de oferta decorrentes da pandemia, da Guerra da Ucrânia e da política de Covid zero da China trarão custos mais altos e menor crescimento econômico, dificultando ainda mais a missão do Fed.

O economista diz, ainda, que não espera estímulos fiscais como resposta à crise, já que as altas dívidas de governos e a inflação crescente impossibilitariam políticas expansionistas. Como resultado, Roubini projeta estagflação (estagnação combinada com inflação) e um grande endividamento, similar ao da crise financeira global.

"Não será uma recessão curta e superficial, será severa, longa e feia", disse ele à Bloomberg.

Roubini espera que a recessão nos EUA e global dure todo o ano de 2023, dependendo da gravidade dos choques de oferta e dificuldades financeiras. Durante a crise de 2008, as famílias e os bancos foram os mais atingidos. Desta vez, ele diz que corporações e instituições financeiras, como fundos de hedge, private equity e fundos de crédito, "vão implodir".

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