Bolsa Família deve ter extra de até R$ 50 por adolescente e critério mais duro para família unipessoal

Houve explosão de cadastro de famílias com um único integrante durante a gestão Bolsonaro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

O novo formato do Bolsa Família deve prever um valor adicional para famílias com crianças e jovens entre 7 e 18 anos. Esse benefício extra poderá variar entre R$ 20 e R$ 50 por membro familiar nessa faixa etária.

O desenho do novo programa, que ainda ainda está em estudo pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, deve ser concluído na próxima semana.

O valor adicional por crianças e jovens entre 7 e 18 anos, portanto, poderá ser incorporado ao mínimo de R$ 600 por família e também poderá se somar ao benefício extra de R$ 150 por criança de zero a seis anos, que é uma das promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Técnicos que trabalham nos estudos e ouvidos pela Folha dizem ainda que a nova versão deverá prever critérios mais rígidos para famílias unipessoais –compostas por um único integrante.

Pessoas aglomeradas em fila, sob a sombra de árvores, numa praça ensolarada. A fila faz caracóis pelo seu grande comprimento.
Em julho de 2022, pessoas enfrentaram filas para atualizar dados no Cadastro Único, na praça Raimundo da Paz, após anúncio de aumento no Auxílio Brasil para R$ 600. - Folhapress/Mariana Moreira

Ainda na transição de governo, um dos problemas encontrados pela equipe de Lula foi a explosão de cadastros de famílias solo após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter instituído um valor mínimo a ser pago independente do tamanho da família.

Muitas dessas famílias foram motivadas a se dividir para receber um valor maior.

No Bolsa Família, o valor transferido dependia do número de filhos e faixa de renda de cada pessoa.

Uma das principais críticas de especialistas ao programa criado pelo governo Bolsonaro é a forma de cálculo do benefício às famílias pobres. O argumento é que, entre as 21,8 milhões de famílias que estão no programa, há quem precise de mais dinheiro do que outras.

Por isso, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social quer ampliar o valor do benefício para famílias com mais membros.

Além de manter o piso de R$ 600 por família, a ideia é criar, pelo menos, dois adicionais.

Assim, no caso de uma família for composta por uma criança de zero a seis anos e por dois adolescentes de até 18 anos, a renda mensal pelo programa poderá chegar a R$ 850 –soma dos R$ 600, mais o extra de R$ 150, mais dois complementos de até R$ 50 (esse último valor, porém, ainda não foi definido).

Para abrir espaço no orçamento do novo Bolsa Família, o governo intensificou a análise de cadastros que podem ser fraudulentos.

Segundo o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social), a previsão é que 2,5 milhões de benefícios possam ser cortados.

Na semana passada, a pasta habilitou a possibilidade de excluir registros de famílias com uma pessoa só no aplicativo do Cadastro Único. O objetivo seria estimular a saída voluntária de quem estiver em situação irregular para receber um segundo pagamento do Auxílio Brasil.

O lançamento do novo programa social é uma das prioridades de Lula, que quer acabar com o Auxílio Brasil e retomar o nome Bolsa Família.

Outro ponto em estudo pelo governo é a criação de um critério para dar prioridade para a entrada de famílias mais numerosas no programa. A ideia é ter uma análise mais criteriosa para as famílias solo.

Mas, para não prejudicar quem realmente precisa, o governo avalia um modelo de pontuação para as famílias unipessoais. O objetivo é verificar, por exemplo, se a pessoa não tinha família antes ou ficou sozinha após falecimento de algum familiar.

A maior suspeita de fraude é quando a família se separa para conseguir dois benefícios do programa social. O endereço da pessoa que se cadastrar para o programa também poderá ser cruzado com o de parentes.

Hoje, o Auxílio Brasil transfere um benefício mensal para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. O valor mínimo é R$ 600.

Para entrar no Auxílio Brasil, o Cadastro Único considera em extrema pobreza pessoas com renda mensal de R$ 105 por membro da família. Rendimentos entre R$ 105,01 e R$ 210 são classificados como situação de pobreza –e também se encaixam no critério.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.