Descrição de chapéu inflação

Cesta básica volta a subir com batata e tomate mais caros

Inflação foi de 0,27% em outubro e de 16,17% em 12 meses, diz estudo

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Rio de Janeiro

Depois de dois meses em queda, o índice de inflação da cesta básica voltou a subir no Brasil, aponta estudo de professores da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).

O indicador teve alta de 0,27% em outubro. O avanço veio após deflação (baixa) de 1,88% em agosto e de 3,47% em setembro.

No acumulado de 12 meses, a cesta básica ainda registra inflação de dois dígitos, apesar da desaceleração recente. A alta foi de 16,17% até outubro –o avanço era de 18,84% até o mês anterior.

Isso significa uma elevação de preços muito acima do indicador oficial de inflação do Brasil. Em 12 meses, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 6,47% até outubro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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Batatas à venda em feira de São Paulo; produto voltou a subir - Danilo Verpa - 3.mai.22/Folhapress

O estudo da PUCPR reúne dados de 13 alimentos da cesta básica que integram o IPCA. Oito deles ficaram mais caros em outubro, enquanto cinco mostraram recuos nos preços.

A alta mensal foi puxada pelos avanços da batata-inglesa (23,36%) e do tomate (17,63%), indica o economista Jackson Bittencourt, coordenador do curso de ciências econômicas da PUCPR.

A dupla, diz o professor, ainda é impactada pelo aumento dos custos de produção e pelo clima adverso ao longo do ano.

"Batata e tomate foram os dois grandes vilões de outubro. Subiram de maneira expressiva e jogaram novamente a inflação para cima", afirma.

A farinha de mandioca (3,64%) foi outro destaque do lado das altas. Já as principais quedas em outubro vieram do leite longa vida (-6,32%), do feijão-carioca (-3,55%) e do óleo de soja (-2,85%).

No acumulado de 12 meses, 11 produtos registraram alta até outubro. Os maiores aumentos foram verificados no café em pó (31,93%), no leite longa vida (30,50%), na banana-prata (28,98%) e na batata-inglesa (28,58%). As únicas quedas foram constatadas no tomate (-21,99%) e no arroz (-4,66%).

"A população que ganha até um salário mínimo ou dois está passando por dificuldades enormes para comprar uma cesta básica. As pessoas estão substituindo os itens", avalia Bittencourt.

Em outubro, o preço da cesta básica aumentou em 12 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

As altas mais expressivas ocorreram em Porto Alegre (3,34%), Campo Grande (3,17%) e Vitória (3,14%). As reduções mais intensas foram localizadas em Recife (-3,73%), Natal (-1,40%) e Belém (-1,16%).

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em média, 58,78% do rendimento para adquirir os alimentos em outubro, diz o Dieese.

O percentual ficou acima do verificado em setembro (58,10%). Um ano antes, em outubro de 2021, a proporção estava em 58,35%.

Cesta abaixo de R$ 600 só em cinco capitais

Às vésperas das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) apostou na ampliação do Auxílio Brasil para R$ 600 como forma de mitigar os impactos da carestia entre os mais pobres.

Agora, a equipe de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que venceu a disputa nas urnas, busca espaço fiscal para bancar o benefício a partir de 2023. O programa deve voltar a se chamar Bolsa Família no novo governo petista.

Apenas 5 das 17 capitais analisadas pelo Dieese tiveram cesta básica abaixo de R$ 600 em outubro. Todas ficam na região Nordeste: Natal (R$ 573,40), Salvador (R$ 562,59), João Pessoa (R$ 559,57), Recife (R$ 558,40) e Aracaju (R$ 515,51).

Porto Alegre, por outro lado, foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 768,82), conforme o Dieese. São Paulo (R$ 762,20), Florianópolis (R$ 753,82) e Rio de Janeiro (R$ 736,28) vieram em seguida.

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