Descrição de chapéu Financial Times Folhainvest juros

Suíça prepara medidas de emergência para acelerar fusão entre UBS e Credit Suisse

Para autoridades do país, acordo é o caminho mais viável para interromper crise

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Londres | Financial Times

Os bancos suíços Credit Suisse e UBS, juntamente com os reguladores do sistema financeiro do país, querem rapidamente fechar um acordo que viabilize a fusão entre os dois grandes concorrentes ainda na noite deste sábado, disseram pessoas familiarizadas com a situação ao Financial Times.

Para acelerar o processo, o governo da Suíça prepara medidas de emergência, de acordo com três pessoas familiarizadas com o tema. A intenção é que o acordo seja fechando antes da abertura dos mercados na próxima segunda-feira (20).

Pela regulação do mercado de capitais na Suíça, o UBS teria um prazo de seis semanas para que os acionistas deliberassem sobre a aquisição.

Segundo as fontes, o UBS deu indicações de que usaria instrumentos de urgência para aprovar a fusão sem a necessidade de votação pelos acionistas. Os detalhes ainda estão sendo trabalhados, disse uma das pessoas.

Os conselhos de administração do UBS e do Credit Suisse têm reuniões neste fim de semana para discutir possível fusão - Fabrice Coffrini/AFP

O SNB (Banco Nacional Suíço) e a Finma (Autoridade Nacional de Vigilância do Mercado Financeiro) disseram a algumas de suas contrapartes internacionais que consideram o acordo com o UBS a única opção para impedir um colapso de confiança no Credit Suisse.

Duas pessoas disseram que as retiradas realizadas por clientes no banco chegaram a 10 bilhões de francos suíços (US$ 10,8 bilhões) em apenas um dia nesta semana, à medida que aumentavam os temores sobre a capacidade financeira do Credit Suisse.

Os conselhos dos dois bancos marcaram encontros para este fim de semana. As autoridades de regulação nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Suíça tentam montar a estrutura jurídica do acordo e avaliam as várias condições impostas pelo UBS para fechar o negócio.

O UBS quer ser imunizado de qualquer eventual punição causada por violação das regras globais de estrutura de capital para grandes bancos. Além disso, o banco solicitou alguma forma de indenização ou acordo governamental para cobrir custos jurídicos futuros, disse uma das pessoas.

O Credit Suisse reservou 1,2 bilhão de francos suíços (US$ 1,3 bilhão) em provisões para demandas judiciais em 2022, e alertou que o valor necessário pode dobrar com ações e investigações regulatórias ainda não resolvidas.

UBS, Credit Suisse, SNB e Fed (Federal Reserve, o banco central americano) se recusaram a comentar. A Finma e o Banco da Inglaterra não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

A corrida por um acordo ocorre dias depois que o banco central suíço foi forçado a fornecer uma linha de crédito de emergência de 50 bilhões de francos suíços (US$ 54 bilhões) ao Credit Suisse.

Isso não impediu uma queda no preço das ações do Credit Suisse, que caíram mais de 25% na semana e atingiram as piores cotações da história, depois que o maior investidor do banco descartou fornecer mais capital, e o presidente admitiu que a corrida de clientes para sacar dinheiro continua.

As ações de outros bancos europeus também foram duramente atingidas pela crise de confiança desencadeada pelo colapso do SVB (Silicon Valley Bank) no fim de semana passado.

A possível aquisição reflete as imagens que os dois grandes bancos suíços possuem junto ao mercado atualmente. Nos últimos três anos, as ações do UBS subiram cerca de 120%, enquanto as do Credit Suisse caíram cerca de 70%.

O primeiro tem uma capitalização de mercado de US$ 56,6 bilhões, enquanto o Credit Suisse fechou o pregão de sexta-feira (17) com um valor de US$ 8 bilhões. Em 2022, o UBS gerou US$ 7,6 bilhões de lucro, enquanto o Credit Suisse teve um prejuízo de US$ 7,9 bilhões, zerando todos os ganhos acumulados em uma década.

Os reguladores suíços disseram a seus colegas dos EUA e do Reino Unido, na noite de sexta-feira, que a fusão dos dois bancos era o "plano A" para impedir um colapso na confiança dos investidores no Credit Suisse, disse uma das fontes. Não há garantia de que um acordo, que precisaria ser aprovado pelos acionistas do UBS, será alcançado.

Com o SNB e a Finma atuando para uma solução totalmente suíça para o caso, fica distante a aquisição do Credit Suisse por outros potenciais interessados.

A gigante norte-americana de investimentos BlackRock elaborou um plano para uma oferta hostil, avaliou uma série de opções e conversou com outros potenciais investidores, de acordo com pessoas informadas sobre o assunto.

Uma fusão completa entre UBS e Credit Suisse criaria uma das maiores instituições financeiras globais. O UBS tem US$ 1,1 trilhão em ativos totais em seu balanço, e o Credit Suisse tem US$ 575 bilhões. No entanto, um negócio tão grande pode ser muito difícil de executar.

O Financial Times informou anteriormente outras alternativas são consideradas, como a divisão do Credit Suisse e a captação de recursos por meio de uma oferta pública de ações somente das operações na Suíça, com as unidades de gestão de patrimônio e ativos sendo vendidas ao UBS ou outros licitantes.

O UBS está atento para uma eventual convocação pelo governo da Suíça para realizar um resgate de emergência, após a reação cautelosa dos investidores à mais recente reestruturação feita pelo Credit Suisse.

No ano passado, o presidente do Credit Suisse, Ulrich Körner, anunciou um plano para cortar 9 mil empregos e transformar grande parte de seu banco de investimentos em uma nova entidade chamada First Boston, dirigida pelo ex-membro do conselho do banco, Michael Klein.

Tradução de Renato Carvalho

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.