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Corretoras têm saques recordes de criptomoedas

Investidores tiram recursos à medida que o colapso da FTX desperta temores sobre segurança de ativos

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Nikou Asgari
Londres | Financial Times

Os investidores estão sacando níveis recordes de bitcoin das exchanges de criptomoedas, à medida que o colapso da FTX de Sam Bankman-Fried desperta temores sobre a segurança de seus ativos.

A FTX, que já foi a queridinha da indústria cripto, entrou com pedido de proteção contra falência em meados de novembro, depois que um buraco de US$ 8 bilhões surgiu em seu balanço.

O novo executivo-chefe, John Ray, descreveu a falta de gerenciamento básico de riscos e Bankman-Fried admitiu fracos controles internos. Sua rápida queda alarmou os investidores que mantêm e negociam ativos em outras cripto exchanges centralizadas, levando a níveis recordes de saques de bitcoin, o token criptográfico mais negociado. A FTX faliu no mês passado com potencialmente mais de 1 milhão de credores, incluindo muitos que deixaram ativos na Bolsa.

Foto de Samuel Bankman-Fried e do logo do FTX - Stefani Reynolds - 13.nov.2022/AFP

No mês passado, os investidores retiraram 91.363 bitcoins, no valor total de quase US$ 1,5 bilhão, com base no preço médio de novembro de cerca de US$ 16.400, de exchanges centralizadas, incluindo Binance, Kraken e Coinbase. Isso marcou a maior saída de bitcoin já registrada, de acordo com dados da CryptoCompare.

Não está claro se as moedas estão sendo vendidas ou movidas para carteiras privadas.

A pressa para sair ocorre quando o preço do bitcoin caiu 64% este ano e está sendo negociado atualmente em torno de US$ 17 mil.

Os saques em outubro também foram altos, em 75.294 bitcoins, já que os traders de criptomoedas retiraram seus fundos após um verão carregado de crise que incluiu o colapso dos credores de ativos digitais Celsius e Voyager Digital.

As exchanges rivais correram para se distanciar e a suas práticas do caos dentro da FTX, num esforço para acalmar os nervos dos clientes e limitar o potencial contágio do mercado.

No entanto, as saídas recordes destacam a cautela dos investidores em relação ao bitcoin, enquanto a indústria de ativos digitais enfrenta maior escrutínio dos reguladores globais.

Nos primeiros sete dias de dezembro, 4.545 bitcoins foram retirados das exchanges centralizadas, em comparação com entradas de 3.846 bitcoins no mesmo período do ano passado, de acordo com a CryptoCompare.

Em um sinal do impacto prejudicial do colapso da FTX em suas bolsas outrora rivais, a agência de classificação de crédito Moody's colocou a nota dos títulos da Coinbase, listada nos EUA, em revisão para rebaixamento no final de novembro, citando "a probabilidade crescente de declínios sustentados nos volumes de negociação e no envolvimento do cliente, dois geradores de receita essenciais".

"A queda nos preços dos criptoativos restringirá a capacidade das empresas de levantar fundos e reduzirá a demanda dos clientes", escreveram os analistas da Moody's esta semana. Eles acrescentaram que os preços de cripto acentuadamente mais baixos "vão deteriorar a qualidade de crédito das empresas financeiras centralizadas".

"Enquanto a liquidação do bitcoin desacelera, o estrago já foi feito", escreveu esta semana Eric Robertsen, chefe global de pesquisa do banco Standard Chartered, com foco na Ásia.

Ele previu que a dificuldade para os investidores em criptomoedas continuará até 2023. "Cada vez mais empresas e bolsas de cripto se encontram com liquidez insuficiente, levando a mais falências e um colapso na confiança do investidor em ativos digitais", acrescentou.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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