Gás russo paralisa mercados, e UE corre para ajudar empresas de energia

Série de distribuidoras de energia europeias já entrou em colapso

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Susanna Twidale Nora Buli
Londres e Oslo | Reuters

Os preços do gás na Europa subiram, os preços das ações caíram e o euro despencou nesta segunda-feira (5), depois que a Rússia parou de bombear gás para a Europa por meio de uma importante rota de abastecimento, enviando um novo tsunami pela economia da União Europeia que ainda não se recuperou da pandemia de Covid-19.

Os governos da UE estão correndo com pacotes de bilhões de dólares para evitar que as empresas de energia sejam esmagadas por uma crise de liquidez e para proteger as famílias de contas crescentes, depois que a estatal russa Gazprom disse que iria parar de bombear gás através do gasoduto Nord Stream 1 devido a uma falha.

A Europa acusou a Rússia de utilizar suprimentos de energia como arma em retaliação às sanções ocidentais impostas a Moscou por sua invasão da Ucrânia. A Rússia diz que o Ocidente lançou uma guerra econômica e as sanções dificultaram as operações do gasoduto.

Logo do gigante russo de energia Gazprom em um de seus postos de gasolina na Bulgária - Nikolay Doychinov - 27.abr.2022/AFP

Uma série de distribuidoras de energia europeias já entrou em colapso e alguns grandes geradores podem estar em risco, atingidos por tetos de preços que limitam os repasses aos consumidores ou pegos por apostas de hedge com os preços do gás agora 400% superiores aos de um ano atrás.

"Isso tem os ingredientes para uma espécie de Lehman Brothers da indústria de energia", disse o ministro finlandês de Assuntos Econômicos, Mika Lintila, no domingo (4), referindo-se ao banco norte-americano que entrou em colapso em 2008 e anunciou o colapso financeiro global.

A Finlândia pretende oferecer 10 bilhões de euros (US$ 10 bilhões; R$ 51,1 bilhões) e a Suécia 250 bilhões de coroas suecas (US$ 23 bilhões; R$ 119,3 bilhões) em garantias de liquidez para suas empresas de energia. A Alemanha, mais dependente do gás russo do que a maioria dos estados da UE, ofereceu um resgate multibilionário de euros à concessionária de energia Uniper.

"O programa do governo é uma opção de financiamento de último caso para empresas que de outra forma estariam ameaçadas de insolvência", disse a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin.

O preço de referência do gás subiu 35% na segunda-feira para 284 euros (R$ 1.477) por MWh (megawatt-hora), depois que a Rússia disse na sexta-feira que um vazamento no equipamento Nord Stream 1 significava que o gasoduto ficaria fechado além da parada para manutenção de três dias da semana passada.

PLANOS DE EMERGÊNCIA

A Rússia também envia gás para a Europa através de gasodutos através da Ucrânia, outra importante rota. Mas esses suprimentos também foram reduzidos durante a crise, deixando a UE correndo para encontrar suprimentos alternativos para reabastecer as instalações de armazenamento de gás para o inverno.

Vários estados da UE desencadearam planos de emergência que podem levar ao racionamento de energia e alimentar os temores de recessão, com a inflação subindo e as taxas de juros em alta.

Algumas indústrias de uso intensivo de energia na Europa, como fabricantes de fertilizantes e produtores de alumínio, já reduziram a produção. Outras indústrias, que já enfrentam escassez de chips e bloqueios logísticos, enfrentam contas de combustível em disparada.

Os ministros de energia dos países da UE devem se reunir no dia 9 de setembro para discutir opções para conter a alta dos preços da energia, incluindo tetos de preços de gás e linhas de crédito de emergência para participantes do mercado de energia, mostrou um documento visto pela Reuters.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.