Bolsonaristas atacam polícia com tiros e pedras em bloqueio antidemocrático; veja vídeo

Confronto ocorreu em Novo Progresso (PA); em SC, manifestantes usaram barras de ferro contra policiais

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Manaus e Porto Alegre

Bolsonaristas que fazem manifestações antidemocráticas em rodovias contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência atacaram a Polícia Rodoviária Federal (PRF) nesta segunda (7). Os confrontos ocorreram em Novo Progresso (PA) e Rio do Sul (SC), quando agentes tentavam desmobilizar alguns dos poucos bloqueios que ainda permanecem no país.

Em Novo Progresso, localizada no sudoeste do Pará, os bolsonaristas atacaram a polícia com pedras e tiros para impedir o desbloqueio do km 312 da BR-163. Todos os carros usados pela PRF saíram danificados da ação, segundo a polícia.

A principal forma de agressão utilizada foi o apedrejamento. Pelo menos três viaturas foram perfuradas por balas, conforme informação da assessoria da corporação.

Manifestantes atacam PRF em ato antidemocrático em Novo Progresso (PA) - Reprodução

Vídeos do confronto que circulam pelo WhatsApp, cuja autenticidade foi confirmada pela PRF, mostram manifestantes atacando os veículos com pedras, paus e disparos, comemorando os ataques e dizendo em tom de deboche que a atuação dos policiais não é bem-vinda no local.

Policiais rodoviários com atuação no Pará afirmam que vários grupos participam e financiam as interdições nas rodovias.

Há a suspeita de que, entre esses grupos, estão garimpeiros e proprietários de equipamentos para exploração ilegal de ouro em terras indígenas, uma prática comum na região de Novo Progresso.

Bolsonaro incentivou o garimpo de ouro em terras indígenas durante os quatro anos de seu mandato. Já Lula afirmou durante a campanha que a exploração não será tolerada, o que desagrada quem explora direta ou indiretamente a atividade ilegal.

Os bolsonaristas se armaram de paus e pedras, e a PRF respondeu com bombas de gás lacrimogêneo lançadas nas barracas que garantem a logística do acampamento.

Com a danificação dos carros da polícia e a necessidade de recuo, os manifestantes comemoraram a saída momentânea da PRF. "Arregaram, aqui é Novo Progresso", gritavam.

A PRF disse à Folha que já identificou 18 pessoas que participaram dos ataques aos agentes da força de segurança. Os nomes serão encaminhados para o Judiciário para a confecção de mandados de prisão.

Os vídeos mostram viaturas com para-brisas quebrados, latarias apedrejadas e pneus estourados, deixando a área do protesto antidemocrático. Caminhões interditam a rodovia.

"A respeito dos recentes vídeos divulgados em redes sociais sobre a ação da PRF em Novo Progresso, cumpre esclarecer que a operação tem o objetivo de desbloquear um trecho da rodovia federal (BR-163) que está sendo obstruído por manifestantes", disse a polícia no Pará, em nota.

Em um dos vídeos, uma criança é carregada por um adulto durante o confronto. "A criança que aparece nas imagens passou mal, foi socorrida pelos policiais rodoviários federais, levada ao pronto atendimento, passa bem e já recebeu alta médica. Na mesma ocorrência, um policial rodoviário federal acabou sendo ferido pelos manifestantes", diz a nota.

O ponto bloqueado é um dos poucos remanescentes do movimento de bolsonaristas para obstruir rodovias no país, numa reação antidemocrática à vitória de Lula. Após um pico no início da semana passada, após o segundo turno, os atos refluíram e persistem nesta segunda apenas em alguns pontos localizados.

Em Santa Catarina, também houve confronto entre bolsonaristas e a PRF. Os manifestantes atacaram os agentes com barras de ferro e cadeiras, após o desbloqueio da BR-470, no trecho em Rio do Sul.

Dois agentes tiveram lesões leves na cabeça e nos braços. O capacete de um deles ficou amassado por um golpe de uma barra de ferro. Um homem de 37 anos foi preso. A rodovia voltou a ser bloqueada e a PRF solicitou apoio da Tropa de Choque da Polícia Militar no local.

Esse é o último bloqueio no estado, que chegou a ter mais de 30 interdições na semana passada.

Vídeos em redes sociais mostram imagens do confronto, com manifestantes de verde e amarelo mascarados respondendo com agressões e insultos à abordagem dos agentes. É possível ver cadeiras e uma churrasqueira sendo arremessados em direção aos policiais.

À distância, outros agentes atiram bombas de gás lacrimogêneo nos manifestantes.

Bolsonaro ficou silêncio nos primeiros dias dos atos antidemocráticos, enquanto apoiadores incitavam o movimento nas redes sociais. Apenas na quarta, três dias após a derrota, o presidente postou um vídeo pedindo aos manifestantes para desobstruírem as estradas, de forma que fosse respeitado o direito de ir e vir das pessoas.

A atuação da PRF para interromper as interdições passou a ser investigada pelo MPF (Ministério Público Federal), após vídeos circularem nas redes sociais mostrando conivência de agentes com as ações. A suspeita é de omissão.

O diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, é investigado também por um suposto impedimento de eleitores do Nordeste de se deslocarem no dia do segundo turno.

A desinterdição das vias só ganhou mais fôlego a partir da ação do STF (Supremo Tribunal Federal), que validou a ação das polícias militares nos bloqueios, e do vídeo de Bolsonaro direcionado aos manifestantes.

A ação se concentrou, então, em batalhões e comandos do Exército.

Colaborou Raquel Lopes

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