Comércio em São Paulo tem mais vendedores que clientes na manhã da Black Friday

Consumidor junta dinheiro desde janeiro para equipar a casa recém-reformada

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São Paulo e Ribeirão Preto

As cenas de lojas invadidas por uma multidão de pessoas não foram comuns na Black Friday de São Paulo deste ano. No começo da manhã, o Magazine Luiza da marginal Tietê e as Casas Bahia da praça Ramos tinham mais funcionários do que clientes, assim como lojas da rua da Direita, no centro da capital paulista, visitadas pela reportagem.

Parte dos consumidores passou a comprar online nos últimos anos. Neste ano, 11% pretendiam comprar na loja física, segundo levantamento do Reclame Aqui feito entre 11 e 13 de novembro, com 13,7 mil usuários. O número é dois pontos percentuais maior do que no ano passado.

Segundo levantamento da Confi.Neotrust e da ClearSale, da meia-noite de quinta-feira (24) até a manhã desta sexta-feira (25), o ecommerce brasileiro já havia movimentado mais de R$ 1,1 bilhão, com ticket médio de R$ 547. Em comparação com o mesmo período do ano passado, as variáveis caíram 42,7% e 13,7%, respectivamente.

Considerando o mês, a diferença é menor. Em novembro, até agora, o ecommerce já movimentou R$ 13,3 bilhões —número 1,6% menor do que em 2021.

Movimentação de consumidores e vendedores na loja Magazine Luiza, da Marginal Tietê, em São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Entre os que preferem ir na loja física está o manobrista José Ribeiro Santos, 31. Ele saiu de sua casa em Pari, zona leste de São Paulo, às 7h desta sexta, para ir ao Magazine Luiza e ser um dos primeiros a entrar.

"Desde o começo do ano, a gente se programou para comprar na Black Friday. Estamos em reforma em casa", afirmou.

José foi um dos primeiros da fila e comprou uma cama queen, um armário e uma máquina de lavar roupas. Ao todo, gastou cerca de R$ 3.800, e acredita ter economizado R$ 1.600, de acordo com suas pesquisas.

Embora seja assíduo na Black Friday todos os anos, este foi o ano em que mais gastou na data. "Nas outras edições, compramos jogo de panela, jogo de jantar. Foi a vez em que eu mais gastei, porque a gente se programou melhor", afirma.

O manobrista disse estar satisfeito com as compras, as promoções e especialmente com a forma de pagamento — motivação de sua ida à loja física. Segundo ele, no estabelecimento foi possível negociar o início do pagamento apenas para fevereiro de 2023.

Já a dona de casa Ana Paula Damaceno, 32, não saiu tão satisfeita de suas compras, nas Casas Bahia. "As coisas não estão tão baratas, mas dá para levar", afirmou. Ela comprou um jogo de panelas por cerca de R$ 500, e ainda vai tentar aproveitar promoções nos próximos dias.

Ana Paula costuma fazer compras online, mas prefere ir à loja física em alguns casos.

"Online pode vir com defeito. Fica essa dúvida, se vai vir igual ou não", afirma. "Tem coisas que eu compro e não vem do jeito que eu quero."

Também nas Casas Bahia, o produtor Fábio de Sá, 49 —conhecido como Leny— comprou uma Air Fryer pela manhã. A sua ideia era comprar o modelo de 3 litros e um secador, mas, ao chegar na loja, viu a fritadeira elétrica de 4 litros por uma diferença de preço pequena.

"Quando eu vi que iria me apertar mais se comprasse os dois, acabei optando pela Air Fryer maior", afirmou. Uma promoção melhor, segundo ele, não mudaria sua escolha.

"Eu parcelei em dez vezes. Independentemente dos descontos, eu tenho contas de coisas anteriores", disse. Ele gastou R$ 349 no eletrodoméstico, que custava cerca de R$ 500 nas semanas anteriores, de acordo com suas pesquisas.

Acostumado a comprar pela internet, o produtor fez questão de ir a uma loja física para sair com o produto na mão e já começar a cozinhar sem óleo. "Eu fui no médico e ele falou que meu colesterol estava um pouco alto. Se eu fosse comprar em site, teria que esperar", disse.

Se não soubesse do dia de promoções, não perceberia nada de diferente na loja.

"Eu cheguei cedo, e parecia um dia normal. Tinham algumas plaquinhas de promoção, mas não senti aquele fervor de antes", afirma. "Na minha primeira compra de Black Friday da vida, um notebook na Magazine Luiza há quatro anos, eu madruguei para pegar um aparelho barato."

Até as 19h desta sexta, as categorias com maior número de ofertas nas últimas 24 horas no site Promobit eram informática, beleza e moda masculina. Aparelhos de TV lideravam o ranking, seguidos de celulares Android e notebooks.

No mesmo período, relógios e joias, games e moda masculina lideravam as promoções mais atrativas, com descontos médios de 50%, 46% e 46%, respectivamente. As ofertas duraram, em média, 5h nesse intervalo, segundo a plataforma especializada em descontos.

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