Petrobras prevê R$ 405 bi em investimentos em último plano sob Bolsonaro

Estratégia, porém, será revista por Lula, que quer empresa em áreas abandonadas por gestões anteriores

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Rio de Janeiro

Em seu último plano estratégico sob o governo Jair Bolsonaro (PL), a Petrobras prevê investimentos de US$ 78 bilhões (R$ 405,6 bilhões) em cinco anos e reforça seu foco na exploração de grandes reservas do pré-sal, deixando de lado negócios como refino ou energias renováveis.

O plano, porém, será revisto pelo governo Lula, que quer uma Petrobras mais integrada, com a retomada de investimentos em refinarias e se preparando para a transição energética, e foi divulgado nesta quarta-feira (30) apenas para cumprir formalidade legal.

O documento dá continuidade à estratégia adotada pela gestão da Petrobras desde o primeiro presidente sob Bolsonaro, Roberto Castello Branco, que acelerou a venda de ativos da estatal e privilegiou o pagamento de elevados dividendos aos acionistas.

Fachada de prédio da Petrobras no Rio de Janeiro - Sergio Moraes 16.out.2019/Reuters

O plano, diz a empresa, "demonstra o compromisso da Petrobras de ser uma companhia focada na geração de valor, com capacidade de investir, gerar empregos, pagar tributos e distribuir os seus ganhos para a sociedade e seus acionistas".

"A companhia segue a trajetória de ser uma empresa cada vez mais saudável, sólida e resiliente, contribuindo para a geração de energia confiável e eficiente e para um mundo ambientalmente sustentável."

O volume de investimentos previstos é 15% superior ao do plano anterior, divulgado no fim de 2021. Além desse valor, a empresa prevê gastar outros US$ 20 bilhões (R$ 140 bilhões) com aluguel de plataformas.

Do total de investimentos previstos, 83% seriam destinados a exploração e produção. As áreas de refino e gás e energia, com 12%. Outros 2% seriam gastos em comercialização e logística e 3% com despesas corporativas.

O plano prevê aumento de 19% na produção de petróleo e gás entre 2023 e 2027, um dos únicos valores que não deve sofrer grande alteração sob Lula, já que projetos desse tipo demandam anos para entrar em operação.

Ao fim do plano, a produção da estatal será de 3,1 milhões de barris de óleo equivalente.

Para sustentar os investimentos, a direção da empresa conta com a venda de entre US$ 10 bilhões (R$ 52 bilhões) e US$ 20 bilhões (R$ 104 bilhões) em ativos, outro número que será revisto pela gestão petista, que já anunciou que quer a empresa de volta em setores que hoje estão à venda.

A equipe de transição do governo Lula já pediu à direção da Petrobras para suspender processos de venda de ativos que ainda não tenham atingido a fase de impor penalidades por recuo da estatal. Dois deles, em fase adiantada, foram concluídos nesta quarta, segundo a estatal.

O primeiro é a venda da refinaria de Manaus ao grupo Atem. O contrato havia sido assinado em agosto de 2021, mas a operação dependia ainda de aprovações por órgãos reguladores. O negócio rende à Petrobras US$ 257,2 milhões (R$ 1,3 bilhão).

"Todo o processo levou mais de três anos para ser concluído e seguiu rigorosamente a Sistemática de Desinvestimentos da companhia, tendo sido aprovado em todas as instâncias da governança corporativa da Petrobras", disse a empresa, em nota.

O segundo foi a venda de 5% do campo de Búzios, o maior do país, à chinesa Cnooc, que já tinha percentual semelhante do contrato —adquirido no primeiro leilão do pré-sal, realizado em 2013 pelo governo Dilma Rousseff (PT).

A operação é decorrente de uma opção de compra exercida por subsidiária da Cnooc em setembro de 2022 e rendeu à estatal R$ 10,3 bilhões. Após a venda, a Petrobras fica com 85% do projeto. Outros 5% são da Cnooc .

O coordenador da equipe de transição, Maurício Tolmasquim, disse que a direção da Petrobras foi "colaborativa". A reunião, no entanto, terminou sem definição sobre venda de ativos ou sobre a mudança no comando da companhia.

Nesta quarta, Tolmasquim disse em evento no Rio de Janeiro que a decisão pela revisão do plano de negócios será tomada pelo novo comando da Petrobras, ainda não indicado pelo presidente Lula. "Eles vão analisar, ver se estão de acordo e, se não estiverem, vão fazer outro plano."

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