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Preço da cebola quase dobra em 12 meses; veja as 10 maiores altas da inflação

Quase metade dos bens e serviços do IPCA acumula inflação de 10% ou mais em 12 meses

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Rio de Janeiro

Até agosto, 183 dos 377 subitens do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ainda registraram inflação de 10% ou mais no acumulado de 12 meses.

Ou seja, quase metade dos bens e serviços pesquisados (48,5%) continuou com alta de dois dígitos, apontam dados divulgados nesta sexta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A inflação medida pelo IPCA em 12 meses, em termos gerais, desacelerou para 8,73% até agosto, após 10,07% até julho. O acumulado estava acima de 10% desde setembro de 2021 –quase um ano. Uma sequência tão ou mais longa não ocorria desde o intervalo de 2002 a 2003.

Feira de frutas, verduras e legumes na zona sul do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli - 19.abr.2022/Folhapress

Conforme o IBGE, 7 das 10 maiores altas até agosto vieram de alimentos e bebidas. A cebola foi o subitem que mais subiu em 12 meses: 91,21%.

"A área de plantio foi menor neste ano. Contribuiu para redução da oferta e aumento dos preços. A produção no começo do ano fica mais concentrada no Sul, depois se dissemina", afirmou Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IPCA.

Depois da cebola, o mamão (81,83%) e o melão (79,34%) registraram as maiores altas de preços em 12 meses.

Passagem aérea (74,94%), melancia (61,88%), leite longa vida (60,81%), óleo diesel (53,16%), manga (47,05%), café moído (46,34%) e transporte por aplicativo (43,80%) completam a lista dos dez maiores avanços.

Ao longo de 2022, o número de subitens com inflação acumulada de 10% ou mais chegou a 200 nos 12 meses finalizados em junho. A quantia passou para 193 em julho e voltou a recuar em agosto, para 183.

Apesar da baixa, o número mais recente ainda é maior do que o do começo do ano. Em janeiro, 128 subitens tinham inflação de 10% ou mais. O dado divulgado nesta sexta pelo IBGE também supera o de um ano atrás (135 em agosto de 2021).

"A gente conseguiu alguma vitória contra a inflação, mas não é uma goleada", afirma Alexandre Espirito Santo, economista-chefe da Órama.

Ele chama atenção para o índice de difusão calculado pelo IBGE. Esse indicador mede o percentual de subitens que subiram em cada mês em relação ao total da pesquisa.

Após três meses em baixa, a difusão aumentou em agosto, de 63% para 65%. Isso significa mais bens e serviços em elevação frente a julho, embora o índice permaneça abaixo de meses anteriores. Ao longo deste ano, chegou a 78% em abril.

"A difusão voltou a subir, mostra que a inflação ainda está aqui, persistente. Mas o índice de 65% não é desesperador. Conseguimos alguma vitória já", diz Espirito Santo.

"Não é um cenário benigno, mas é muito mais confortável do que meses atrás. Minha maior preocupação no momento é com a inflação de serviços, que ainda está forte", acrescenta.

Em agosto, o IPCA teve deflação (queda) de 0,36%, conforme os dados divulgados nesta sexta pelo IBGE. A baixa foi a segunda consecutiva e ficou mais uma vez concentrada em produtos como a gasolina, alvo de corte de alíquotas de ICMS (imposto estadual) às vésperas das eleições.

Se de um lado houve queda dos combustíveis, outros produtos como os de higiene pessoal, vestuário e parte dos alimentos mostraram altas.

"O processo de desinflação é gradual. Tem itens que mostram desinflação e outros que vão cair mais devagar mesmo", afirma Julia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco.

Segundo a especialista, o banco deve reduzir em breve sua estimativa para o IPCA no acumulado de 2022. Por ora, o avanço projetado é de 7%.

O C6 Bank revisou sua previsão nesta sexta. A instituição diminuiu a estimativa para o IPCA de 2022 de 6,5% para 6%. Para 2023, manteve a projeção em 5,7%.

"Acreditamos que à frente, passado o forte alívio temporário da redução de impostos, a inflação irá continuar alta e desacelerar de forma gradual", diz relatório da área econômica do C6, liderada pelo economista Felipe Salles.

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