Descrição de chapéu inflação juros

Após dois meses de deflação, IPCA-15 sobe 0,16% em outubro

Indicador prévio de inflação acumula alta de 6,85% em 12 meses, diz IBGE

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Rio de Janeiro

O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) voltou a subir em outubro, após dois meses consecutivos em queda, informou nesta terça-feira (25) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A alta foi de 0,16%.

A variação é a menor para o mês desde 2019 (0,09%), mas veio acima das previsões do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam elevação de 0,09%.

No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 até perdeu fôlego, mas continua em alta. O avanço atingiu 6,85% até outubro. Estava em 7,96% até setembro.

Consumidores fazem compras em supermercado de São Paulo - Rubens Cavallari - 27.abr.22/Folhapress

O IPCA-15 é um indicador prévio de inflação. Os preços são coletados entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência da divulgação —neste caso, de 15 de setembro a 13 de outubro.

O índice oficial de inflação do Brasil é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), também divulgado pelo IBGE.

Como a variação do IPCA é calculada ao longo do mês de referência, o resultado de outubro ainda não está fechado. Será conhecido em 10 de novembro.

Combustíveis em baixa, comida em alta

O IPCA-15 havia caído 0,37% em setembro e 0,73% em agosto. Em outubro, 3 dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados ainda registraram deflação (queda): transportes (-0,64%), comunicação (-0,42%) e artigos de residência (-0,35%).

O segmento de transportes, mais uma vez, foi influenciado pela redução dos combustíveis (-6,14%). Assim, contribuiu com -0,13 ponto percentual ponto percentual no índice do mês. A baixa (-0,64%), contudo, foi menos intensa do que a registrada na divulgação anterior (-2,35%).

Pressionado pela inflação no ano eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) apostou no corte de tributos para aliviar a carestia. O teto para cobrança de ICMS (imposto estadual) sobre combustíveis, energia, telecomunicações e transporte foi sancionado em junho por Bolsonaro.

A medida voltou a gerar reflexos. Em outubro, o etanol caiu 9,47%, seguido por gasolina (-5,92%), óleo diesel (-3,52%) e gás veicular (-1,33%). A gasolina teve o maior impacto individual (-0,29 ponto percentual), do lado das quedas, entre os 367 subitens pesquisados pelo IBGE.

Já as passagens aéreas aéreas se destacaram pelo aumento dos preços. O avanço dos bilhetes chegou a 28,17%, após subida de 8,20% no mês anterior.

Entre os grupos, as maiores variações positivas vieram de vestuário (1,43%), que até desacelerou em relação a setembro (1,66%), e saúde e cuidados pessoais (0,80%), com o maior impacto positivo (0,10 ponto percentual) no índice de outubro.

Em saúde e cuidados pessoais, a pressão veio do avanço dos planos de saúde (1,44%), decorrente dos reajustes autorizados pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

O grupo alimentação e bebidas também subiu. A alta foi de 0,21% em outubro, após queda de 0,47% em setembro. O novo resultado foi puxado pela alimentação no domicílio (0,14%).

Houve alta nos preços das frutas (4,61%), da batata-inglesa (20,11%), do tomate (6,25%) e da cebola (5,86%). O leite longa vida (-9,91%), o óleo de soja (-3,71%) e as carnes (-0,56%), por outro lado, continuaram em queda.

No acumulado de 12 meses, o grupo alimentação e bebidas avançou 11,43%. Só vestuário subiu mais: 18,46%. A carestia da comida atinge sobretudo a população mais pobre, já que os produtos básicos pesam mais no orçamento dessas famílias.

A parcela de renda mais baixa representa um dos pilares da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), rival de Bolsonaro nas eleições deste ano. Lula vem liderando as pesquisas de intenção de voto às vésperas do segundo turno, marcado para domingo (30).

"Os efeitos da redução da alíquota de ICMS sobre combustíveis, energia e telecomunicações, que trouxeram a inflação para o campo negativo nos meses anteriores, devem se dissipar, cada vez mais, daqui para a frente", avaliou a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.

"Sem esse impacto tributário, não deveremos ter novas deflações nos próximos resultados mensais", completou.

Efeito nos juros

Em 12 meses, o IPCA-15 (6,85%) está acima da meta de inflação perseguida pelo BC (Banco Central) para o IPCA. O centro da meta é de 3,50% em 2022, com intervalo de tolerância de até 5%.

"Nossas projeções iniciais apontam uma alta de 0,30% para o IPCA cheio de outubro. No acumulado anual, o IPCA deve fechar em 5,6% em 2022 e 5,2% em 2023", sinaliza relatório dos economistas Marco Caruso e Eduardo Vilarim, do banco Original.

Em uma tentativa de frear os preços, o BC aumentou a taxa básica de juros, a Selic, que está em 13,75% ao ano. O Copom (Comitê de Política Monetária) volta a se reunir nesta terça para definir o patamar da Selic –a decisão sai na quarta (26).

Economistas esperam que a taxa permaneça no atual nível, já que o cenário carrega incertezas de origem eleitoral. Por ora, a aposta é de início do ciclo de cortes apenas em meados de 2023.

Os economistas Daniel Karp e Felipe Kotinda, do banco Santander Brasil, avaliam que o IPCA tende a caminhar para a faixa de 5% entre o final de 2022 e o primeiro trimestre do próximo ano.

"No entanto, ainda acreditamos que o caminho para o centro da meta pode ser acidentado, com a inflação de serviços (mais inercial) ainda colocando desafios em um cenário de mercado de trabalho firme", ponderam.

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