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Governo faz 'declarações estapafúrdias' e afasta setor privado, diz gestora Verde

Após segunda queda da história em 2021, fundo Verde sobe quase 16% no ano passado

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São Paulo

As primeiras sinalizações do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a economia não foram bem recebidas pelos investidores.

A Bolsa fechou a primeira semana do ano em queda, enquanto os juros futuros subiram em relação ao fechamento de dezembro, mesmo com a recuperação dos mercados nos últimos dias.

Entre os gestores de fundos, o início do governo também foi visto de maneira negativa, o que levou a mudanças em estratégias de investimento para se adequar ao novo cenário projetado.

Luis Stuhlberger, CEO da gestora de recursos Verde Asset, em entrevista em São Paulo. Ele é um homem branco de cabelos escuros, óculos, camisa clara, gesticulando com a mão
Luis Stuhlberger, CEO da gestora de recursos Verde Asset, em entrevista em São Paulo - Anna Carolina Negri - 3.fev.2016/Agência O Globo

Para uma das principais gestoras de recursos do mercado local, a Verde Asset, de Luis Stuhlberger, o governo Lula tem feito "declarações estapafúrdias" e contribui para afastar os investimentos do setor privado no país.

"O novo governo parece adotar um modus operandi que lembra a frase de Azeredo Silveira sempre citada por Elio Gaspari [colunista da Folha] —"tem gente que atravessa a rua para escorregar na casca de banana que está na outra calçada"— com declarações absolutamente estapafúrdias sobre os mais variados temas, mas especialmente aqueles que dizem respeito à economia", diz a gestora com cerca de R$ 30 bilhões, em carta publicada nesta sexta-feira (6) referente ao desempenho do fundo Verde.

No documento, a gestora diz que a situação fiscal do país inspira cuidados e cautela, mas que "arroubos de vários ministros solapam diariamente a confiança que o setor privado necessita para investir e ajudar o país a crescer."

Segundo a Verde, Lula repete fórmula que já foi testada no governo da ex-presidente Dilma Rousseff e que "sabidamente levou a um desastre", só que em uma situação "substancialmente pior" do que em 2010.

A gestora diz ainda que o governo está em seu início, o que dificulta ao mercado para distinguir "ruído de sinal", mas que, ao longo dos próximos meses, os principais interlocutores serão identificados e acompanhados mais de perto.

A gestora diz ainda que o contexto global continua bastante favorável, com a "surpreendente" velocidade de reabertura da China trazendo melhora aos preços das commodities, e com sinais de enfraquecimento da inflação nos EUA reduzindo o risco de uma postura mais agressiva dos bancos centrais nas altas de juros.

É um pano de fundo favorável para mercados emergentes, "o que só reforça a visão da enorme oportunidade que está sendo desperdiçada por todo ruído e prêmio de risco adicional gerados pelo novo governo."

Na carta a Verde diz que manteve uma exposição na Bolsa brasileira, e uma que ganha com a queda das ações americanas.

A gestora trabalha também com uma posição que ganha com a alta nas projeções de inflação embutidas nos títulos negociados no mercado local, e em ouro e petróleo.

Fundo Verde reverte queda de 1,1% de 2021 com alta de 15,9% em 2022

O conhecido fundo Verde fechou 2022 com uma rentabilidade positiva de 15,9%, contra rendimento positivo de 12,3% do CDI e de 4,7% do Ibovespa.

Tendo iniciado as atividades em 1997, o fundo havia encerrado 2021 em queda de 1,1%, apenas a segunda de sua história (a primeira foi em 2008, ano da crise imobiliária nos EUA, quando caiu 6,4%).

Desde o início das atividades, em janeiro de 1997, o fundo Verde acumula rentabilidade de 21.336%, contra 2.625% do CDI.

Segundo a gestora, apostas nas altas de juros nos Estados Unidos e na Europa e na valorização do petróleo estiveram entre as principais contribuições para o resultado de 2022.

Do lado negativo, a carteira de ações no Brasil foi o detrator relevante do fundo no ano —a carteira dedicada às ações caiu 5,5% no ano passado.

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