Descrição de chapéu Financial Times twitter

Elon Musk inicia demissões em massa no Twitter nesta sexta (4)

No Brasil, companhia cortou parte dos 150 funcionários, segundo jornal

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Hannah Murphy
San Francisco | Financial Times

Elon Musk iniciou uma série de demissões entre a força de trabalho de 7.500 pessoas do Twitter, de acordo com um email enviado a toda a empresa, numa drástica redução de custos que ocorre uma semana depois de o bilionário fechar a compra da plataforma de rede social por US$ 44 bilhões (R$ 224 bilhões). Funcionários nos EUA moveram ação coletiva na quinta (3) contra a companhia.

No final da manhã, Musk publicou que o Twitter teve uma queda de brusca na receita por causa da pressão de ativistas em anunciantes, embora nada ainda tenha mudado na moderação de conteúdo.

"Estão tentando destruir a liberdade de expressão nos Estados Unidos", afirmou.

No Brasil, segundo o jornal Valor, a companhia cortou parte dos 150 funcionários que mantém no país. Representantes da companhia não comentaram o assunto, mas há funcionários que não conseguem acessar o sistema interno da empresa e estão aguardando notícias.

Montagem do logo do Twitter e foto de Elon Musk - Dado Ruvic - 27.out.2022/Reuters

"Em um esforço para colocar o Twitter num caminho saudável, passaremos pelo difícil processo de reduzir nossa força de trabalho global na sexta-feira", afirmou o email, que foi recebido pelos funcionários na quinta (3).

"Reconhecemos que isso afetará vários indivíduos que fizeram contribuições valiosas para o Twitter, mas infelizmente essa ação é necessária para garantir o sucesso da empresa no futuro."

O email não esclareceu a escala da redução do quadro de funcionários. O New York Times, porém, afirma que quase metade da força de trabalho da empresa, ou cerca de 3.700 funcionários, foi dispensada, citando fontes com conhecimento do assunto.

Na noite de sexta, o bilionário afirmou em seu perfil no Twitter que "não há escolha" além dos cortes de funcionários quando a companhia está perdendo US$ 4 milhões por dia (R$ 20 milhões por dia). Disse, ainda, que a empresa ofereceu três meses de indenização aos trabalhadores demitidos.

Em um sinal de que os cortes começaram, um funcionário disse que muitos deles perderam o acesso a suas contas corporativas e emails no aplicativo Slack na noite de quinta-feira (3).

Os trabalhadores que perderam o emprego foram instruídos a esperar um email em sua caixa de entrada pessoal, enquanto aqueles que ficaram seriam notificados pelo email corporativo, de acordo com a mensagem geral no Twitter.

O próprio Twitter se encheu de funcionários anunciando sua saída, com colegas muitas vezes respondendo com um emoji de coração azul, numa demonstração de apoio. "Estou oficialmente fora", escreveu Irene Font Peradejordi, pesquisadora do Twitter.

Ned Miles, o líder para percepção de público no Reino Unido, escreveu: "Não tenho nada esperto para dizer, estou simplesmente devastado –pessoalmente, e pela magnífica cultura e empresa que construímos juntos e agora acabou. Eu amo vocês todos".

Uma ação coletiva foi movida na quinta-feira contra o Twitter por funcionários nos Estados Unidos. Eles argumentaram que a empresa estava realizando demissões em massa sem fornecer o aviso-prévio de 60 dias, violando leis norte-americanas.

As demissões encerrarão uma caótica primeira semana no Twitter sob o comando de Musk, durante a qual o homem mais rico do mundo reformulou a equipe de direção, pediu aos funcionários que trabalhem 24 horas por dia em novos produtos e discutiu publicamente planos para agitar a empresa em sua conta pessoal no Twitter.

Houve turbulência dentro da firma durante meses desde que Musk fez sua primeira oferta de compra, antes de tentar desistir do acordo, zombando publicamente de sua equipe. Após uma séria batalha jurídica, o negócio foi fechado na quinta-feira da semana passada (27), com Musk pagando sua oferta original de US$ 54,20 por ação (cerca de R$ 276 hoje).

Musk não escondeu seus planos de reformular o Twitter, que há muito é criticado por seu ritmo lento em inovação de produtos. Ele afirmou anteriormente que poderia cortar empregos e custos para tornar o Twitter "saudável", e na semana passada tuitou: "Parece haver dez pessoas 'gerenciando' para cada pessoa codificando".

O email de quinta-feira dizia que os escritórios do Twitter fechariam temporariamente e todo o acesso por crachá seria suspenso na sexta, "para ajudar a garantir a segurança de cada funcionário, bem como dos sistemas do Twitter e dados de clientes".

Os funcionários responderam mais cedo inundando o canal do "bebedouro" da empresa no Slack, um grupo de mensagens informal dos empregados, de acordo com um deles.

Antes do email, funcionários do Twitter no Blind, um fórum para funcionários de tecnologia postarem anonimamente, compartilharam sua decepção com o estilo de gestão de Musk.

Um deles descreveu as condições de trabalho atuais como um "cenário de pesadelo que não vai parar", acrescentando: "Por favor, me demita". Outro comentário pedia que as demissões fossem rápidas: "É uma tortura psicológica neste momento".

Tradução de Luiz Roberto Gonçalves

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