Descrição de chapéu Banco Central juros

Sindicatos protestam contra BC e pedem corte dos juros

Bancários convocaram atos em frente a prédios da instituição e fizeram críticas a Campos Neto

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Rio de Janeiro

Em linha com declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sindicatos protestaram nesta terça-feira (14) contra a atuação do BC (Banco Central).

Atos realizados em capitais pediram o corte da taxa básica de juros (Selic), contestaram a autonomia do BC e chegaram a cobrar a saída do presidente da instituição, Roberto Campos Neto.

Houve registros de manifestações em frente a prédios do BC em metrópoles como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Sindicatos protestam contra a atuação do Banco Central em frente à sede da autarquia, em São Paulo - Zanone Fraissat - 14.fev.2023/Folhapress

Os protestos foram convocados por sindicatos de bancários em meio à ofensiva de Lula contra os juros altos. Na visão das entidades sindicais, a queda da Selic é necessária para estimular a atividade econômica e a geração de empregos.

Parte das imagens de divulgação dos atos desta terça, compartilhadas nas redes sociais, carregava os dizeres "Fora Campos Neto". Consultado pela reportagem, o BC optou por não comentar os protestos.

A Selic está em 13,75% ao ano. Com o temor de que os juros altos comprometam o crescimento da economia, Lula tem disparado críticas contra a atual política monetária e defendido mudanças na meta de inflação do país.

Na semana passada, Lula chamou de "vergonha" o patamar da Selic. Ele também já classificou a autonomia do BC como "bobagem" e se referiu a Campos Neto como "esse cidadão".

O discurso do presidente, contudo, vem pressionando as expectativas de inflação e a curva de juros, o que causa um efeito reverso ao pretendido.

Nesta terça, Campos Neto disse que é preciso ter "um pouco mais de boa vontade com o governo" e elogiou sua política econômica. A declaração ocorreu um dia após a participação dele no programa Roda Viva, da TV Cultura.

Durante a entrevista, Campos Neto defendeu a atuação do BC e criticou uma eventual mudança da meta de inflação, mas afirmou que fará tudo ao seu alcance para aproximar a autoridade monetária do governo.

"O investidor é muito apressado, muito afoito. A gente tem que ter um pouco mais de boa vontade com o governo, 45 dias é pouco tempo. Tem uma boa vontade enorme do ministro Fernando Haddad [Fazenda] de falar, 'olha, nós temos um princípio de seguir um plano fiscal com disciplina'. Tem um arcabouço que está sendo trabalhado, já foram elaborados alguns objetivos", disse Campos Neto durante evento do banco BTG Pactual na manhã desta terça.

O economista entrou na mira de petistas que exploram sua proximidade com políticos bolsonaristas em uma tentativa de ampliar seu desgaste.

Ex-colegas de Esplanada e ex-dirigentes do BC ouvidos pela Folha, contudo, minimizam os momentos em que Campos Neto demonstrou maior proximidade com o governo Jair Bolsonaro (PL) e dizem que sua atuação tem sido estritamente técnica à frente da instituição.

A elevação da Selic é o instrumento do BC para tentar esfriar a demanda por bens e serviços. Por meio dela, a intenção é conter os preços e ancorar as expectativas de inflação.

O efeito colateral esperado é a perda de fôlego da atividade econômica, porque o custo do crédito fica mais alto para empresas e consumidores.

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