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PRF sai de rodovia sem cumprir decisão judicial de desbloquear pista em SC

De 15 viaturas pela manhã, restam apenas uma; golpistas pedem para imprensa se afastar de pista

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Fábio Bispo
Palhoça (SC)

O efetivo da Polícia Rodoviária Federal que estava posicionado para cumprir a ordem judicial e desmobilizar bloqueio da BR-101 em Palhoça, na grande Florianópolis, deixou o local sem cumprir a decisão da Justiça de Santa Catarina.

Com a saída dos agentes, os manifestantes do ato antidemocrático, contrários à derrota no segundo turno de Jair Bolsonaro (PL) no domingo (30), avançaram com os pontos de bloqueio nas imediações da rodovia.

pista vazia, com fila de caminhoes em pista ao lado e bandeira do brasil ao fundo
Pista esvaziada, sem viatuaras da PRF, na BR-101 em Palhoça (SC); manifestantes golpistas bloqueiam pista mesmo após determinação judicial - Fabio Bispo/Folhapress

Cerca de 200 pessoas estavam no local até o início da noite desta terça-feira. O grupo impediu a imprensa de se aproximar.

Decisão publicada na madrugada autoriza o uso das forças de segurança e estabelece multa de R$ 10 mil para os manifestantes que a descumprirem.

A juíza Luciana Pelisser Gottardi Trentini, do plantão judiciário, atendeu ao pedido do governo de Santa Catarina e, na madrugada, determinou que sejam desbloqueadas as rodovias estaduais catarinenses que estão com tráfego obstruído pela ação de manifestantes.

O documento autoriza que o poder público "adote todas as medidas necessárias e suficientes ao resguardo da ordem no entorno e, principalmente, à segurança dos pedestres, motoristas, passageiros e dos próprios participantes do movimento, inclusive mediante o emprego da força pública".

Pelas marginais da BR-101, o grupo está liberando o trânsito local, mas os manifestantes controlam quem passa. Já as vias principais da BR estão bloqueadas completamente pelos veículos, nos dois sentidos.

Os manifestantes ameaçam profissionais da imprensa que trabalham no local. "Ninguém está autorizado a falar com a imprensa em nome do movimento. Eles estão mentindo sobre nossa manifestação, que é pela liberdade", afirmou Amarildo dos Santos, uma das lideranças, no microfone.

Pela manhã, viaturas da PRF reforçaram o patrulhamento no ponto do bloqueio. Eram cerca de 15 veículos.

A reportagem acompanhou a conversa de policiais com parte do grupo golpista, que foi orientado a cumprir a decisão judicial e deixar pacificamente o local.

Apesar de a decisão já valer desde a madrugada, agentes sugeriram um prazo informal, até 13h, para manifestantes liberarem as pistas. Amarildo dos Santos teria se comprometido com os agentes a cumprir o novo prazo estabelecido. A polícia chegou a informar que teria que usar a força caso o acordo não fosse cumprido.

A tropa de choque da PRF esteve no ponto de bloqueio pela manhã, mas deixou o local às 13h. Passado o prazo informal das 13h, porém, o grupo de golpistas não retirou os caminhões das pistas da BR-101. A polícia não interveio e, pela tarde, deixou o local com apenas uma viatura.

Questionada sobre o abandono da rodovia, a superintendência da PRF em Santa Catarina não se manifestou.

O grupo está desde a noite de domingo (30) no mesmo local, em frente a uma loja da Havan, rede do empresário bolsonarista Luciano Hang, que tem funcionado como ponto de apoio aos manifestantes. Uma rede de supermercados também oferece apoio ao grupo distribuindo suprimentos.

Liderança de bloqueio foi aliado de Zé Trovão em protestos de 2021

Amarildo dos Santos se apresenta nas redes sociais como investigador particular, veterano do Exército e líder do Movimento Verde e Amarelo, de apoio a Bolsonaro. Durante as manifestações de setembro de 2021, ele ofereceu passagem gratuita para levar manifestantes até Brasília. Na época, atuou junto com Zé Trovão, eleito deputado federal por Santa Catarina.

Para os manifestantes, Amarildo chegou a ler um documento falso, supostamente uma ordem de prisão contra o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Os manifestantes presentes vibraram com a notícia falsa.

Procurado pela reportagem, ele se recusou a dar entrevista.

O Movimento Brasil Verde e Amarelo é formado pela união de mais de cem associações e sindicatos ligados ao agronegócio. O grupo esteve à frente de manifestações a favor do governo Bolsonaro e nacionalmente é liderado pelo produtor de soja Antonio Galvan.

Galvan foi alvo de busca e apreensão pela PF por liderar atos pregando a invasão do Congresso e a deposição dos ministros do STF. Ele ficou em segundo lugar na disputa ao Senado pelo PTB do Mato Grosso.

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