No BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), final do ano passado, Washington decidiu sustentar o nome indicado pelo governo Jair Bolsonaro, contra a vontade de ao menos parte do governo recém-eleito de Lula.
No Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, da sigla em inglês), Pequim e os outros Brics apoiaram ou aceitaram a troca, sem resistência aparente, assim como fez o próprio presidente-executivo indicado por Bolsonaro.
Agora a ex-presidente da República Dilma Rousseff precisará passar por outras provas, junto ao mercado e ao próprio realismo financeiro da China e até da Rússia.
Há duas semanas a S&P Global Ratings divulgou nova nota do banco, AA+, patamar que já havia atingido antes, mas agora sob o impacto da guerra envolvendo um de seus grandes acionistas, a Rússia.
Esta tratou de salvaguardar o NDB, segundo a agência de classificação de risco: "A Rússia continua a demonstrar forte apoio de acionista ao NDB, apesar das consequências da invasão da Ucrânia. Manteve-se em dia com todas as suas obrigações para com o banco".
A âncora é a China. Ainda que o discurso de Pequim esteja se aproximando cada vez mais do Sul Global, ele é acompanhado por um pragmatismo clínico de suas autoridades financeiras.
No último Congresso Nacional do Povo, duas semanas atrás, o governo chinês ganhou novo primeiro-ministro e chanceler, mas não tocou na equipe econômica, surpreendendo as especulações fora do país.
Em processo agora acelerado de expansão, o Banco do Brics equilibra países que contribuem com capital e outros que demandam infraestrutura.
Emirados Árabes Unidos e Bangladesh, por exemplo, dois dos quatro que foram acrescentados desde a criação da instituição, oito anos atrás, na cúpula de Fortaleza.
No momento, há outros cinco na fila, de nomes não revelados, embora um deles muito provavelmente seja a Indonésia, e agora Dilma terá que ir além da proximidade política no encaminhamento das postulações.
Num exemplo hipotético, para incluir a Argentina de Alberto Fernández, sem reservas e em busca de infraestrutura, precisaria trazer Cingapura, para entrar com os recursos.
Seria também o caso de não se inflamar ainda mais a retórica de Guerra Fria, crescentemente usada por Washington e rejeitada por Pequim, mas aí pode ser pedir demais.
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