Lula diz que pessoas são levadas a sofrer por estabilidade fiscal e critica teto de gastos

Em discurso, petista afirma ainda que Petrobras não vai ser fatiada e que BNDES voltará a ser banco de investimento

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Brasília

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou nesta quinta-feira (10) o teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas à inflação, e as políticas de austeridade fiscal.

Lula fez um discurso a parlamentares de partidos aliados no auditório do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do governo de transição.

"Por que pessoas são levadas a sofrer para garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas dizem que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso ter teto de gastos?", disse. "Por que a gente não estabelece um novo paradigma?"

O mercado financeiro reagiu nesta quinta à fala do presidente diante de temores sobre a agenda fiscal do governo eleito. Investidores também digeriam os dados do IPCA de outubro, que mostravam uma aceleração da inflação no país. Por volta das 13h30, o dólar comercial à vista disparava 3,14%, cotado a R$ 5,3490. O Ibovespa, índice referência da Bolsa de Valores brasileira, tombava 2,67%, aos 110.536 pontos.

Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em encontro com parlamentares aliados e integrantes da equipe de transição - Ueslei Marcelino/Reuters

Lula afirmou que "algumas coisas encaradas como gastos nesse país vão passar a ser vistas como investimentos."

"Não é possível que se tenha cortado dinheiro da Farmácia Popular em nome que temos de cumprir a meta fiscal, cumprir a regra de ouro. Sabe qual é a regra de ouro nesse país? É garantir que nenhuma criança vá dormir sem tomar um copo de leite e acorde sem ter um pão com manteiga para comer todo dia."

O presidente eleito disse ainda que a Petrobras não será fatiada, descartou privatizar Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil e disse que BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) voltará a ser banco de investimento.

"Nosso compromisso é muito simples: é reconstruir esse país", afirmou. "A democracia está de volta, a civilidade está de volta. Esse povo vai ser ouvido, esse povo vai ter o direito de dar palpite naquilo que temos de fazer."

"Quero dizer para vocês que as empresas públicas brasileiras serão respeitadas. A Petrobras não vai ser fatiada. Quero dizer que o Banco do Brasil não vai ser privatizado, a Caixa Econômica [também não]", afirmou. "E o BNDES, o BRB [Banco Nacional de Brasília] e o Basa (Banco da Amazônia) voltarão a ser banco de investimento, banco de investimento inclusive para pequenos e médios empreendedores."

Ele lembrou ainda que o Simples Nacional foi criado durante seu governo, assim como o financiamento da securitização da dívida dos agricultores. "Então quando as pessoas falam 'ah, mas os ruralistas não estão com bronca?', eu quero conversar para saber qual é a bronca", complementou.

O petista também criticou a reforma da Previdência do governo de Jair Bolsonaro (PL) e as mudanças na legislação trabalhista feitas na gestão do ex-presidente Michel Temer.

O presidente eleito falou ainda sobre sua participação na COP 27, conferência da ONU sobre mudanças climáticas. "Já vou ter no Egito mais conversas com lideranças mundiais em um único dia do que o Bolsonaro teve em quatro anos. Uma das coisas que vamos fazer é recolocar o Brasil no centro da geopolítica internacional", disse. "Vocês não têm noção da expectativa que o Brasil está gerando no mundo."

"A expectativa é tão grande que em um único dia eu recebi 26 telefonemas, coisa que o Bolsonaro talvez não tenha recebido nenhum", ironizou. "Eu não quero arrumar inimigos. Eu não quero guerra, quero paz. Eu não quero ódio, eu quero amor. Eu não quero armas, eu quero cultura e quero livro. Eu não quero cadeia, eu quero escola. É esse país que eu peço a vocês: me ajudem a construir."

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