Aloizio Mercadante, futuro presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anunciou nesta quarta (21) o nome de sete diretores que ocuparão postos no banco, incluindo três mulheres.

Mercadante afirmou que o perfil da nova diretoria mostra que o governo Lula não quer trazer de volta um BNDES do passado, "mas sim construir o BNDES do futuro".

Nesse sentido, as prioridades do novo BNDES serão as micro e pequenas empresas e a economia verde, segundo Mercadante. "A porta do BNDES deve ser mais ampla, mais democrática. Temos que atender melhor as pequenas empresas. No Brasil, elas respondem por 29% do PIB (Produto Interno Bruto). Em países mais desenvolvidos, essa participação chega a 70%. Tem muito espaço para crescer."

Quanto à economia verde, Mercadante afirma que o Brasil precisa ser líder mundial em incentivo a um modelo econômico mais sustentável, e que o BNDES terá um papel importante a cumprir nesse sentido.

O futuro presidente do banco afirma que outro objetivo é ajudar no processo de reindustrialização do Brasil. "A indústria respondia por 43% da carteira do BNDES, e hoje responde só por 16%. Sem indústria, não há inovação, nem geração de emprego de qualidade", disse Mercadante.

Os novos diretores anunciados são Alexandre Abreu, ex-presidente do Banco do Brasil e ex-presidente do Banco Original, José Gordon, da Embrapii, Natalia Dias, do Standard Bank, Luciana Costa, do Natixis, e Luiz Navarro, ex-ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda no governo Dilma Rousseff (PT), e Tereza Campello, ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, também na gestão Dilma. Atualmente o BNDES tem apenas uma diretora.

O anúncio foi feito em almoço com empresários da Esfera Brasil nesta quarta (21), em São Paulo, em encontro visto como tentativa de aparar arestas depois da repercussão negativa com a qual o mercado recebeu a nomeação de Mercadante na semana passada. Ao todo, devem ser nove diretores. Segundo Mercadante, um dos dois diretores que ainda serão anunciados já trabalha no BNDES atualmente.

Veja quem são os novos diretores anunciados

Alexandre Abreu: ex-presidente do Banco do Brasil e ex-presidente do Banco Original. Abreu entrou no BB em 1986 como escriturário na agência de Cariacica (ES). Além do varejo, o executivo passou pelas áreas de cartões, seguros e internet do banco. É formado em administração de empresas e tem MBA em gestão e marketing.

José Luís Gordon: doutor em economia pela IE/UFRJ , atualmente é o presidente da Embrapii. Liderou a ABDE (Associação Brasileira de Desenvolvimento), que representa os bancos de desenvolvimento. Foi diretor da Embrapii e trabalhou no MCTI, MEC e CNI.

Natalia Dias: tem quase 30 anos de atuação na área de banco de investimentos. Atua como CEO do Standard Bank Brasil desde 2018, e como diretora de Energia e Infraestrutura do Standard Bank Group para América Latina desde 2012. Ocupou posições de liderança na área de banco de investimentos em instituições como JP Morgan Chase, Bank of America Merril Lynch, ING Bank e Banif Investment Banking. Natalia é licenciada em Administração Pública pela FGV (Fundação Getulio Vargas) e tem especialização em finanças pelo Amsterdam Institut of Finance.

Luciana Costa: presidente no Brasil do Banco Francês de Investimentos Natixis, é especializada em financiamento de grandes projetos, finanças estruturadas, gestão de passivos, mercados de capitais, fusões e aquisições e finanças sustentáveis. Está no Natixis desde 2015 e trabalhou no Banco Standard de Investimentos, Banco Real ABN AMRO, Citibank, Bank Boston e Unibanco. É bacharel em Economia pela Unicamp e tem mestrado pela FGV.

Luiz Navarro: Ex-ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), foi um dos principais responsáveis pela elaboração da Lei Anticorrupção, sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2013. Era cotado para assumir a diretoria de compliance do BNDES, mas o cargo a ser ocupado ainda não foi confirmado.

Nelson Barbosa: Foi ministro da Fazenda e do Planejamento no governo Dilma Rousseff, e também atuou no governo Lula como secretário de Política Econômica e de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda. Atualmente é professor-adjunto na UnB (Universidade de Brasília). É formado em Economia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), com mestrado em Economia na mesma instituição e é doutor pela New School for Social Research, em Nova York.

Tereza Campello: Foi ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome do início do primeiro mandato de Dilma Rousseff, em 2011, até o impeachment da presidente em 2016. Atualmente é professora titular da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo). Campello é economista graduada pela UFU (Universidade Federal de Uberlândia).