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Rede de supermercados de MG é acusada de assédio eleitoral; veja vídeo

Evento em Itajubá teve participação de prefeito, que pediu voto em Bolsonaro

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São Paulo

Uma rede mineira de supermercados é acusada de cometer assédio eleitoral em prol de Jair Bolsonaro (PL).

A denúncia ganhou corpo após uma reunião realizada na quarta (26) num hotel de Itajubá (MG), sob comando de Marcos Alvim e Cibele Maglioni, proprietários do Supermercado Alvorada. O prefeito da cidade, Christian Gonçalves (DEM), foi convidado a discursar e, diante de dezenas de contratados, fez uma fala em apoio ao presidente, que disputa a reeleição.

Juiz eleitoral defende o direito de votar em branco ou anular o voto
Urna eletrônica - Abdias Pinheiro/Secom/TSE - Divulgação

No encontro, gravado por um dos trabalhadores, Gonçalves pediu "voto ao 22" para impedir que o rival do presidente no segundo turno, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmando que o petista transformaria o Brasil na Venezuela e liberaria aborto e drogas —a campanha petista não tem propostas nesse sentido.

O vídeo da reunião foi usado por um vereador local, Pedro Gama (PV), para protocolar no mesmo dia denúncias ao Ministério Público Eleitoral e ao Ministério Público do Trabalho contra o prefeito e os proprietários da rede, que tem 17 lojas no sul de Minas.

Nas peças, Gama acusa Gonçalves de dizer "diversas mentiras, buscando coagir os funcionários a votarem no candidato Bolsonaro".

Numa rede social, o prefeito diz ser alvo de "acusações levianas" e afirma que vai tomar "medidas cabíveis contra politiqueiros de esquerda que tentam cercear" seu direito de expressão.

A Folha enviou mensagens e telefonou para a empresa, mas não conseguiu falar com os donos do Alvorada.

Na palestra em questão, o prefeito afirmou que o petista, se vitorioso, usurparia dias de trabalho dos funcionários para financiar sindicatos. Lula já declarou ser contra a volta do imposto sindical, extinto na reforma trabalhista de 2017.

Gonçalves disse que o plano do PT agora é subtrair "dois dias e meio de salário seus, de suor seus", para irrigar os sindicatos. Não há nenhuma proposta do partido sobre isso.

A denúncia apresentada às Justiças trabalhista e eleitoral diz que os trabalhadores do Alvorada deixaram seus postos trabalho e dirigiram-se ao hotel para participar de um suposto treinamento. Chegando lá, depararam-se com a fala do prefeito, de alta voltagem política.

Gonçalves disse a eles que Lula "não fala isso, mas defende o aborto, defende a liberação das drogas, defende uma série de questões que ele não fala". Propôs então: "Eu queria que vocês refletissem, avaliassem e pensassem".

Sugeriu que o atual presidente tem falhas, mas é a melhor opção na mesa. "O Bolsonaro é espetacular? Não, fala um tanto de besteira, tem muita coisa que eu discordo dele. Mas não vou casar com ele, gente."

Logo no começo do discurso, o prefeito questionou se alguém sabia qual havia sido o resultado do primeiro turno em Roraima, estado que faz fronteira com a Venezuela. Lembrou que Bolsonaro ganhou de lavada lá —teve 69,5% dos votos— e disse que isso aconteceu porque as pessoas temem a "venezuelização" do país sob um governo Lula.

Ele afirmou que há no país vizinho "pessoal pegando comida no lixo, até o ponto de comer os próprios animais de estimação porque não têm o que comer", e que "grande parte do povo venezuelano tá saindo de lá, e querem colocar isso aqui no nosso Brasil".

As gravações de sua fala passaram a circular na internet, e Gonçalves fez um post para se defender do que define como "um vídeo da esquerda me acusando de crime eleitoral".

"Quero falar pra vocês que tenho, sim, me manifestado", afirma. "Na verdade, é isso o que incomoda, o prefeito da cidade de Itajubá ter tomado partido em prol do nosso Brasil."

Ele não trata do fato de que a acusação refere-se ao fato da manifestação ter acontecido num encontro para funcionários, o que pode caracterizar assédio eleitoral.

"Gravíssimo é o que esses politiqueiros de esquerda querem fazer com o nosso Brasil e a nossa Itajubá", continua. Para o prefeito, o que ele fez foi apenas expressar seu "direito constitucional, como cidadão", de defender Bolsonaro.

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