Descrição de chapéu Eleições 2022

Persio Arida declara voto em Lula

Um dos pais do Plano Real, economista diz que Bolsonaro é um risco à estabilidade institucional

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Brasília

O economista Persio Arida, um dos pais do Plano Real, declarou nesta quarta-feira (5) que, no segundo turno das eleições, vota no candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em entrevista à Folha, Arida disse que a principal razão está na sua constatação de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) é um risco à estabilidade institucional do Brasil.

Ele afirma que também pesou em sua decisão o fato de a gestão bolsonarista não entregar o que prometeu na economia, bem como causar prejuízos ao meio ambiente, que deterioraram a imagem internacional do Brasil.

"Não existe, na minha opinião, uma justificativa para a permanência de Bolsonaro no poder", afirma Arida.

Economista Persio Arida, um dos pais do Plano Real; voto em Lula em defesa da democracia - 05.10. 22 - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Historicamente ligado a gestões do PSDB, Arida foi presidente do BNDES e do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso. Sempre esteve no lado oposto ao do PT e é um crítico ao receituário do partido.

Em 2018, foi coordenador do programa econômico na campanha de Geraldo Alckmin (PSB), agora vice de Lula, e é economista de sua confiança.

Por que o sr. decidiu abrir o seu voto em Lula? A principal razão é contribuir com a defesa da democracia, que é o nosso bem maior. Não é de agora que tenho dito que o Bolsonaro é um risco à estabilidade institucional e ao equilíbrio dos Poderes.

Mas há outras razões. O desempenho na economia foi muito ruim. Ele não entregou o que prometeu. Não fez abertura de mercado, nem reforma tributária, muito menos as privatizações que prometeu. A única privatização, a da Eletrobras, é a pior da história.

Não existe, na minha opinião, uma justificativa para a permanência de Bolsonaro no poder.

Mas Bolsonaro reforça nos últimos dias seus feitos na economia como grandes trunfos... Não vejo quais foram os seus grandes feitos. Até as contas públicas, que parecem melhores, não estão. Congelar salário de funcionalismo e deixar a inflação acontecer é um truque antigo, que o Brasil já fez muitas vezes. No entanto, depois, o combate à alta de preços tira o ganho inflacionário da receita, e o funcionalismo pressiona pelo aumento.

A reforma administrativa, que é a maneira efetiva para dar eficiência aos gastos do Estado, também não foi feita por Bolsonaro. Sem isso, não há redução permanente do déficit público.

São essas duas razões, então? Tem mais uma. Voto também no Lula por causa da minha preocupação com o ambiente. Eu tenho a esperança que a gente vai deixar de ser um pária entre as nações mais desenvolvidas quando Bolsonaro sair.

Faz parte da nossa responsabilidade perante o mundo, como parte da humanidade, zelar pela preservação do ambiente. Por outro lado, o Brasil tem uma oportunidade extraordinária quando se observa essa questão em nível internacional: atrair investimentos externos para se tornar uma potência ambiental, um líder.

Essa questão transcende o ambiente, é uma questão de posicionamento como nação.

Não teremos isso no governo Bolsonaro. Ele foi uma decepção para quem acreditou nele, mas não foi o meu caso, porque eu não acreditei.

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